9 de setembro de 2019

2019: O Rock de Brasília Vivo!


Ah que maravilha falar um pouco do Rock de Brasília!

Está todo mundo aí: Plebe Rude, Capital Inicial, Legião Urbana, Detrito Federal, Os Paralamas do Sucesso... isso pra ficar na década de 1980. Se eu for pra década de 1990, também vai ter um monte de gente ainda na ativa como Raimundos, Maskavo, DFC, Os Cabeloduro...

Ainda dos anos 1980 dá pra falar de Escola de Escândalo que voltou, fez alguns shows, gravou o repertório clássico; Elite Sofisticada, que gravou um álbum que não lança nunca; tem o Filhos de Mengele que em 2015 lançou pela Deckdisc o repertório completo em todas as plataformas digitais; e o Fallen Angel voltou a ativa agora em 2019.

Dinho logo lançará disco solo e Capital acabou de lançar ‘Sonora’; Plebe Rude prepara lançamento de ‘Evolução’, disco conceitual, duplo, com 28 faixas e que fala sobre a evolução da América.

Mesmo antes de se juntar novamente, a dupla Dado – Bonfá continuou na ativa tocando, gravando, produzindo... e até o ex-Legião Kadu Lambach – antigamente conhecido como Paraná – tem feito shows bem legais.

Como se vê, praticamente todo mundo ainda na atividade. Muito massa! É claro que ao longo desses 40 anos – a contar a partir de janeiro de 1979 quando o Aborto Elétrico fez seu 1º show – muita coisa aconteceu.

Mesmo que seja uma coisa óbvia, é bom registrar aqui que a obra dos três principais grupos dos anos 80 – Plebe, Legião e Capital – continua atual.

Dessas conhecidas, nunca escondi minha preferência disparada por Plebe Rude. Com Philippe e André conheci muitos dos grupos que fizeram me apaixonar por punk rock e pós-punk. Coisas como XTC, Stranglers, PIL, Killing Joke, 999, Suicide, Gang of Four, Ruts e outras tantas esquisitices que ouvi com eles. Das três é a que continua com sua essência: ótimos textos com sacadas irônicas e cínicas, som pesado e postura independente. É roque!

Fora que Plebe Rude continua criando sem parar. De 2006 pra cá só lançou bons discos: ‘R ao Contrário’, o DVD ‘Rachando Concreto’, ‘Nação Daltônica’ e ‘Primórdios’. Já no forno e na masterização o novo ‘Evolução’, que vai sair em 2020. Fora isso Seabra está no fim de sua autobiografia e já pensando em um disco solo (também conceitual).

Com todo respeito ao Capital Inicial – Dinho é outro cara que considero irmão – mas o grupo não faz esse rock todo que diz fazer. Vejo hoje o Capital Inicial mais pra Coldplay e Bon Jovi, do que pra Ramones e AC/DC. Vou até mais, pra que se entenda melhor essa minha colocação: em se tratando de rock, o Capital Inicial dos anos 2000 está bem distante daquele Capital Inicial dos tempos de Brasília. Tem texto que publiquei aqui rasgando o Capital em elogios e não tiro uma palavra dali, porém o tempo passou e percebi algo que, a meu ver, vai contra o próprio grupo.

Durante muito tempo, ao encontrar com o Capital ou seus integrantes por aí, sempre cutuquei perguntando de músicas antigas dos tempos de BsB, e do repertório gravado nos 80. A última vez que isso aconteceu foi durante as gravações de ‘Sonora’. Perguntei de algumas músicas que o grupo nunca gravou e nunca mais falou delas... Daí Dinho me falou: “São velhas. Por que gravá-las?”, mostrando zero possibilidade de resgatá-las.

É exatamente essa hojerizah com o velho repertório que faz o Capital Inicial estar mais ao lado do roquinho bonitinho, do que do bom e velho rock que um dia já fez de fato. Por que não tocar pérolas como “Autoridades”, “Cavalheiros”, “Prova”, “Leve Desespero”, “Sob Controle”, “Cai a Noite”, “Independência”, “Fantasmas”, “Mickey Mouse em Moscou”, “Belos e Malditos”, “Pedra na Mão”, “Fogo”... Músicas como essas que poderiam voltar com os arranjos mais pesados, agora são desprezadas. Mas algo me diz que em breve as coisas irão mudar para o lado do Capital... acho eu... enfim...

Desde que Dado e Bonfá voltaram a tocar juntos com essa banda atual, já fui a dois shows. Sem contar o divertidíssimo show com Wagner Moura, marcado por eu ter conhecido o ídolo Andy Gill nos bastidores! Pela TV realmente esse show com Wagner não foi bom – a direção da MTV se mostrou bastante incompetente nesta captação – mas quem estava no Espaço das Américas viu um showzaço inesquecível!

Achei ótimo eles voltarem a tocar. Formaram uma bandaça, chamaram André Frateschi, que manda incrivelmente bem, e estão fazendo shows muito mais próximos do que a Legião era nos tempos de Negrete, do que nos tempos chulos com banda de apoio que marcaram a década de 90. Me diverti pacas nos três shows e a fabulosa energia do público ajuda muito. O ambiente se torna uma célula única. Impressionante!

E tem Os Paralamas do Sucesso que, apesar de ser um grupo carioca, faz parte da Turma da Colina e da história inicial do Rock de Brasília. Mesmo com todos os problemas pelos quais Herbert passou, e com a enorme dificuldade que enfrenta para viajar pelo Brasil sendo um cadeirante, o grupo está aí firme e forte!

O Porão do Rock de 2015 foi bem legal porque toda essa galera se encontrou nos bastidores, e volta e meia continua se esbarrando pelos festivais, aeroportos e hotéis.

Profissionalmente tudo começou com Paralamas em 1983. Até quando essa história vai continuar ativa ninguém sabe dizer, mas o que eu posso afirmar é que, além do que será lançado ao longo dos próximos anos, ainda há muito material inédito sobre tudo isso: músicas nunca gravadas, fotos, imagens, letras, gravações das mais diversas.... e histórias! Muitas! Mas muitas histórias! E que tudo isso venha a tona, mesmo que daqui a 200 anos!

Viva o Rock da Colina! Viva o Rock de Brasília!

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