4 de julho de 2021

O Que o Punk Rock Me Mostrou

 

Já contei aqui em algum lugar que deixei de lado meu time de botão e meus shorts curtos da adidas para seguir o movimento punk e mergulhei intensamente no punk rock. Pra mim foi natural já que desde pequeno eu via e gostava daqueles caras “doidões” em Brasília que faziam um rock sujo e tinham cabelos coloridos e roupas rasgadas.

Daí em 1982 minha irmã Fernanda voltou de um intercambio na Itália e trouxe muitos discos, entre eles alguns clássicos do punk rock como London Calling, Combat Rock, Never Mind the Bolocks, Rattus Norvegicus, La Folie, entre outros que não me lembro já que há décadas não tenho mais meus discos.


Depois deles vieram outros tantos, mas entre os primeiros que comprei estavam End of The Century, Pleasant Dreams, The Gift, In The City, Marquee Moon, e muitos outros clássicos do punk rock clássico dos anos 1970.


Nunca deixei de lado as influencias que vinham dos maus pais como a boa MPB também dos anos 70, o soft rock, a música francesa e italiana. Evidente que essas coisas eu não comprava. Minhas urgências eram outras. E quando não comprava, eu gravava.

O punk rock inglês abriu meus ouvidos pra outros gêneros. O trio Sex Pistols, Clash e Stranglers me trouxe o Pub Rock. O Sex Pistols me mostrou o The Who e, por consequência, Kinks, Faces, Animals e outros grupos do chamado Sixties. Entre tantos grupos do Pub Rock – que não é um estilo definido, mas sim um estilo de vida – nesse primeiro momento abracei forte o Dr. Feelgood e Ian Dury and The Blockheads.


O The Jam me mostrou um gênero que é um baita universo gigante: a Soul Music. Curtis Mayfield, Isaac Hayes, Marvin Gaye, The Temptations e dezenas de outros artistas.


O The Clash, além do Pub Rock que já citei (Joe Strummer era líder do The 101’rs, um dos principais grupos desse estilo) também me iniciou na cultura hip hop. Aquele lance de andar na rua com rádio gravador na mão, o break dance e Kurtis Blow (que influenciou alguns elementos presentes no Combat Rock). Disso aí conheci Afrika Bambaataa e seu Planet Rock. Inclusive pouco tempo depois disso John Lydon, que estava imerso no PIL, gravou com Bambaataa “World Destruction”.


Essa cultura de rua que surgiu forte no início dos anos 1980 como um braço da Soul Music foi algo tão intenso quanto o punk rock quando surgiu na segunda metade dos anos 1970.

Graças ao Ramones conheci Phil Spector, Beach Boys, Martha Reeves and The Vandellas (que Joey tanto gostava), entre outros nomes ingleses e americanos.


O chato pra mim naquela época de anos 80 é que eu tinha outras prioridades, que era exatamente o punk rock e como discos e fitas eram caros, então eu não conseguia comprar todos esses outros artistas. Quando eu achava alguém que tinha discos do The Who ou outros artistas, então eu conseguia fazer uma fita coletânea ou então gravava uma meia dúzia de músicas.


Nem mesmo a MTV tinha em seus arquivos todos os clipes que eu gostaria de ver. Trabalhei lá por 7 anos e pouco pude ver dessas outras influências.


Minha alegria mesmo veio quando surgiu o Napster, o Soulseek e outros programas de compartilhamento de músicas. Depois, quando surgiu o YouTube em 2006, aos poucos pude babar em vídeos ao vivo, shows, clipes, documentários, apresentações em programas de TV, Soul Train e tantos outros conteúdos maravilhosos!

Ainda hoje continuo com a mania de parar tudo pra assistir a vídeos de Ian Dury, Dr. Feelgood, Ace, Brinsley Schwarz, todos os clipes do Run D.M.C. , material do Kurtis Blow, Marvin Gaye, Curtis Mayfied, The Supremes, The Who e mais uma penca de coisas incríveis!


Viva o punk rock e suas influencias!