22 de março de 2021

O Jornalismo e Os Novos Tempos

De 2000 a 2013

Nesses últimos tempos houve um número alto de demissões em massa em algumas redações de jornais impressos e seus sites. Claro que demissão é algo agressivo, mas a vida é assim e isso não acontece só com jornalista. Vi muitos deles choramingando (desculpe o termo) a respeito desses ocorridos, dizendo injustiça, quase a ponto de dizer que sem o jornalista o mundo não anda. Está certo, claro, óbvio que não é nada agradável ser mandado embora, mas todos estão sujeitos a isso, seja um auxiliar de obra ou um alto executivo de multinacional.

O mercado está mudando mais uma vez, assim como mudou no boom da internet. Outras ferramentas estão se adequando ao dia a dia do público. A tecnologia facilita a vida de todo mundo a ponto de ninguém mais conseguir imaginar o mundo sem telefone móvel e internet, mesmo que essas criações estejam há poucos anos em nosso cotidiano. Vivemos a Era Jetsons. Logo os carros estarão voando!

A televisão há tempos sofreu essa mudança, que agora acontece de novo no jornalismo. Assim que foram lançadas câmeras como a PD150, que chegou ao mercado brasileiro por volta de 2002, o jeito de fazer televisão mudou.

Antigamente eram as betacam que pesavam entre 8 e 13 quilos, operava-se essa câmera apoiando-a no ombro. Hoje, com essas câmeras pequenas, tudo ficou mais ágil, apesar de infelizmente terem se perdido os recursos que se faziam com a câmera no ombro. Se ganha por um lado e perde-se por outro.

Todos os operadores de câmeras tiveram que se adequar a essa nova linguagem. TODOS! Assim como a forma de editar e finalizar um projeto. As ilhas hoje são digitais, e já não há mais ilhas de edição analógicas. Em 1998 editei todo o Monsters of Rock em uma Avid e saí da edição falando que nunca mais iria usar uma ilha digital. Achei a experiência horrível. Hoje vejo que era questão de costume e aprendizado.

Mais uma vez a forma de se noticiar os fatos está mudando. Anos atrás conheci um dos sócios do site Omelete e ficamos conversando por horas. Hoje a pessoa não quer mais perder muito tempo na internet. Na verdade nunca quis, mas agora menos ainda. Em 2001 já era sabido que os textos de sites deveriam ser menores e hoje diminuíram mais e, mais ainda (ou pior), atualmente se dá preferência para o vídeo, porque o consumidor não quer mais ler a notícia.

Em 2012 passei quase três meses dentro do antigo prédio do Grupo Abril, contratado para fazer alguns vídeos internos. Fiquei boquiaberto de ver o quanto a empresa estava perdida em meio a tantas ferramentas. Naquela época já não sabia para onde correr. Ao mesmo tempo em que se perdia leitores, também não conseguia entender o funcionamento das ferramentas atuais. Percebo que há pessoas que querem que a nova ferramenta se adeque a elas e não o contrário. Há muita briga entre essas empresas de tecnologia. Quem inventa o quê? Quem é dono do quê? Quem pode usar o quê?  Bobagem. O público não se importa com isso, apenas quer usar, independente de quem faz ou da máquina que tem.

Na área de vídeo, por vezes, somos obrigados a reduzir ao máximo a equipe de gravação. Hoje há quem opte por contratar um operador de câmera que também faça o áudio. Eu mesmo já tive que fazer isso. Claro que a qualidade do trabalho cai vertiginosamente. Isso é culpa de pessoas ignorantes que não entendem o motivo do custo de uma gravação, por mais simples que seja.

A Folha de SP foi uma que demitiu boa parte da redação, assim como o Estadão. Não sei o que houve, e falo misturando o consumidor com o profissional, porque pra mim fica claro que após fazer a versão virtual do jornal ser paga, o número de acessos diminuiu. Eu mesmo deixei de ir ao site desses jornais, até vou, mas não clico nas matérias. Uso o acervo. Se fosse para pagar por um conteúdo ultra exclusivo, ok, até poderia pensar em assinar. Mas pagar para ver e ler sobre assuntos que posso ver e ler em outro site aberto, não faz sentido.

Há redações que estão tentando investir mais na internet, mais em vídeo. Mas é nítida nas redações dos grandes jornais e revistas a dificuldade de se transformar o jornalismo impresso em algo mais dinâmico. É soberba. O jornalista que trabalha com a parte impressa pensa que pode dominar o vídeo e internet numa boa. É o mesmo erro que pensar que captação para televisão e publicidade são a mesma coisa.

Sei de redações que têm pequenos estúdios, equipamento legal, e até switcher, mas é pouco usado ou nada usado por ser bicho de sete cabeças para muito jornalista. O pior é que, quem segura à evolução são, obviamente, os velhos lobos, os acomodados. Não entendem e não querem entender o que se passa hoje.

É errado achar que um jornalista pode operar câmera, operar o áudio, editar e finalizar uma matéria e, além de ter feito o vídeo, ainda ter que fazer matéria escrita. Assim só se puder ser algo bem ruim, meia boca, aí tudo bem. O pior é que há quem pense que deva ser assim.

A tecnologia permitiu o baixo custo. Não importa se a imagem é de smartphone, se alguém conseguiu pegar imagem do furo do momento, é ela que vale. Nem sempre foi assim. O antigo ‘Aqui e Agora’ do SBT ajudou nessa mudança.

O ruim é que, mesmo o equipamento profissional, está de certa forma fácil de manusear, mas em termos. Digo fácil porque há o maledeto botão automático que faz qualquer pessoa acreditar que pode operar uma câmera. Imagine essa pessoa tendo ainda que cuidar do áudio e entrevistar as pessoas. Até arrepia a espinha de pensar nisso. O contratante, para economizar 500 ou 700 reais, prefere fazer algo que talvez nem dê pra usar, do que ter algo seguro e profissional.

Jornalistas colegas foram arrancados das redações. Isso é comum no mercado de televisão. Em todas as emissoras e produtoras independentes vêm acontecendo cortes.

É o mercado se ajustando aos novos tempos. Não há porque chorar. Eu sou free lancer desde 2002, vivo as oscilações do mercado na pele, e sei bem o que falo. Não há tempo para choro. Se mudanças estão acontecendo, então é preciso ficar atento, observar e dançar conforme a música. Na minha vida é assim: tem dia que estou em um projeto gigante comandando 300 pessoas, e no outro, estou com uma câmera na mão fazendo tudo ao mesmo tempo agora. Normal.

Pra mim o problema maior está nas pessoas que estão na parte de cima da pirâmide, nos executivos: gerentese diretores ou qualquer coisa do tipo. São elas que, como disse, não sabem o que fazer, e não deixam quem sabe fazer o que deve ser feito.

A Partir de 2013

As ferramentas tecnológicas não param de surgir ou de se reinventar. É só ver o que Facebook, Instagram, Twitter fazem.

E como disse acima, os grandes não conseguem entender os novos tempos. Azar o deles! Só que apesar de toda mudança recente que tivemos dentro do jornalismo, esses grandes veículos ainda conseguem atrapalhar o futuro que já chegou!

Veja só a Globo, a Folha de São Paulo, o Grupo Bandeirantes e outros: fazem de tudo para atrapalhar a vida dos jornalistas independentes!

O que acontece hoje no jornalismo é o que aconteceu com as gravadoras na virada dos 1990 para 2000 e com a chegada do Naspter: obrigou a todas elas repensarem no modelo de negócios!

Tanto que hoje as grandes gravadoras do passado não fazem cócegas a ninguém. Durante décadas elas mandaram no consumidor e faziam dele uns bobões obrigando-os a consumir o que elas queriam que fosse consumido.

Os programas de troca de arquivos e a tecnologia acabaram com essa festa!

Hoje acontece a mesma coisa no jornalismo: inconformados com essa mudança e com a perda de poder, os grandes grupos de comunicação ao invés de abraçarem a nova realidade, procuram derrubar aos que querem pisar no futuro.

Além de continuarem a praticar um jornalismo que envelheceu e que não cabe mais nesses novos tempos, tentam a todo custo desqualificar os novos formatos.

Produtores de Fake News são esses velhos e capengas grupos. 

Vergonhoso inclusive pelo fato de todo mundo hoje saber que esses grandes grupos eram manipulados através de verbas públicas disfarçadas de publicidade do governo. Essas verbas públicas é que diziam o que esses grupos deveriam falar e como deveriam falar.

Essa nova direção para o futuro não tem volta, mas eles insistem em querer derrubar algo que já está mais do que implementado.

É como se diz o velho ditado: se você não consegue derrubar seu inimigo, junte-se a ele!

Mas ególatras que são, grupos como Globo, Folha, Estadão, Bandeirantes e outros não conseguem tirar o olho do espelho, tirar o olho do próprio umbigo.

Já era! É preciso uma adequação urgente! É preciso despedir 80% dos profissionais que eles têm para começar a construir algo novo, e mesmo assim, a essa altura do campeonato, essa construção já vai começar atrasada!

É o que falei na primeira parte do texto em relação ao Grupo Abril, e olha o que aconteceu com ele! Há duas décadas era inimaginável que um Grupo daquele tamanho um dia fosse acabar como um castelo de areia. E sabe o que decretou seu fim? O ego. Puro ego! Seus executivos não aceitaram o futuro achando que eles poderiam controlar esse futuro e deu no que deu.

O mesmo já está acontecendo com o ex-todo poderoso Grupo Globo que com a verba pública que ganhava dos Governos, fazia a festa e comandava o mercado a ponto de monopolizar qualquer mercado: do entretenimento, das artes cênicas, da música, do jornalismo, do esporte, das crianças, da publicidade e de qualquer outra coisa.

Pagava-se horrores para artistas de ponta ficarem em casa enquanto não faziam novelas. Pagava-se horrores para grandes campeonatos para engavetá-los simplesmente para que outra emissora não os comprassem, pagava-se por exclusividade em tudo! E ainda assim sobrava dinheiro a rodo!

Graças ao novo Governo, esse monopólio do mal acabou! Toda essa maldade praticada nesse mercado de comunicação acabou!

Com o fim da mamata das verbas públicas a Globo vem sendo obrigada a se adequar a realidade. E hoje vemos que não eram os outros grupos que eram incompetentes, era a Globo que jogava sujo. Não eram os outros grupos que não alcançavam o patamar da Globo, e hoje é a Globo que vem se adaptando a realidade. Abriu mão e/ou vendeu diversos direitos de transmissão de vários eventos que há décadas eram dominados por ela.

Houve uma época inclusive, quando a Record e o SBT começaram a se arriscar mais no mercado de novelas, que ela proibia atores e atrizes de trabalhar nessas emissoras, mesmo não tendo contrato com o grupo carioca, simplesmente com ameaças de que se fossem pra outras emissoras, não voltariam a trabalhar mais na Globo. Isso é pura falta de caráter, isso é um antiprofissionalismo do mal.

Hoje vivemos a era do jornalismo independente seja em qualquer área!

As novas ferramentas tecnológicas abriram mais espaço para diversas áreas, incluindo a do jornalismo.

Inclusive é graças ao jornalismo independente de hoje que vemos o quanto esses grandes grupos de comunicação manipulavam, e ainda tentam manipular, as informações na cara dura!

Até mesmo a política mudou com todas essas novidades tecnológicas! Aliás, tudo mudou e tudo se desnudou com a tecnologia. As mentiras estão cada vez mais difíceis de serem contadas, isso em qualquer área, seja profissional ou social.

Essa falta de coragem de encarar a realidade e o futuro, vai exterminar esses grupos manipuladores e que, inclusive são também grandes fábricas de Fake News.

Ainda bem que esse velho e arcaico modelo de jornalismo acabou. E digo mais uma vez, azar de quem insistir com isso!

Já estamos no futuro e os velhos lobos precisam aprender de uma vez que não tem como manipular sua chegada.

Adeus velhas práticas!

PS: o velho jornalismo é tão prosaico, parado no tempo e burro que, pra ele, chamar jornalista independente de blogueiro é algo pejorativo quando, na verdade, significa algo ótimo, afinal o blog é uma das primeiras ferramentas da internet a permitir a existência de um jornalismo livre e independente!