1 de julho de 2010

O rock é extraterrestre

Pra mim é louco quem acha que estamos sozinhos no universo. Nós somos tão pequenos e limitados que não conseguimos compreender o que é o infinito, mesmo se pararmos para pensar. Nós reles mortais não sabemos o que é o eterno. Só sabemos de coisas pequenas que tem começo, meio e fim.

O óbvio está na nossa cara: há zilhões de planetas com habitantes. Uns iguais a nós, outros mais atrasados ou mais adiantados.

Imagine o universo como sendo o planeta Terra. Há diversas vilas, cidades, estados, países e continentes. Há várias línguas, costumes e sabedoria diferentes, aspectos físicos diferentes, geografia e clima também diferentes. Enfim, cada um vivendo na sua, levando a vida, mas um dependendo do outro. A fumaça produzida na China prejudica a Irlanda, o degelo na Antártica é ruim para o Brasil, o tsunami na Índia se reflete no México, o desmatamento da Amazônia é ruim para a Ásia.

No universo é igual: cada planeta, cada galáxia, um depende do outro. Assim como a Terra depende do Sol. A morte de um planeta gera um desequilíbrio, e um efeito dominó.

O planeta Terra é um dos mais atrasados de sua galáxia e das galáxias vizinhas. Porém, é de suma importância para a vida de tantos outros planetas. O motivo são vários: desde a qualidade do ar e atmosfera, até a vida animal, vegetal e mineral. Nós babamos em cima do ouro ou do diamante, mas para muitos planetas o que interessa são outras coisas, às vezes mais simples, como uma planta, grama ou uma pedra no fundo de um lago. Civilizações extraterrestres podem extrair materiais que desconhecemos, mesmo sendo de uma samambaia. Há muita coisa que desconhecemos na Floresta Amazônica.

Desde pouco antes da revolução industrial, ocorrida na Inglaterra no século 17, passamos a ser objeto de preocupação para muitos planetas vizinhos. Observando nossa movimentação e os avanços tecnológicos ocorridos no século 16, uma organização criada pelos planetas mais avançados dessa galáxia, uma espécie de ONU interplanetária, tomou a decisão de enviar ao planeta Terra, alguns seres de civilizações avançadas para ajudar na evolução do planeta.

Decisão tomada por volta de 1613, seres do planeta Catena foram designados para a missão na Terra. Não por acaso foram escolhidas duas cidades: Bucksport e Scarborough.

Bucksport fica no estado de Maine, nos Estados Unidos da América. É uma cidade histórica e lá arqueólogos acharam traços de uma cultura pré-histórica vivida em 5 mil anos antes de Cristo. Junto às ossadas desse povo pré-histórico foram achadas ferramentas de pesca avançadas para a época. Isso é resultado de uma primeira visita extraterrestre naquela região. Apesar da riqueza histórica, Bucksport é pequena e sua população não passa de 6 mil habitantes.

Scarborough é uma cidade que fica na Costa do Mar Norte, no estado de Yorkshire, na Inglaterra. Assim como Bucksport, ela é uma cidade muito antiga, surgida em 966 depois de Cristo e com uma riqueza histórica incrível. Por ficar no litoral, é uma cidade turística, e era um ponto comercial importante na Idade Média. Mais que a cidade americana, Scarborough aproveitou bem o conhecimento avançado dos irmãos extraterrestres para se tornar uma cidade moderna. Sua população tambérm não é grande, gira em torno de 50 mil habitantes.
Não à toa que a música "Scarborough Fair", de autoria desconhecida, ganhou zilhões de regravações, a mais famosa delas com Simon & Garfunkel.

Sabendo da adoração do ser humano por música, foi através dela que os catenenses ajudaram na evolução tecnológica dos humanos. A intenção também é trabalhar a evolução moral, mas aí sabesse que é mais difícil por causa do livre arbítrio. Assim como Catena, as outras civilizações que chegaram também são especializadas em música e em trabalhos que exigem criatividade.

Com modificações genéticas imperceptíveis para os cientistas humanos, os catenenses agem diretamente na parte cerebral onde fica nossa área criativa tornando-a mais aguçada e tendendo-a para a música. Entre os primeiros humanos a mostrarem um talento especial estão os músicos do período barroco e clássico como Johann Sebastian Bach, Mozart, Beethoven, Chopin e Brahms. É através de pesquisas e investigações que se chega aos humanos habilitados para receberem as modificações genéticas.

Apesar de esse início ter tido 100% de sucesso, os catenenses não viam a hora da Terra evoluir para logo chegarem numa música mais moderna. Queriam logo trabalhar o que mais gostavam: o rock e o pop.


Com os planos indo bem, ao longo dos anos chegaram mais duas civilizações extraterrestres, vindas dos planetas Agrólia e Tinéten. Vieram para ajudar os catenenses, que iriam trabalhar mais o segmento que conheciam, enquanto os agrolianos e tinetenses trabalhariam outros segmentos como música infantil, jazz, soul, entre outras. Cada planeta desses tem, no máximo, de 10 a 12 representantes na Terra, vivendo normalmente, como um ser humano qualquer, trabalhador e pagador de impostos, porém com essa atividade paralela que ocorre por todo o planeta e fora dos olhos dos humanos. O deslocamento deles é tão rápido que parece um teletransporte.

A idéia inicial de Catena era chegar ao rock / pop ainda na primeira metade do século 19, ou seja, mais ou menos em 1830, mas o lento avanço moral dos seres humanos atrasou os planos em mais de 100 anos.

A expectativa de poder trabalhar esses gêneros musicais contemporâneos era fruto de outras experiências, parecidas ou iguais, em outros planetas, e era sabido que soul, blues, rock e pop eram segmentos que atingiam mais fácil os objetivos. O barroco e o clássico, por não ter letra, trabalham mais os sentimentos, e com as músicas mais curtas, com letras e refrão, a meta é formar opinião e passar mensagens.

Quando você houve a 9ª de Beethoven, a sensação não é a de que essa música sempre existiu? Isso acontece também com “Love Me Tender” de Elvis Presley; “Strawberry Fields Forever” de Beatles; “Smoke on the Water” do Deep Purple; a batida de “Sunday Bloody Sunday” do U2; “Smells Like Teen Spirit” do Nivana; “Carinhoso” de Pixinguinha e João de Barro; “Águas de Março” de Tom Jobim; “Você Não oube Me Amar” da Blitz. Essas e outras tantas músicas e até cenas musicais como o flower power, o punk, a disco, o rap ou o emo já estavam prontas esperando o momento certo de surgir na Terra. Além disso fica claro que o próprio Beatles, Michael Jackson, os irmãos Van Halen e até mesmo o Ramones, todos eram especiais. Por que você acha que Joey Ramone, Dee Dee Ramone e Johnny Ramone, os três homens de frente da banda morreram poucos anos depois do fim da banda e quase na sequência (respectivamente 2001, 2002, 2004).

Sempre houve e sempre haverá músicas que darão essa sensação de já ter sido ouvida antes. Elas já existem em outros planetas e nós, através de existências reencarnatórias, quando estamos mortos na Terra, mas vivos em outro lugar, continuamos a ouvir os riffs que já conhecemos.

É só com nossa evolução moral que vamos conhecendo novos estilos, que aqui na Terra não existe e demorará a chegar.

Enquanto isso, nesse exato momento em que você lê este texto, catenenses, agrolianos e tinetenses continuam trabalhando firme, apesar da crise pela qual passamos hoje, pois mais uma vez o ser humano estacionou moralmente e não merecemos ainda nada melhor que grunge e britpop. O emo, o eletro rock e a bossa nova misturada com o eletrônico foi o próprio ser humano que fez tentando ser "criativo". As cópias, o segundo escalão e a música de mau gosto, são coisas feitas exclusivemente por humanos. Catena, Agrólia e Tinéten só nos dão os originais.

Tenhamos paciência.

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