25 de junho de 2010

Angus Young (AC/DC) no Fúria Metal

AC/DC no Brasil ao vivo no Pacaembú. Assim que a notícia chegou os olhos esbugalharam e brilharam. Eu e Gastão como Beavis & Butthead: “queremos AC/DC no Fúria Metal!”. O dep. artístico: “Ok, vamos fazer de tudo”. Nós: “Queremos Angus!”

Os dias foram passando e nada de resposta. Não lembro bem, mas sei que ela veio em cima da hora, ou na tarde do dia do show ou um dia antes.

Alegria absoluta que dispensaria comentários, caso a entrevista fosse com a banda, mas a entrevista era uma exclusiva apenas com Angus Young! Era coisa de chamar o cardiologista – até mesmo escrevendo agora dá um frio na barriga só de lembrar.

Para Gastão AC/DC é banda nº1. No início dos anos 1980, quando comecei a escutar punk rock, duas bandas que eu adorava não eram da cena punk: AC/DC e Van Halen. Era meu segredo de estado.

A entrevista ficou marcada para o dia seguinte ao show e seria feita no hotel pouco antes da banda ir embora. Assistir ao show do AC/DC sabendo que você vai se encontrar com Angus Young no dia seguinte é de fato um momento mais que especial. E se mesmo para um artista de médio porte o Gastão fazia a melhor pauta do mundo, imagine então para Angus Young.

O show foi incrível, Brian Johnson calou a boca de muita gente que falava que ele já podia se aposentar. A voz estava nota 10 e ele ainda andava de um lado para o outro. Angus então. Assisti ao show na arquibancada coberta ao lado do palco com binóculo na mão.
No dia seguinte fomos para a entrevista no hotel que ficava na Rua Augusta (ou Frei Caneca?), felizes por ter visto um ótimo show e ansiosos pelo que vinha. Vixi!

Um monte de motos da polícia estava estacionada lado a lado em frente ao hotel, eram as motos da Rocam que fizeram a escolta da banda durante o tempo em que ficou em São Paulo. Logo na entrada, quando descemos da van, veio um guarda falar com Gastão, disse ser fã do Fúria Metal e pediu para que ele conseguisse um autógrafo com Angus (não lembro, mas acho que rolou). Inclusive resolvemos dedicar o programa a Rocam.

A equipe era eu, Gastão, o produtor artístico, o operador de câmera e o operador de áudio. Não sabíamos onde seria a entrevista e quando nos encontramos com o assessor da banda, ele nos levou para uma sala do hotel, dessas de ambiente com mesa de reunião e mais algumas poltronas em volta de uma mesa de centro. O assessor disse que Angus estava pronto e assim que o set estivesse montado ele o buscaria.

Resolvi fazer nas poltronas e então colocamos duas lado a lado e afastamos o resto dos móveis. Tudo pronto dei o ok para Angus descer para a entrevista. Momentos de ansiedade absoluta até sua chegada na sala. De tênis, meia, calça jeans, camiseta de algodão, casaco jeans e maço de cigarros na mão, Angus entrou na sala e cumprimentou a todos da equipe. Simpatia absoluta. Mostrei-lhe a poltrona em que sentaria, Betinho (o operador de áudio) se aproximou e colocou o microfone lapela em Angus (Gastão já estava com o dele). A recomendação era de não ser nada demorado, já que iriam pegar avião na sequência.

Foi tudo fantástico. Angus muito calmo, foi simpático o tempo inteiro, tratou todos de igual para igual, respondeu tudo. O engraçado era que a poltrona tinha o encosto muito para trás e quando Angus se encostava seus pés ficavam no ar por não alcançarem o chão, de tão pequeno que ele é.

Ao final, todos nós pedimos autógrafo. Já escrevi aqui que nunca fui de pegar autógrafos em todos os anos que fui diretor do Fúria, mas abri três exceções: Ramones, Buzzcocks e Angus Young. Eu poderia ter 500 autógrafos e é isso que faz esses três que tenho ser muito especiais.

Levei minha cópia em CD do ‘Let There Be Rock’ e no momento oportuno, logo após a entrevista, colei em Angus e pedi para que ele assinasse. Angus perguntou meu nome: “Paulo, Paul + o”. Em seguida Betinho pediu para que eu ajudasse a enrolar um dos cabos de áudio e me afastei dois passos de Angus para pegar o cabo.

Nesse momento eu senti alguém cutucando minhas costas e me chamando pelo nome: “Paolo”. Olhei pra trás, era Angus querendo me entregar o CD e a caneta. Agradeci quase tendo um infarto. Assim como entrou, Angus Young saiu cumprimentando a todos. Me despedi agradecendo pela entrevista e desejando boa viagem. Depois disso eu e Gastão estávamos andando em nuvens. Tudo deu certo. Desejo realizado e ainda por cima sendo bem tratado por um dos ídolos da adolescência.


Eu bem que pedi e implorei para o cara da segurança que pegava o bilhete para não rasgar o meu, mas ele não só não ligou como nem olhou na cara... pelo menos ficou uma parte...




PS: Ozzy Osbourne acabou de lançar biografia e em outubro/2007 tem o post Ozzy Osbourne no Fúria Metal






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