11 de maio de 2011

Ira! - Psicoacústica


Hoje o mundo lembra dos 30 anos da morte do pai do reggae Bob Marley. Nada mais justo. Adoro BM, aliás, reggae pra mim é só Bob Marley.

Mas aqui lembro dos 23 anos de lançamento do maravilhoso, estupendo, inacreditável e importanticississiwissímo Psicoacústica, terceiro disco do Ira! , lançado exatamente em 11 de maio de 1988.

Psicoacústica é daqueles discos que serão eternamente atuais. Até a capa é em 3D!!!!! Eu sou bastante suspeito para falar desse disco que é cheio de detalhes curiosos e que é um dos responsáveis pela mudança de comportamento (!!!) no cenário musical da época. Há até uma ligação com o post anterior, pois se não me engano CSNZ chegou a tocar “Manhãs de Domingo” em alguns shows.

Infelizmente o Ira! acabou, porque Psicoacústica poderia muito bem ser homenageado em um show com o disco inteiro sendo executado...

Para entender um pouco do contexto da época de seu lançamento, leia também o post Quando Tudo Mudou: http://setedoses.blogspot.com/2010/02/quando-tudo-mudou.html

Nessa singela homenagem publico duas críticas: uma da revista Veja e outra da Folha de São Paulo de pré-lançamento. Sugiro também ler a reportagem e crítica escrita por Thales da Menezes na Folha de São Paulo, caderno Ilustrada, do dia 11-05-1988. É só acessar o acervo digital da FSP.

Músicas
1 – Rubro Zorro
2 – Manhãs de Domingo
3 – Poder, Sorriso, Fama
4 – Receita Para Se Fazer Um Herói
5 – Pegue Essa Arma
6 – Farto do Rock’n’Roll
7 – Advogado do Diabo
8 – Mesmo Distante

PS: Nesse mesmo 11 de maio de 1988 foi lançado Trashland (EMI), segundo disco da Mercenárias, produzido por Edgard Scandurra.


Revista Veja – 25/05/1988 (edição 1029, página 127)

Caixa de Música
Bons LPs de Maria Bethânia, Cazuza e Ira!

Psicoacústica, Ira! – Em seu terceiro LP, o quarteto paulista Ira! Consegue a proeza de se manter original no rock brasileiro. O segredo do grupo, além da atuação competente dos instrumentistas, é buscar referências num escaninho da história da música pop hoje esquecido por todos os grupos – o rock inglês do comecinho dos anos 60, anterior a explosão dos Beatles, dos cabelos longos e do psicodelismo. Esse rock era executado pelos mods, rapazes até certo ponto bem-comportados, que se vestiam no rigor da moda e carregavam suas músicas de ironia. Em Psicoacústica, o clima das letras e pesado – os versos falam de crimes, tiros pelas costas, castigo, farsas e perigo. Em contrapartida, a maioria das canções tem melodia fáceis e alegres. Esse contraste empresta as faixas Poder, Sorriso, Fama e Receita Para Se Fazer Um Herói um clima de dubiedade e de sarcasmo que dá ao grupo a sua marca. Psisicoacústica, de maneira coerente com as influências do grupo, recupera também um brincadeira típica do final dos anos 50 – o dos óculos em 3D. Cada disco vem acompanhado de um par deles, necessário para se decifrar o desenho tridimensional da capa e do selo do LP.


Folha de São Paulo, caderno Ilustrada, 04/11/1988
Da reportagem local

Psicoacústica é uma coisa sutil: trata-se de aproveitar um disparo no começo da fita ou um resto de canção que ficou registrado em baixo da versão final. Pode ser um acidente, um canal que não foi usado e saiu na mixagem final, ou “a rodada de lâmpada acidental”. A partir das próximas semanas, “Psicoacústica” vai ser mesmo o nome do terceiro LP do grupo Ira! Que, segundo o guitarrista Edgar (sic) Scandurra, está pronto sem “ nenhuma faixa com apelo pop muito forte”.
O repertório total é composto por oito canções. “Pegue essa arma” já está tocando nas FMs alternativas. Edgar (sic), 26, explica que “Psicoacústica” foi uma palavra inventada pelos quatro integrantes do grupo depois das gravações. “A gente colocou detalhes que não iriam sair nos arranjos iniciais e quase todos eram incidentais”.
Como a introdução de “Fato do Rock’n’Roll” (sic): o som de um ricochete é na verdade o ruído da fita quando alguém apertou o botão “play”. Ou então o final de “Manhãs de Domingo”: a música acaba utilizando um trecho da primeira gravação que fizemos. A gente tinha gravado a versão final em cima da anterior e, quando fomos ouvir, tinha um trecho final ainda registrado e ele era legal. Então unimos”, explicou Scandurra.
Esses detalhes “tão pequenos” de “Psicoacústica” deixam Edgar (sic) ansioso com o novo trabalho. É o primeiro produzido só pela banda, sem os toques de Peninha Schmidt ou Peninha. “Ficamos mais livres”, disse os guitarrista. Ele disse que perdeu a fita com o registro final e garante estar “com saudade de ouvir de novo”. (LB)

Rubro Zorro


Manhãs de Domingo


Poder, Sorriso, Fama


Receita Para Se Fazer Um Herói


Pegue Essa Arma


Farto do Rock’nRoll


Advogado do Diabo


Mesmo Distante

Um comentário:

Pizza disse...

Discaaaaço!!!