15 de abril de 2011

RegistroPessoal.doc I

Esta fase pela qual passo me lembra muito o início de 1991, quando um namoro com uma amiga de infância, paixão platônica, terminou depois de 10 meses. Foi quando me fechei, resolvi voltar a estudar, me matriculei em um cursinho e fui tentar vestibular para jornalismo. Eu ia e voltava muitas vezes a pé do cursinho, com meu walkman, escutando Pixies e Beatles no máximo. Passei a selecionar as baladas, por isso, saia pouco. Fiquei pensando mais em mim e assim fiquei por um ano. Foi maravilhoso! Descobri muita coisa.

Agora estou assim novamente, bastante parecido com aquela imagem fictícia do avestruz com a cabeça no buraco. Eu estou com a cabeça no buraco.

Clichê (e fato): Basta uma fração de segundo para sua vida mudar para todo o sempre. Algumas vezes vivi isso na pele. Há casos muito, mas muito piores que o meu, mas este é um registro pessoal.

Perdi meu pai quando eu ainda tinha 18 anos. Ele tinha apenas 50. A vida da família mudou. Tudo mudou. E foi bem na época em que "Marvin" (versão do disco Go Back) tocava nas rádios sem parar (Agora é só você / A vida é pra valer...).

Dois anos antes, em 1987, minha mudança repentina de Brasília para São Paulo virou minha vida de ponta cabeça. Nos anos 1990 um sério problema de saúde de minha mãe também deu mais um chacoalhão na minha vida.

Essas mudanças repentinas, que acabam nos levando para onde não queremos ir, só quem já viveu sabe das dificuldades para se refazer. Recomeçar do zero novamente. Mais uma vez recomeço do zero. Já recomecei.

Dessa vez em plena vida adulta, verei como é não ter mais 17, 18 ou 23 anos, mas sim 41. Se me assusto ao olhar pra frente e tentar ver o muito que tenho a percorrer? Não, de forma alguma. Há muito aprendi que não devemos nos preocupar. Ou seja, nos pré-ocupar. É difícil sim, mas não impossível. Aí também vai da fé de cada um. Outra coisa que aprendi cedo foi que a paciência é uma das maiores virtudes do homem. Como diz o ditado: nada melhor do que um dia após outro.

Se algo saiu errado e você não tem culpa alguma, pelo contrário, tem a consciência limpa do dever cumprido, então é mais fácil lidar com a mudança.

Mesmo assim, como toda mudança repentina, veio o baque inicial. Como tomar um soco de 120 quilos do Mike Tyson. É coma na certa. Aí começa um exercício de paciência: corre o risco de perder a vida, sofre intervenção cirúrgica, semanas a fio em CTI e UTI, mais operações, milhares de exames, tempos depois um quarto no hospital, reabilitação, remédios, vai pra casa, mais exames, acompanhamento e depois de um ou dois anos, vida normal.

Comparando-me a essa situação, diria que há poucas horas sai da UTI e toda a equipe médica está cheia de esperança. É assim que me sinto agora.

Nada como a força da família e dos amigos que são muuuito poucos, porém verdadeiros irmãos. É lição de vida. Mais experiência para minha bagagem. Sinto-me ainda fraco, mas agora a fraqueza é o ponto zero. De agora em diante é sair dele e caminhar para o 10.

Vi o copo com metade de água e cheguei a pensar que ele estivesse metade vazio. Mas logo vi que ele, na verdade, está metade cheio. A vida continua. Os problemas nunca irão acabar. Eles surgem como muriçoca, que você mata uma e logo aparece outra. Mas o que seria da vida sem problemas?

Não nasci para fazer mal a ninguém. Não nasci para me encostar em ninguém. Não nasci para puxar o saco de ninguém. Estou no mundo para vencer de forma honesta. Não me arrependo de nada do que fiz até hoje (ou do que não fiz). Tenho um orgulho sadio de minhas conquistas, e como já disse aqui uma vez, não tenho e nunca tive pistolão. Sou homem com H e nunca fugi de minhas responsabilidades, pelo contrário, sempre as encarei com serenidade e seriedade.

Não é muito o que eu peço só um pouco de paz. Quero dias normais, uma vida simples, ficar com a família e os amigos, trabalho honesto e amor verdadeiro.

Agora é cabeça erguida, humildade, muito trabalho, fé e esperança, equilíbrio, saúde física, mental e espiritual.

É isso!

PS: Família e amigos: vocês são o máximo!

3 comentários:

Renato Nunes disse...

É isso aí, meu chapa!

Pizza disse...

Belo texto Paulão. Vamos beber umas qualquer hora dessas. Bração.

Paulo Marchetti disse...

Valeu amigos!
abç
P