De curiosidade fui dar uma olhada no número de seguidores dos principais grupos de rock e pop brasileiros. Claro que não fui atrás de todos, mas dos principais nomes de cada geração a partir da Jovem Guarda.
A importância do artista tem ligação com o número de seguidores que ele tem?
Há números que me surpreenderam, números que me deixaram com a pulga atrás da orelha e outros que já imaginava.
Depois de ver esses principais nomes do rock, fui ver os principais nomes populares, não para comparar, mas para saber o nível de interesse do brasileiro e, claro, encontrei números absurdos, principalmente dessa nova música sertaneja que não tem muito a agregar na história da música brasileira apesar de tantos seguidores. Neste gênero, seja dupla ou cantores(as) individuais, os números chegam a mais de 16 milhões, e a média fica entre 8 e 13 milhões. Isso inclui, Luan Santana, Marília Mendonça, Lauana Prado e mais um monte de nomes que nunca ouvi falar. Digo isso sem querer depreciar, cada um ouve o que quer, mas todos sabemos que já há décadas a música brasileira, principalmente a mais popular, se nivela por baixo, muito baixo.
Se formos falar do lado mais tosco de nossa música, que é esse funk porcaria, a Anitta tem mais de 33 milhões de seguidores, outros MCs chegam a também mais de 10 milhões, mas a qualidade musical é, literalmente, a pior que se possa imaginar. Isso vai muito de encontro com a qualidade da nossa educação, que também é a pior de todos os tempos.
A verdade verdadeira é que a qualidade atual da nossa música, independente do gênero, está no pior nível desde que ela existe. Você escuta rock e sente vergonha, você ouve a MPB elitista ou a do povão e é uma vergonha alheia. Isso me fez lembrar até de um show da Anitta em pleno Dia Internacional das Mulheres e ela lá rebolando o traseiro tatuado como um típico objeto sexual de baixa qualidade.
Mas indo, finalmente, para o rock e o pop, me surpreendeu ver que Charlie Brown Jr. é o maior nome do gênero em termos numéricos, com 7,6 milhões de seguidores. O que mais me surpreendeu mesmo foi ver que O Rappa tem 4,1 milhões, mesmo não sendo o principal nome de sua geração. Inclusive, em relação à geração 90, esses dois nomes, mais o do Skank, com 4,3 milhões são os maiores dessa cena também conhecida como Geração MTV. Desses três nomes, o Skank é o que teve a carreira mais constante de shows e álbuns, sem parar, desde que surgiu bem no início dos anos 1990 até parar no final de 2019.
Na sequência, vêm empatados Raimundos e Jota Quest com 2,7 milhões. Engraçado é que são trabalhos opostos: enquanto um faz um punk rock e hardcore com a safadeza do forró sacana, o outro faz um pop limpo romântico e pra toda família. Falo isso também sem querer depreciar, mas só pra mostrar mesmo o contraste sonoro dos dois grupos. JQ faz pop de qualidade e gosto bastante das linhas do PJ.
Os números iguais desses dois nomes mostram a força que o Raimundos tem. Enquanto Jota Quest, que também tem uma carreira constante desde que surgiu, e participa de trilhas de novela e toca nas principais rádios do país, o Raimundos, com todos os problemas que teve, com a saída do Rodolfo, a volta para o underground, mudanças na formação, ainda assim é o 4º nome de sua geração.
(JQ, CBJr, Los Hermanos e CPM22 são dos anos 90, mas vieram depois da cena do biênio 1993-94)
Depois deles vem o CPM22 com 1,9 milhão, grupo que foi um dos últimos a ainda galgar um espaço a começar pelas fitas demo que passavam pelas mãos dos amigos e do underground, lançamento independente, até chegar ao mainstream. Em seguida vem Gabriel, O Pensador com significativos 1,3 milhões de seguidores. É de se espantar já que o grande momento do Gabriel aconteceu nos primeiros anos da década de 1990 (“Tô Feliz: Matei o Presidente”, “Retrato de Um Playboy”, “Lôraburra”). Gosto bastante do trabalho dele, é um dos melhores letristas de sua geração e faz o melhor discurso de protesto desde a Legião Urbana.
A mesma coisa eu não falo de mundo livre s/a, que é o grupo dessa geração com menos seguidores, apenas 116,2 mil. Ao contrário do CSNZ, o mundo livre não foi uma grande novidade já que tem muita influência de Jorge Ben Jor, letras fracas e uma sonoridade nada especial. Ok, o primeiro álbum é legal, mas nada do outro mundo. Os números dizem tudo.
O Planet Hemp é algo bastante segmentado até porque o grupo é monotemático e só fala de maconha. Mesmo assim me surpreendeu com seus 435,8 mil seguidores. Nem tenho muito a dizer, já que além da falta de assunto, o grupo queria ser o Beastie Boys. O Planet era bem mais legal no começo, mas depois virou mais do mesmo e sem muita personalidade.
Por falar em personalidade, o Pato Fu tem de sobra. Musicalmente é um dos mais ricos de sua geração, mas o grupo peca demais nas letras, deixando-as de lado para privilegiar a melodia. Muitas delas sem sentido e isso não atrai o público. Apesar de também ter uma carreira constante, tem apenas 249,5 mil seguidores. Eu acredito que muito por causa disso, das letras fracas, já que o legal de escutar rock brasileiro é poder cantá-lo e… entendê-lo! Assisti a vários shows e gosto do grupo apesar disso. Sou fã também de Sexplícito (ou Sexo Explícito). John tem muita história.
Já na geração 80, os números são mais verdadeiros quanto à história de cada artista, tanto que o maior nome em termos de seguidores é Legião Urbana com 5,7 milhões.
Os números do RPM mostram que ele - como eu sempre disse desde que ele lançou o 1º disco - era apenas um grupo de sucesso efêmero: somente 878,6 mil seguidores. RPM é um grupo de um único repertório e com uma sonoridade também bastante efêmera. O Paulo Ricardo tem 742,7 mil e, pra mim, ele fez besteira em abandonar sua carreira de cantor romântico iniciada nos anos 1990 e que ia muito bem até ele resolver voltar com o RPM. Fez bobagem, mas esse abandono mostrou o quanto ele era frustrado com a carreira do seu grupo efêmero. Nem ele e nem Schiavon nunca foram compositores de mão cheia.
Os Paralamas do Sucesso - 4,6 milhões
Cazuza - 3,8 milhões
Titãs - 3,2 milhões
Lulu Santos - 3,1 milhões
Kid Abelha - 2,8 milhões
Engenheiros do Hawaii - 2,7 milhões
Capital inicial - 2,6 milhões
Barão Vermelho - 1,8 milhão
Nenhum de ós - 1,4 milhão
Ira! - 1,4 milhão
Biquini Cavadão - 967,2 mil
Ultraje à Rigor - 492,6 mil
Lobão - 372,4 mil
Kiko Zambianchi - 352,1 mil
Leo Jaime - 345,8 mil
Plebe Rude - 311,6 mil
Camisa de Vênus - 130,9 mil
Esses números explicitam algumas verdades, como o Camisa de Vênus com apenas 130,9 mil seguidores que mostra que o grupo nunca foi tão grande quanto Marcelo Nova prega por aí. Pelo contrário, o Camisa em nenhum momento da década de 1980 foi algo estrondoso, mas sim um grupo que lançou um bom 1º disco e só. O resto foi algo pontual, como a irrisória “Joana D’arc”. A cada lançamento, o grupo vendia menos. Inicialmente chamou a atenção pelo seu nome e por "Bete Morreu", isso em 1983, depois vieram outros tantos lançamentos que deixaram o Camisa pra trás.
Os 3,8 milhões de Cazuza certamente são fruto do que aconteceu com sua obra após sua morte, com a força da Globo, da ótima biografia lançada pela sua mãe e de seu filme. Digo isso porque durante seus anos de carreira ninguém ligava muito pra ele, pois as urgências eram outras, como Legião, Titãs, Paralamas, Engenheiros… Pouca gente estava interessada no discurso romântico do Cazuza e ele só ganhou notoriedade maior por causa das polêmicas em torno do HIV e da aids, infelizmente. Vi Cazuza duas vezes, uma ainda com o Barão e outra solo no Aeroanta (estreia da turnê Ideologia). A verdade é que ninguém ligava pro Cazuza até sua saúde começar a ruir e ele se tornar, por consequência, objeto de pautas duvidosas (como a famosa capa da revista Veja). Uma pena. Suas últimas gravações em estúdio foram feitas com ele deitado, por já não ter forças nem para aguentar seu frágil corpo. Um grande exemplo!
Um nome que me surpreendeu nesta lista foi o de Leo Jaime, mas muitos dos 345,8 mil seguidores tem ligação com suas participações em programas da Globo, como o Dança com Famosos. Longe de querer desmerecê-lo, mas sim sendo sincero, já que sua carreira nos anos 80 também não foi lá grandes coisas, apesar de alguns hits.
Olhei também os números dos principais nomes da Jovem Guarda e da geração 70:
Roberto Carlos - 5,9 milhões
Rita Lee - 3,9 milhões
Erasmo Carlos - 1,5 milhão
Os Mutantes - 355,3 mil
Jerry Adriani - 123 mil
Os Incríveis - 115,6 mil
Renato e Seus Blue Caps - 93,6 mil
Golden Boys - 65 mil
Wanderley Cardoso - 52,1 mil
Novos Baianos - 952,6 mil
Secos e Molhados 799,8 mil
Ave Sangria - 87,4 mil
O Terço - 14,3 mil
Com relação aos outros nomes da Jovem Guarda, era de se esperar esses baixos números, já que ela foi uma cena isolada e não teve ligação com nenhuma outra cena roqueira brasileira. A JG foi um fenômeno efêmero e tipicamente sessentista e seus seguidores são, com certeza, velhos fãs. Gosto de muita coisa da JG, mas ela não interessa para a maioria dos fãs de rock brasileiro.
Em relação aos anos 1970, pouco se salva, já que foi uma geração marginal, com pouco espaço na mídia e muita desconfiança das gravadoras. Esses 4 nomes que listei (além de Rita e Mutantes) são os mais significativos em termos de números. Muitos outros grupos dessa geração sequer chegam a ter 2 mil seguidores. O Joelho de Porco, grupo ainda hoje bastante respeitado, ao menos tem 5.861 seguidores!
Os maiores nomes dessa década de rock psicodélico e progressivo eram Mutantes (já sem o artigo “Os”), O Terço e Rita Lee & Tutti Frutti. Eram eles quem mais lotavam shows, independente da cidade, e também os que mais vendiam.
Bem, pra ninguém dizer que sou preconceituoso, também dei uma passada de olho na geração pós anos 1990 (Ah! o Los Hermanos tem 2,4 milhões). Essa geração 2000 não considero como algo sério, mas sim como uma cena “café com leite”, até porque a qualidade dos grupos é extremamente ruim:
Pitty - 2,6 milhões
NXZero - 1,4 milhão
Restart - 598,2 mil
Supercombo - 591,9 mil
Fresno - 438,3 mil
Strike - 388,8 mil
Forfun - 272,9 mil
Dead Fish - 139,5 mil
Cine - 133,1 mil
Pode me xingar por colocar o Restart e Cine junto com Dead Fish e Fresno, mas é que é tudo igual, tudo infantil, tudo muito bobo, muito clichê e de uma pobreza abissal. Lembro de uma amiga que vivia dizendo que Pitty nada mais era do que um livro tosco de autoajuda em formato de música.
Bem, como disse, eu não peguei TODOS os nomes, mas os mais significativos, os mais conhecidos e, com eles, dá pra se ter uma base da importância de cada um hoje. É bom lembrar que Legião, que lidera a lista da geração 80, é um grupo desativado desde 1996, ou seja, continua sendo o maior nome de sua geração e continua pagando as contas da EMI no Brasil.
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