14 de fevereiro de 2011

Série Coisa Fina 5: Combat Rock (The Clash)

Falar de qualquer coisa relacionada ao Clash não é fácil. Ela é a banda nº 1 de centenas de milhares de pessoas no planeta Terra e de outros planetas também. Não duvido nada...

Pra mim é difícil dizer qual disco do Clash gosto mais. Sei que também não sou o único a ter essa dificuldade. Mas, somando todos os anos que tenho de audição de Clash, certamente o mais escutado é o Combat Rock.

Fui um privilegiado. Em 1982 minha irmã Fernanda passou uns tempos na Itália em um intercâmbio. Na volta trouxe muitos discos e entre eles uma edição inglesa de Combat Rock. Isso em agosto ou setembro, poucos meses após seu lançamento. Nessa época muitos álbuns estrangeiros demoravam até um ano para ter sua edição brasileira. Tinham artistas que seu lançamento no Brasil dependia de seu sucesso ou nos EUA ou na Europa.

Essa minha edição inglesa – que tenho até hoje – veio com um pôster que era uma foto da banda sentada numa mesa cheia de garrafa de coca-cola, na varanda de uma casa. Me roubaram o pôster. Se alguém falar a você que é da Turma da Colina, não confie na pessoa...

Obviamente depois de London Calling o Clash não poderia mais fazer o que fez em Clash ’77 e Give ‘Em Enough Rope. Digo não naquele momento. Aí veio Sandinista! que dividiu crítica e público. Meia muzzarela, meia calabresa. Após esse disco triplo cheio de experiências, até caberia uma volta às raízes. Seria um tapa na cara da new wave (apesar de Combat Rock ter sido). Mas a fila anda, outras influências foram incorporadas ao longo dos anos, e aí veio o Combat Rock, com forte texto político, misturando rock, reggae, funk e jazz.

Mais uma vez diferente de tudo que a banda já tinha feito. Não tão experimental quanto Sandinista!, mas um disco difícil de assimilar. Tanto é que sua vendagem foi aumentando aos poucos e só um ano depois, em 1983, que chegou a marca de um milhão de cópias vendias (Platina). Também foi em 1983 que o disco chegou ao 5º lugar na parada principal da Billboard. Um feito e tanto.

Assim como Sandinista! Combat Rock também dividiu crítica e público. Uns amaram enquanto outros odiaram.

A verdade era que o clima na banda não estava nada bom. Topper Headon estava afundado na heroína, e iria afundar ainda mais. Joe Strummer e Paul Simonon estavam cada vez mais de saco cheio de Mick Jones. Para Joe a banda deveria ter tirado umas férias e não ter gravado um novo disco. O clima no estúdio não foi nada bom. Tanto que no final das gravações Headon saiu da banda.

Glyn Johns foi o engenheiro chefe e mixou o disco. Entre as bandas que Glyn trabalhou estão Beatles, Bob Dylan, Who, Led Zeppelin, Eagles, Rolling Stones e Eric Clapton. Também tem a participação mais que especial do poeta beatnik Allen Gingerg, que era um ilustre fã de Clash. Ele declama trecho de um de seus poemas em “Ghetto Defendant” e também faz backing vocal em outras faixas. O disco foi lançado em 14 de maio de 1982, sorte de Michael Jackson que só lançou Thriller meses depois, em novembro...

Adoro a mixagem do disco, apesar de ter tido algumas brigas nesse momento. Acho ótimo tudo, os funks, as disco music, os rocks e principalmente os climas em músicas como “Atom Tan”, “Sean Flynn”, “Ghetto Defendant”, “Inoculated City” e “Death is a Star”. Ou seja, praticamente o lado B.

Engraçado a última música do último disco do Clash se chamar “Death is a Star” (A Morte é Uma Estrela).

Você pode dizer que não, mas pra mim o Combat Rock é sim o último disco do Clash.

É um disco que está no hall daqueles que fornecem inspiração eterna.

Lado A
Know Your Rights
Car Jamming
Should I Stay or Should I Go
Rock the Casbah
Red Angel Dragnet
Straight to Hell

Lado B
Overpowered By Funk
Atom Tan
Sean Flynn
Ghetto Defendant
Inoculated City
Death is a Star
























Um comentário:

Renato Nunes disse...

Taí um disco que demorei anos para curtir. O ranço punk hardcore burro não me deixou apreciá-lo na época....

Fui redescobri-lo, junto com o Sandinista, já na era do download. Até então o Clash tinha acabado no London Calling pra mim...

abs