Mosh no Garage (1993)** |
Houve mudanças drásticas na economia, invenção de planos econômicos micados, cortes de zeros, ganhos com inflação, mudanças de moedas. Uma verdadeira bagunça econômica que deixava todo mundo perdido. O primeiro desses planos foi o plano Cruzado, onde todos ganhavam com a inflação (???), assim o consumo aumentou tanto que começou a faltar produtos nas prateleiras, inclusive os supérfluos.
OKotô no Aeroanta (1994)** |
Mas passada essa euforia, o absurdo de se ganhar com inflação, os economistas cabeças-de-bagre começaram a mudar as coisas novamente e aos poucos o poder de compra do cidadão foi desaparecendo. Quando chegou 1989, o país estava afundado, ninguém tinha dinheiro. E agora, mesmo quem tinha carreira estável, se viu afundado em fracasso de vendas e agenda cada vez mais vazia.
Em se tratando de qualidade, os discos brasileiros já tinham melhorado muito desde os primeiros lançamentos dessa geração em 1981 e 1982 (Gang 90, Blitz, Lobão, João Penca, Léo Jaime). Pode-se pegar o exemplo do Titãs e comparar o primeiro disco da banda com o Jesus Não Tem Dentes...
Pica Pau do Kangaroos in Tilt |
Essa baixa repentina se deve ao governo Collor, que confiscou o dinheiro dos brasileiros e acabou com o Ministério da Cultura e todo e qualquer incentivo nesse sentido. Aí azedou de vez. A perspectiva para a nova geração não era nada boa, até porque ela tentou surgir, as gravadoras tentaram renovação, mas justamente a crise atrapalhou. Gueto, Nau, Skowa e a Máfia, Inimigos do Rei, Picassos Falsos, Hojerizah, Conexão Japeri, são exemplos de boas bandas que gravaram, mas não vingaram.
Killing Chainsaw no Juntatribo (1994) |
Mas independente do sucesso de Sepultura, já em 1989 começaram a surgir Killing Chainsaw, Harry, Pin Ups, Yo Ho Delic e outras bandas que além de não enxergarem futuro no país, também não eram grandes fãs do rock brasileiro.
Na noite paulistana, depois do fim das danceterias, começaram a surgir casas com DJ e música eletrônica tipo MARS (“Pump Up the Volume”), Les Rita Mitsouko (“C’est Comme Ça”) e o rock com eletrônica tipo Stone Roses e Happy Mondays.
Analisando de forma geral, o cenário não estava para rock. As casas eram Rouge, Nation, Columbia, Aeroanta e essa virada de década também ficou marcada pela invasão das bandas covers. As casas que continuavam com música ao vivo, não tinham dinheiro para contratar as bandas que agora estavam grandes e não havia bandas medianas que chamassem público, então a saída barata era contratar bandas que tocavam músicas covers, que foram se profissionalizando cada vez mais e se tornando especialistas em determinados nomes estrangeiros. A mais famosa delas foi a U2 Cover, que nesse período 1990-93 chegou a ganhar mais dinheiro que muito artista autoral consagrado. O próprio Aeroanta foi precursor nessa história de cover, porque depois do grande sucesso que teve a noite Black, outras noites temáticas foram criadas e festas com elas, que aconteciam durante a semana, faziam grande sucesso. Assim essas festas e bandas covers ganharam vida própria.
Little Quail no Aeroanta (1994)** |
E foi com o circuito Aeroanta, Retrô, Der Temple, Cais que uma nova cena underground passou a ser desenhada. Tudo foi acontecendo naturalmente.
Muita gente já se encontrava no Aeroanta, no Dama Xoc, Cais e conforme as casas iam abrindo, elas entravam no circuito, principalmente as que ficavam na região central da cidade. As bandas começaram a pipocar e quando uma achava um local de show, logo outras estavam lá tocando.
Capa do 1º disco de Pin Ups (1990) |
Aeroanta, Retrô, Der Temple, Cais, Garage, Dama Xoc, Britânia, Phoenix, Urbano, Columbia, Black Jack, Woodstock, Dynamo. Essas são algumas das casas com música ao vivo que eu lembro dessa época. Tinham outras, mas não muito significativas ou que apareceram e desapareceram rapidamente.
Bandas também tinham zilhares, escorriam pelos dedos, mas as mais freqüentes nesse circuito conhecido eram: Tube Screamers, Kangaroos in Tilt, OKotô, Yo Ho Delic, Rip Monsters, Pin Ups, Stigmata, Pit Bulls on Crack, Volkana, Little Quail, Killing Chainsaw, Muzzarelas, Garage Fuzz, Croncreteness, Mickey Junkies, No Class, Pinheads, Loop B.
Pit Bulls on Crack (1993)** |
Ninguém pensava no Brasil. Até chegar 1995. Até chegar Raimundos, Chico Science & Nação Zumbi, Skank, Planet Hemp, O Rappa e Pato Fú.
** Fotos exclusivas
Um comentário:
Paulão, tema prá livro hein....
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