Escrevendo, logo nessa primeira frase já me veio o gosto da terra que “comi” nas duas edições que fui. Mas fora a terra também tinham as fogueiras que ajudavam na hora do frio e que deixavam as roupas com o horrível cheiro de fumaça.
Sérgio estudava engenharia química na UNICAMP, tocava na banda Heaven in Hell e editava o fanzine Broken Strings. Depois de uma viagem à Inglaterra, Sérgio resolveu organizar um festival alternativo, porque o que ele queria mesmo era viver de música.
O local escolhido foi o Observatório a céu aberto da própria UNICAMP, que não só deu espaço e infra estrutura para o local dos shows, mas também a infra estrutura necessária para as bandas, cedendo espaço para elas dormirem, o refeitório e banheiros.
Pelas minhas contas foram 44 bandas nas duas edições. Mas pra falar delas é preciso lembrar-se do contexto, do qual já filosofei: bandas brasileiras cantam em inglês por verem um país sem futuro. Das 44 bandas, 8 tinham seu repertório em língua portuguesa. E de todas as participantes, as que se deram melhor na carreira foram justamente as que cantavam em português: Raimundos e Planet Hemp. A escalação do festival é o retrato fiel do que aconteceu na cena underground brasileira de 1990 a 1995.



De madrugada era muito frio, então eram várias fogueiras com muita gente em volta delas fumando e bebendo. Não havia polícia enchendo o saco, e nem precisaria.
Entre as bandas não houve nenhum destaque. Eu gostava de Killing Chainsaw, IML, Garage Fuzz, Croncreteness, Loop B, Happy Cow, OKotô, só pra ficar nas de SP (capital e interior).

Na edição de 1994, que a MTV cobriu (leia-se Lado B de Reverendo Massari e Daniel Benevides), sobrou pra mim montar o especial com os três dias do festival. Foi uma delícia editá-lo. Eram duas câmeras: uma de frente para o palco fazendo os planos gerais e outra em cima do palco, além das entrevistas que Reverendo fez com todas as bandas. Lembro que comecei o programa com um clipe de imagens gerais com “Tommy Gun” de fundo. Esse material (pelo menos as bandas ao vivo) está todo ele no You Tube.
Juntatribo 1 (17, 18 e 19 de agosto de 1993)
Dia 17: Muzzarelas, Lethal Charge, Tube Screamers, Safari Hamburgers, Raimundos
Dia 18: Heaven in Hell, Línguachula, Happy Cow, Killing Chainsaw, Pin Ups, Skijktl
Dia 19: Waterball, Mickey Junkies, Low Dream, Magazine, OKotô, Second Come
Juntatribo 2 (16, 17 e 18 de setembro de 1994)
Dia 16: Cervejas, Pinheads, Intense Manner Of Living (IML), Beach Lizards, Garage Fuzz, Anarchy Solid Sound, Resist Control, Concreteness, No Class
Dia 17: Wry, Drivellers, Magog, Killing Chainsaw, Oz, Pelvs, Brincando de deus, Adventure, Loop B
Dia 18: Lucrezia Borgia, Relespública, Little Quail, Boi Mamão, Virna Lisi, Línguachula, Câmbio Negro, Planet Hemp, Daizy Down
A maioria das fotos que ilustram esse post são de Adriano Moralis:
http://www.flickr.com/photos/moralis/sets/72157614302922290/
Torrent de 8 giga com Juntatribo completo em vídeo! (postado em março/2014)
http://thepiratebay.se/torrent/9707664
Esse post eu dedico à Fábio Leopoldino, ex-guitarrista e vocalista do Second Come que nos deixou em 11 de maio de 2009.
Juntatribo 2 – Geral
Juntatribo (Rolé do Phú cafageste que mostra o “dormitório” das bandas)
Juntatribo (Geral. Raimundos, OKotô, galera, Muzzarelas)
Killing Chainsaw (entrevista + som)
Safari Hamburgers (1993)