O consumo de música sofreu mudanças rápidas e radicais a partir do CD (compact disk). Antes disso, o vinil e as fitas cassetes reinavam, e tinha artistas e executivos de gravadora que não gostavam de fitas cassetes, porque uma pessoa comprava o disco e outras 20 o gravavam. Era assim que funcionava e, mesmo deste modo, zilhões de discos eram vendidos.
Durante um período dos anos 1990 que durou poucos anos, mais ou menos entre 1993 e 1997, o CD conviveu com a fita cassete, até chegar o diskman e o rádio-CD para o carro (não mais o rádio toca-fitas). Foi época de abertura econômica, então era fácil comprar aqui CDs importados, mas não deixavam de ser caros.
Mas seja com vinil ou com CD, não era fácil consumir a música que você gostava porque, mesmo tendo a possibilidade de gravá-los e também de fazer coletâneas, as fitas eram caras e não dava pra poder ter tudo o que queria.
Mas, depois de sermos “obrigados” a comprar em CD tudo o que tínhamos em vinil e ver nossas fitas cassetes se tornarem obsoletas, eis que surge o bendito do Napster e muda tudo.
No meu caso, primeiramente - e mais uma vez - refiz minha velha coleção de vinil, que depois virou coleção de CD, agora como minha coleção digital. Até eu ter um tocador de mp3, como todo mundo, eu passava para o CD as músicas digitais.
Assim que refiz minha coleção, fui atrás dos discos desejados e nunca tidos. Junto a isso, mais um monte de gravações diferentes aparecia, como shows bem gravados, demos, gravações alternativas e muitas músicas que saíam nos “lado B” dos singles e que não chegavam aqui no Brasil por falta de formato. Em certas edições especiais em CD até tinham algumas dessas músicas no material extra, mas com Naspter, Soulseek e outros, essas gravações alternativas apareceram de monte.
Eu, depois de todas as minhas urgências baixadas, parti para artistas que eu gostava, mas que não tinha como comprar disco ou gravar, exatamente porque as urgências eram outras. Isso aconteceu, por exemplo, com a soul music, que sempre gostei desde pequeno porque meus pais tinham alguns poucos discos mais conhecidos de Stevie Wonder, Aretha Franklin, Marvin Gaye, Isaac Hayes e mais um ou outro. Baixei a coleção inteira de todos eles e também procurei outros artistas pouco conhecidos aqui. Fiz isso também com os grupos de pub rock.
Agora, com essas plataformas de música digital, você tem o suficiente para escutar ao menos um álbum novo por dia, mesmo que você comece com 10 anos e morra com 120. Eu me refiro à “álbum novo” como sendo trabalhos lançados décadas atrás, discos que você não conhece, nunca ouviu, e não só os lançamentos.
Isso, pra mim, se acentuou mais ainda desde que passei a assinar uma dessas plataformas. Além de escutar, todos os dias, discos que eu nunca escutei na vida, voltei a me divertir fazendo as playlists que nada mais são como velhas coletâneas que fazíamos nas fitas cassetes. A diferença é que agora as coletâneas podem ter mais de uma hora. Eu tenho mais de 40 playlists.
Além de não precisar se preocupar com o espaço físico, agora se tem acesso muito mais fácil até mesmo a artistas pouco conhecidos. Um costume que tenho é escutar discos solos de integrantes dos grupos que eu gosto. Por exemplo, escutei todos os discos solos dos integrantes dos Beatles: Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Star. Faço isso direto.
Mesmo a música brasileira – sabemos que as gravadoras aqui são muito lerdas – tem um bom material nas plataformas. Falta muita coisa, mas já há gravações dos anos 1950 e da pré-Jovem Guarda.
Em falar de material antigo, gosto muito da música gospel americana raiz, aquela que influenciou tudo que a gente escuta. Há gravações de arrepiar de corais das mais diversas igrejas cristãs. Blues, country, rock, pop... tá tudo ali. É a soul music em sua essência que inclui, inclusive, as canções que eram cantadas durante as colheitas de algodão.A minha lista de álbuns e artistas só aumenta a cada dia. Inclusive hoje, quando me perguntam se tenho coleção de discos e CDs, digo que não, que minha coleção hoje é o arquivo do Spotify.
É muita música! São muitos álbuns!
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