9 de março de 2013

Chorão e Solidão (O Pior Grito)

Solidão é uma coisa muito difícil. É preciso muito equilíbrio para não ser vítima dessa interiorização que corrói a mente e o coração. Não nego, também sou vítima de solidão e não sou o único. Em alguns pontos sei muito bem o que Chorão estava passando. Cada um tem seu jeito de lidar com as dificuldades. Eu rezo e penso positivo o quanto posso. Nesses dois últimos anos escrevi diversos textos sobre estar só, mas nunca tive coragem de postá-los. É uma coisa muito pessoal. Tão pessoal que é difícil falar até para a família ou o(a) melhor amigo(a). A solidão te deixa fragilizado, consome suas forças.

Apesar de não ser fã do Charlie Brown Jr. e nem de Chorão, fiquei tocado com a morte dele. Foi um grito e um pedido desesperado de ajuda. Porém um grito sem som, um grito interno. O pior grito.

Conheci Chorão no início de carreira dele. Não era seu amigo, apenas nos víamos em alguns bastidores, e tínhamos muitos amigos em comum. Não me lembro de qual programa ele foi participar, mas sei que num dia normal, ao final do Teleguiado – que terminava as 20h30 de 2ª a 6ª, subi ao departamento de produção para pegar minhas coisas para ir embora, lugar completamente vazio (como sempre era naquela hora), com apenas Chorão sentado sozinho em uma cadeira do departamento aguardando a gravação. Estávamos perto e trocamos uma ideia. Logo percebi que era um cara de poucos amigos, mau humorado. Se envolveu com cocaína. Perdi muitos amigos para essa bosta. Lixão.

Hoje lendo uma reportagem com Rodolfo (ex-Raimundos) no G1, lembrei da última vez que esbarrei com Chorão. Foi exatamente no festival em BH ao qual Rodolfo se refere na reportagem. Eu estava lá junto com a minha grande amiga Carol Telles, pois estávamos fazendo o making of da gravação do 2º disco do Rodox. No meio da gravação rolou esse show e fomos lá. O clima estava ótimo e acho que o show seria fechado pelo Capital Inicial. Era em um ginásio. Não sei se no material bruto (essa captação nunca foi editada) há imagens de Chorão no camarim do Rodox, mas lembro de ter feito algumas poucas imagens do show do CBJr.

Não existe fórmula certa para enfrentar a solidão. Ela faz grandes estragos e o importante é não esconder de si mesmo essa situação. Assuma e enfrente com coragem.

Eu sozinho, enfrento com o peito aberto. Dói. Um fim como o de Chorão é triste, toca o coração, mesmo não sendo um cara que eu admirava. Eu, como espírita, torço para que ele se recupere logo.

PS: As fotos que ilustram o post são toscas, porque são minhas, feitas durante a passagem de som para o programa Musicaos (TV Cultura) com Charlie Brown Jr. e Raimundos em 28-11-2000.


3 comentários:

Samuel Medley disse...

Cara você não tem como liberar os vídeos do Rodox não??? Todos os fãs (assim como eu) adorariam ter acesso a esse material...

Paulo Marchetti disse...

Oi Samuel. Adoraria fazer isso, mas não depende só de mim. Há um documentário incrível em material bruto, mas a gravadora não se interessou já que era fim de contrato. Há todo um caminho burocrático de diretos que até desamina, infelizmente. Um mês de material bruto, são dezenas de horas, tem shows, gravações, bastidores, depoimentos...
Quem sabe um dia...

Valeu a visita. Um abraço.

Samuel Medley disse...

Cara... a gente podia tentar uma mobilização via facebook... em 2014 vai fazer 10 anos da data de lançamento do 3º disco do Rodox, que nunca foi lançado... seria uma ótima data para uma gravadora lançar alguma material "COMEMORATIVO"... um documentário junto com um show em dvd... seria um ótimo presente pros fãs... e pode crêr que venderia pra caramba...