10 de maio de 2012

Série Coisa Fina: 12 - The Gift (The Jam)

De um ano pra cá tenho escutado muita coisa que eu escutava no início da minha adolescência em BsB. Os resultados desse flashback são os posts do The Hurting (Tears For Fears), The Cure e Husker Du. Agora é a vez de The Jam/The Gift e, se continuar assim, ainda vou carimbar o blog com Dead Kennedys, Stranglers, Joy Division/New Order, Talking Heads...

O que Paul Weller (e The Jam) fez pelo rock foi algo tão forte que seu nome é citado como influência até hoje, principalmente entre as bandas do Reino Unido, desde cenas como Madchester e Britpop, e agora com Art Brut e Arctic Monkeys. Aqui no Brasil, como influencia direta, dá pra citar Legião Urbana, Plebe Rude, Ira!, Camisa de Vênus e Paralamas do Sucesso.

The Gift é o último disco lançado pelo Jam, em março de 1982, e de maior sucesso. Ele colocou a banda no topo das paradas inglesas e fez de "Town Called Malice" o grande hit comercial do Jam. Depois do lançamento aconteceu a turnê e a banda acabou no final do mesmo ano. Tem gente que considera The Gift um disco irregular. De fato há outros discos do Jam bem mais significativos, mas ele é especial pra mim porque foi, junto com End of the Century (Ramones), um dos primeiros discos que comprei . É daqueles que conheço cada acorde, e até o tempo de intervalo, no vinil, entre uma música e outra. Tudo. Esse disco é bem diferente dos outros, não só pelas composições, mas também pelos efeitos e pedais que Weller usou nas guitarras, abrindo mão de seu timbre clássico em algumas faixas.

Tem também um pezão na black music como o soul e o funk. Arranjo de metais. The Gift é mais próximo do Style Council do que do In the City (primeiro do Jam). O disco inclusive foi gravado em um clima de insatisfação de Buckler e Foxton com as composições.

Mas o Jam foi esperto, assim como o Clash, e sempre mostrou coisas novas a cada lançamento. Sempre evoluindo. E Paul Weller conseguiu juntar o mod sixties, com o lado mais hard do pub rock e a energia do punk rock. Mais ou menos isso. Em resumo, trouxe evolução para o rock inglês.

The Gift tem essa coisa de brincar com outras sonoridades, como o lance latino de "The Planners Dream Goes Wrong", a boa e velha mistura de rock e soul, além de uma sonoridade pós-punk que volta e meia aparece. É um disco meio doido, no bom sentido, mas com boa produção e direção musical.

Na verdade todos os discos do Jam são ótimos e cada um tem sua particularidade. Foram apenas seis discos de estúdio lançados entre 1977 e 1982. Paul Weller nesse período reinventou a forma de tocar guitarra, assim como Bruce Foxton trouxe para o baixo novas possibilidades (no final dos 1980 ele tocou no Stiff Little Fingers). Era um trio de muita energia ao vivo e, como já disse, uma das principais referências do rock inglês, o que, venhamos e convenhamos, não é pouca coisa.

Como fiz no Pixies, registro aqui que das 68 músicas gravadas pelo Jam em seus LPs oficiais, 59 foram compostas por Paul Weller. Quer sentir a influência do The Gift? Escute então "A Dança" da Legião Urbana e escute "Precious"; escute "Sonhar Com Quê?" do Ira! e escute "Running on the Spot" (que inclusive o Paralamas a toca em alguns shows).

PS: Ninguém me tira da cabeça a ideia de que a capa do Synchronicity (The Police) foi inspirada na capa de The Gift.

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