25 de janeiro de 2011

Histórias da MTV: Artistas e Aeroportos

escrevi aqui dizendo que o primeiro projeto de verão da MTV foi a Casa da Praia, no verão de 1993/94. Depois disso a MTV passou a fazer projetos especiais itinerantes que percorriam diversas praias brasileiras desde o Ceará até Rio Grande do Sul. Muita viagem. Muito vai e vem.

Tirando essa temporada de verão – que eram viagens semanais durante dois meses – era normal acontecer viagens ao longo do ano, por causa de algum show ou festival, eventos ou uma simples ponte aérea bate volta SP-RJ para alguma reunião.

Era comum encontrar artistas nessas viagens, principalmente durante o verão, porque a MTV ia exatamente às capitais que também recebiam muitos shows na temporada. Encontrei Skank no corredor de desembarque de algum aeroporto, não sei ao certo a conversa (não fiquei de ouvido ligado), pois só passei por eles, mas vi que estavam falando bem de Jota Quest. Anos depois fiquei sabendo que foi Samuel Rosa quem levou a fita do JQ para a Sony.

Vindo de algum lugar do Nordeste (Fortaleza, Recife ou Salvador), sentei ao lado de Rita Lee (separados pelo corredor). Sentado ao lado dela estava Roberto de Carvalho. Não sei se Beto já tocava com ela. Devia ser 1997. Logo que subiu o avião Rita envolveu algumas pessoas que estavam sentadas perto dela, claro que eu também, pedindo ajuda para lembrar os 7 pecados capitais, seguidos de bons exemplos. Disse que queria escrever uma música sobre o tema. Foi uma viagem divertidíssima, porque cada pecado lembrado gerava uma história, uma piada, comentários.

A lista com os nomes de artistas já encontrados em viagem de trabalho vai longe: Vinny, Spin Doctors, Smashing Pumpkings, Lenine, Capital Inicial, Ana Paula Arósio, Oswaldo Montenegro, Rosana (cantora), Cássia Eller, cantoras de axé, grupos de pagode e muito mais. Mas, pra mim, inesquecível mesmo foi a viagem para Curitiba.

Eu fiz o roteiro e coordenei a transmissão da final do Festival Skol Rock, realizado na Pedreira Paulo Leminski. Depois das bandas concorrentes, teve show de Raimundos, Heloween e Iron Maiden (com Blaze Bayley). No dia seguinte, todo mundo se encontrou novamente no aeroporto. Tomei um café com Fred (Raimundos) que não entendia o motivo de não ter fliperama em nenhum aeroporto. Ele ia seguir turnê e eu voltar para São Paulo. Horários diferentes. Ele ainda ia tomar um chá de cadeira. Às vezes você é obrigado a sair do hotel ao meio dia (tem vez que dá pra dar uma esticada), e o voo é apenas as três da tarde. Inevitável a interminável espera.

Passei na banca, comprei Veja e Showbizz. Sentei em uma cadeira da sala de embarque que estava vazia, nem a equipe da MTV estava lá, peguei a Showbizz e comecei a ler. Chegaram outras pessoas e eu continuei lendo quando percebi vários flashes repentinos espocando em minha direção e quando levantei a cabeça, vi que Steve Harris, baixista e fundador do Iron Maiden, estava sentado ao meu lado.

Com o Fúria eu entrevistei Iron Maiden todas as vezes que a banda tocou aqui, e também quando só vinha para divulgação, mas encontrar Steve Harris naquela situação era diferente. Fiquei nervoso. Muito nervoso. Daí percebi que não estava só ao lado dele. Eu estava sentado entre toda a banda, com David Murray do outro lado. Nicko McBrain no mesmo banco. Era muito nervosismo. Tinha gente da equipe da MTV que ficava rindo da minha situação. Foi demais. Acho que por eu ser loiro e branquelo, quem tirou foto achou que eu pudesse ser um gringo da equipe da banda. Logo tive que levantar para embarcar, mas antes disso ofereci a Showbizz para Steve Harris, porque a capa era Iron Maiden, que pegou a revista, ficou surpreso e agradeceu.

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