Tenho uma opinião sobre ska: assim como o hardcore e o reggae é um estilo limitado, que não tem muito para onde ir. Aliás, o reggae é filho do ska. Mas aqui estou para filosofar sobre 2 Tone e pós-2 Tone. Foi essa cena que me fez conhecer o ska, e por causa dela tive muita câimbra em pista de dança.Disse sobre a limitação para já nesse início registrar que em qualquer lugar do mundo que existir uma cena ska, ela certamente terá curta vida. Aqui no Brasil algumas pessoas tentaram criar algo nos anos 1990 com lançamento de coletâneas e até majors lançando suas bandas de ska. Não rolou. Ska bom aqui no Brasil rapidamente me lembro de Paralamas e Maskavo Roots.
Mas lá no final dos anos 1970, na Inglaterra, surgiram algumas bandas que se tornaram eternas: Madness, The Specials, The Selecter, Bad Manners e The English Beat (há quem ponha o Ruts nessa lista). Essas são as bandas que formaram a cena 2 Tone, que era o nome da gravadora criada por Jerry Dammers, tecladista do The Specials, com ajuda de alguns colegas como o vocalista Terry Hall.
Apesar de cada uma delas ter lançado ao menos um álbum clássico na carreira, n
enhuma delas sobreviveu além de 1985 (com exceção de Bad Manners que entre idas e vindas + zilhões de mudanças na formação = está aí até hoje). Ou seja, nenhuma delas teve mais que 6 anos de vida. A que mais lançou álbuns foi Madness: 6. As outras entre 2 e 3 lançamentos.
Foi principalmente ali na virada de 1970 para 1980 que todas elas marcaram presença com o visual a la gangster e letras com forte conotação política (o que seria delas todas sem o Clash?). Foram carreiras curtas, mas o suficiente para mudar a cena rock para sempre.
Do Specials, três integrantes saíram em 1981 e montaram o Fun Boy Three: Terry Hall, Neville Staple e Lynval Golding. Dois ótimos discos foram lançados, o primeiro mais experimental e o segundo mais pop, mais perto (mas nem tanto) do que o Specials fazia. Aconselho os dois discos.
Há duas ou
tras que fizeram boa carreira até o final dos 1980: General Public e Fine Young Cannibals. As duas saíram da formação do The English Beat.
Há duas ou
tras que fizeram boa carreira até o final dos 1980: General Public e Fine Young Cannibals. As duas saíram da formação do The English Beat.General Public eu gosto apenas de 4 músicas, apesar de ter lançado dois discos entre 1983 e 1987. Em 1994 Dave Wakeling e Ranking Roger se juntaram novamente para lançar um 3º álbum chamado ‘Rub It Better’, mas logo depois do lançamento a dupla se separou de novo. Este sim é um ótimo álbum, grandioso, que entre técnicos e músicos contou com quase 40 pessoas. Foi produzido por Jerry Harrisson (ex-Talking Heads) e tem a participação de Mick Jones (Clash), que já havia participado do 1º álbum - e por pouco não anunciou sua entrada para banda. Ainda bem que ele desistiu e formou o BAD. Ufa! Infelizmente não pude incorporar aqui o clipe de "Rainy Days", mas vale ir até o You Tube.
Outra dupla saída do English Beat formou o Fine Young Cannibals. O guitarrista Andy Cox e o baixista David Steele acharam o vocalista Roland Gift, que, como eles, gostava de jazz, punk rock e ska. O Fine Young Cannibals lançou dois ótimos discos e tem uma outra ligação com o General Public: foi Jerry Harrison que produziu o 2º disco da banda em 1988. FYC tem boas músicas pra dançar e eu gosto muito mais do repertório e sonoridade do 1º disco. O 2º disco alcançou o sucesso mundial, mas aos poucos a banda foi sumindo até acabar, apesar de nunca ter anunciado seu fim.
Pra quem gosta dessa cena 2 Tone vale a pena conhecer esses trabalhos (eles poderão ser achados em http://thep5.blogspot.com/):
Fun Boy Three – The Fun Boy Three (1982) e Waiting (1983)
Fine Young Cannibals – Fine Young Cannibals (1985) e The Raw and The Cooked (1988)
General Public – Rut it Better (1995)
Fun Boy Three – The Fun Boy Three (1982) e Waiting (1983)
Fine Young Cannibals – Fine Young Cannibals (1985) e The Raw and The Cooked (1988)
General Public – Rut it Better (1995)










O que vejo nessa nova cena do rock brasileiro é algo frágil, de barro, de areia. Melodias fracas, previsíveis, letras pobres e a completa falta de referência mostram que não há como tudo isso não ser lembrado como uma onda efêmera. Assim como hoje lembramos o poser e o tecnopop.
Nessas bandas brasileiras que citei no início do texto também há em comum com os posers o fato de todas elas terem um público muito mais feminino do que masculino. Isso demonstra uma nítida preocupação com a imagem. Os litros de laquês usados nas longas madeixas dos posers + os litros de gel usados nas franjas e nos cabelos milimetricamente bagunçados dos emos acusam o parentesco. As roupas coladas, sobrepostas, bregas e meio “esquisitas” dos posers deram lugar às roupas largas dos emos, mas tudo também milimetricamente bagunçado: a calca caída, a cuequinha aparecendo, o lenço no pescoço, o boné torto, o tênis desamarrado. Todo o visual poser e emo é resultado de horas de espelho.
Quanto ao som fico imaginando a fã em casa com os CDs de todas essas bandas, tudo jogado no chão, bagunçado, CDs e encartes misturados. Nessa hora entra a vantagem de não precisar se preocupar em achar o CD e a capa certas, pois tanto faz a capa, o encarte ou o CD.





