Final de semana passado terminei de ler o livro ‘Minha Fama de Mau’, escrito pelo grande Erasmo Carlos. Sou fã dele e de suas composições. De fato um ícone da MPB. Entre os discos dele que prefiro, o de cabeceira é o ‘Carlos, Erasmo’.
Ano passado, quando o livro foi lançado, li em matérias que se tratava de uma biografia escrita pelo próprio Erasmo. Na contracapa do livro, e em suas orelhas, a obra é vendida como memórias. Porém acredito não ser nada disso.
O que li foram pequenas crônicas, algumas sem a menor importância, como as atrapalhadas de seu secretário Alcides.
Claro que há histórias bacanas, principalmente, dos anos 1960 ao início dos 1970, mas também não se trata de nenhuma bomba que irá mudar a história da MPB. É legal saber de sua parceria com Roberto Carlos e a forma como compõem, os tempos da rua Matoso e sua amizade com Tim Maia e Jorge Ben Jor.
Mas a coisa toda é passada tão por cima que nem mesmo sua passagem pelo Renato e Seus Blue Caps foi mencionada. A famosa briga entre ele e Roberto Carlos só é citada; os bastidores do programa Jovem Guarda também passam quase despercebidos e tantos outros acontecimentos importantes pelos quais Erasmo viveu estão ali muito de passagem, e dessa forma o livro acaba.
Os pontos positivos! É legal como ele se coloca, é bonito ver sua humildade – muito clara no livro inteiro. A simpatia que vemos na televisão e em revistas e jornais está lá. Ele fala de vitórias e derrotas (Rock in Rio, por exemplo) sem medo. A leitura é fácil e o texto é coloquial. Mas ao terminar de ler minhas dúvidas aumentaram.
Não há bastidores de nenhum de seus discos, o que é uma pena.
As crônicas vão perdendo ainda mais profundidade conforme os anos e as décadas passam como as de Agnaldo Timóteo, Rildo Hora (afinal fez ou não a letra pra ele? Foi gravada?), o encontro com João Gordo no Madame Satã, a conversa com Chico Anysio, a confusão que o fã faz entre Erasmo e Reginaldo Rossi.
De fato fiquei decepcionado com o livro, ainda mais que o peguei para ler logo após ter lido a maravilhosa biografia de John Lennon.
Mas é óbvio que a decepção não vai apagar o brilho de suas composições e de alguns de seus discos. Mas vamos combinar que ainda fica faltando a verdadeira biografia de Erasmo Carlos, o Tremendão.
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