13 de abril de 2009

TEMPESTADE EM VIENA


Há bons anos atrás fui a um casamento de conhecido jornalista no Rio de Janeiro, na presença de uma barca de respeito formada pelos queridos cariocas Ana Paula Romeiro e Alvim L e pelos meus irmãos paulistanos Yves Passarell e Felipe Machado. Entre tantos fatos hilários que vivemos naquele final de semana de calor senegalesco, o sábado foi especial: começamos o dia enchendo a cara na praia a ponto de confundirmos o horário indicado no convite e perder a cerimônia religiosa numa igreja do Rio Comprido; à noite apavoramos a festa dos noivos no secular Salão Nobre do Fluminense Football Club, para finalmente sermos carregados madrugada adentro a uma balada exxxperta num puteiro em Copacabana.


Era uma das primeiríssimas edições da festa “Ronca Ronca”, que naquela oportunidade fazia um ato de desagravo às recentes investidas da polícia militar contra os maconheiros de plantão nas areias de Ipanema; O ano era 1996 e o episódio ficou conhecido como o ‘verão do apito’ (foram distribuídos centenas de apitos aos banhistas, para que estes ao avistarem a chegada dos guardas, alertassem a turma do fumacê). Desnecessário dizer aqui que os gabeiras transformaram tudo aquilo em piada e que seguem consumindo até hoje seu fuminho às ordas por lá, né?


O cappo da balada e nosso anfitrião era Tony Platão, até então um ilustre desconhecido para mim; Falha lamentável a minha, pois o cara naquela altura já era uma das figuras mais conhecidas da música no Rio e vocalista da extinta banda Hojerizah.


De volta a São Paulo, devendo lição de casa a um indignado Alvim, me virei bastante até achar os álbuns deles; E são duas raridades - Hojerizah e Pele, lançados em 1986 e 1987, respectivamente. Com isso, a alternativa hoje seja adquirir o CD-Coletânea de 20 músicas (remasterizadas digitalmente) que a BMG cuspiu ainda ao final da década passada. Lá está sintetizado o que a banda fez de melhor: um som bem elaborado (que me remete muito a pegada dos Smiths), recheado de letras prá lá de densas (fruto dos profundos delírios de seu maior letrista, o guitarrista Flávio Murrah) e os timbres inconfundíveis de Tony Platão.



A música do Hojerizah nada lembra o rock praiano-descontraído-carioca que invadiu nosso país nos anos 80 (e se tomarmos por base os parâmetros nacionais de sucesso FM da época, aí nem se fala...); Diz a lenda que eles eram rigorosamente ignorados inclusive aqui em Sampa, como anos mais tarde declarou o mesmo perturbado Flávio: “A gente não tinha referência de nada do que estava sendo feito no rock. O Hojerizah chegava no Western (bar carioca onde os Paralamas do Sucesso estrearam) falando de bebida, depressão e sexo...tínhamos dificuldade de apresentar nosso trabalho, hoje seria mais fácil”.



E, como eu curto adoidado a obra deles, me ponho de fora em classificar essa ou aquela música como melhor ou pior do Hojerizah, portanto, a dica para a ‘geral’ é ouvir sem preconceitos a todas elas (que infelizmente não são muitas) para depois cada um tirar as suas conclusões – e de repente, até incluir seus comentários aqui no 7 Doses; Arrisco somente dizer que essa experiência será surpreendente para os não iniciados, assim como também poderá brotar um incômodo revival para outros tantos.

Um comentário:

André Nascimento disse...

Hojerizah é uma puta banda !! Tenho essa reedição em CD que não tem Inocente Flor e Dentes da Frente ( que o Toni fez uma versão eletrônica e foi desaprovada e tido como meio " Madonna "pelo Flávio Murrah ) . Gosto da faixa Canção da Torre Mais Alta ....Uma coisa : é que a banda tinha letras herméticas que só vc pensar bem , não tem sentido e distoava do rock carioca e ousava com uma banda paulista.
Edu aproveita e vem no segundo semestre ao Rio ver a banda nos palcos novamente .
Hoje ( dia 16 ) o Toni faz o lançamento de seu DVD mo Canecão.