Retrospectiva 1983
Por Rogério Durst
Rolava o longínquo ano de 1983 e o engatinhante rock brasileiro encontrava guarita em pouco lugares, entre os quais o histórico Circo Voador mudado do Arpoador pra Lapa. O momento era muito mais pro rock carioca, de cabeça fresca e acordes fáceis, mas havia espaço pra paulistas, punks, brasilienses e outros exotismos. A ROLL, testemunha ocular da história do rock, estava lá e registrou. Abrimos nosso baú pra vocês a seguir. Alguns caras sumiram e outros estão aí até hoje. Feliz ou infelizmente. Parece que foi ontem.
Em foto de Maurício Valadares podemos ver os Paralamas antes do sucesso e da descoberta da pobreza brasileira (um horror!). O jovem ao centro da foto já não gostava de usar seus óculos e dificilmente poderia saber que se transformaria em mentor intelectual do futuro (negro) do rock brasileiro. Em tempo: “Selvagem” (a música e não o disco) é excepcional.
Este grupo era então um pouco conhecido representante (junto com o Capital Inicial) do hoje conhecido e irado rock brasiliense. Seu nome? Legião Urbana. No baixo vemos um barbudo Renato Russo que, segundo conta a lenda, antes de cortar os pulsos, era muito bom com esse instrumento.
Não, você não está enganado, esse aí é o Barão Vermelho. Fantasiados de conjunto de rock eles deram esse show no Circo Voador em 1983 quando tudo ainda eram rosas no rock’n’roll tupi. Com o tempo eles abandonaram os modelitos de couro e acabaram até abandonando uns aos outros. Ganhamos nós que agora temos a poesia de Cazuza e a garra do Barão em doses maciças.
Celso Blues Boy, o mago da Fender, como se pode ver continua exatamente a mesma coisa. Nem a sua carreira mudou muito. E até hoje é marginal. O que é inconcebível se considerarmos que ele é um ótimo compositor e instrumentista e que sempre fez um trabalho fora da esquema tatibitati do rock carioca. Desejamos mais sorte no próximo triênio.
Ex-Blitz, ex-solo, Lobão fechou 83 com banda nova: Os Ronaldos. Um grupinho um tantinho bem comportado demais pro meu gosto (excessão pra deslumbrante Alice, ex-Pink Pank, ex-Absurdete, e na época Alice R.) junto do qual Lobão enveredou pelo desagradável caminho da niuêivi, com tecladinhos e tudo mais. A separação foi litigiosa.
Houve uma época em que eles eram Kid Abelha e Os Abóboras Selvagens, com o tempo os abóboras dançaram. Talvez sejam o conjunto mais estável do rock (?) carioca e brasileiro, com uma imensa quantidade de hits e um trabalho de impressionante coerência. Infelizmente essa estabilidade não se estendeu ao simpático casal, na direita da foto, que acabou quebrando o pau (ou seria o pandeiro?).
Eles começaram a fazer o circuito mais underground do rock carioca, e até hoje, infelizmente, ainda não emplacaram. Entre desertores, mortos e casados, sobraram poucos miquinhos amestrados ao João Penca. Essa foto aí é ancestral e toda redação se pergunta: quem é esse cara no centro e na frente?
Essa senhora aí acreditava que um sobrenome ilustre era o bastante para fazer carreira de brilho no mundo do rock. Por causa disso fomos obrigados a engolir diversos sapos musicais perpetrados por ela e seu parceiro João Atanásio. Felizmente acabou não dando certo. Alguém ainda se lembra dela?
O conjunto chamava-se Blitz e era, sem dúvida possível, o maior sucesso do rock (?) em 1983. Aqui podemos vê-los todos juntos (em sua segunda formação, sem Lobão na bateria) prestes a adentrar aos portais dourados do Canecão, o que, na época, transformava qualquer um mortal num grande astro de nossa música popular.
É claro que 1983 foi muito mais que isso; tinha o funk do Brylho, Dusek em sua fase rock e Léo Jaime iniciando carreira solo. Tinha o Zé da Gaita, que não deu certo, Malu Viana, que deu mais errado ainda. Tinha Ritchie (alguém lembra?) e o hiper-fabricado Sempre Livre. O que rolou aí em cima foi só uma prise pra refrescar a memória de todos. Como já se falou muitas vezes: se esquece com muita facilidade nesse país. Só que em alguns casos essa é a melhor coisa a fazer.
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