Só para clarear: jazz, ska/reggae, rap, R&B, soul, country, blues e eletrônico. Não vou aqui falar em gêneros brasileiros (a MPB também é riquíssima), mas me ater a esses gêneros que estão inseridos na cultura pop.
Não que eu não goste desses outros gêneros, mas com eles não é preciso ir muito a fundo. É só imaginar uma floresta, o rock é toda a Amazônia e o resto é um horto florestal. Não, não estou sendo radical. Todos os gêneros tem seus sub-gêneros e esses sub-gêneros tem seus sub-gêneros, mas não são tão diferentes entre eles, como acontece com o rock.
Dá para falar que o Metallica é parecido com Go-Go’s? Que Led Zeppelin é irmão de New Order? Ou que Beatles e Iron Maiden tem o mesmo DNA? Para um leigo parece que a ligação entre essas bandas é impossível, mas é tudo rock.
Agora perceba esses exemplos: B.B. King, John Lee Hooker, Janis Joplin e Blues Traveler; Chet Baker, Billie Hollyday, Yellowjackets, Chick Corea; Afrika Bambaataa, Beastie Boys, Public Enemy, Cypress Hill; Bob Marley, Desmond Dekker, UB40, Shabba Hanks. Peguei exemplos bastante diferentes entre si, mas mesmo assim um leigo ao escutar esses artistas irá perceber muito mais fácil o quanto eles são parecidos. Isso é fato.
No jazz existem as variações, pode ser um trio de bateria, piano e baixo de pau, pode ser uma super banda com teclados e percussão ou pode ser apenas um duo de piano e voz. Não importa. Na hora do improviso e das notas mais, digamos, complicadas, é tudo igual. Na hora das pentatônicas, dissonantes ou qualquer outra firula, a forma como soa é praticamente igual.
No jazz gosto das big bands. Glenn Miller, Duke Ellington. Tenho tudo do Squirrel Nut Zippers. Adoro também Frank Sinatra, principalmente dos anos 1960 pra trás. Mas a variação que existe em torno de tudo isso é pequena.
Lembro de um Free Jazz que assisti em 1988 – quando ainda só vinham artistas de jazz, que fiquei de boca aberta com a apresentação de Oscar Castro Neves que misturou de forma magnífica o jazz, a bossa nova, a MPB e o improviso. Merecidamente foi aplaudido de pé por um bom tempo. Na mesma noite teve a apresentação da band The Lounge Lizards, liderada por John Lurie, que tinha acabado de fazer o filme ‘Down By Law’, e naquela época era cool cultuá-lo, mas a banda era muito chinfrim, e ele ficava andando de um lado para o outro do palco e de vez em quando parava no microfone para assoprar seu saxofone. Mas manja Jô Soares tocando trompete? Era o mesmo nível. Eu simplesmente me levantei e fui embora, algumas pessoas ainda tiveram a cara de pau de me vaiar.
Com o reggae também é difícil achar algo diferente, é difícil ir muito além do que já foi feito até início dos anos 1980. Não vejo sentido em escutar mais que Wailers, Bob Marley, Peter Tosh, alguma coisa de dub e pronto. Tem também algumas variações, mas nada muito incrível. Na verdade pra falar de reggae tem que falar primeiro de ska, porque o reggae é, na verdade, uma variação do ska e mesmo o ska é limitado. O reggae foi um achado dentro do ska. Aí tem o reggae com pop que dominou os anos 1980 com bandas como UB40, tem o dancehall, o 2Tone na virada dos 1970 para os 1980. As variações são poucas, e pouco acrescentam.
Nesses casos em que tudo é parecido o melhor mesmo é assumir essa falta de alternativas e ficar mesmo com os originais. Vi uma lista de variações do blues que só me fez rir com coisas do tipo piano blues, jazz blues, Chicago blues, eletrica blues, harmonica blues, jump, delta. Pra que tudo isso?
A variação é nítida ou não ao pensar em Slayer e Strokes, AC/DC e Blur, Bad Religion e Weezer, Black Sabbath e Green Day....
Peço desculpas aos amantes desses outros gêneros pelo rock ser tão mais criativo e cheio de alternativas, e também por essa verdade nua e crua. E melhor ainda é que o rock continua sendo marginalizado, principalmente, por essas pessoas amantes de blues, jazz, erudito... Isso pra mim é injveja. Afinal, querendo ou não, o rock é o mais conhecido, o mais adorado!!! O rock é rico e viaja de primeira classe! rsrs
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