Nasci em Piracicaba, cidade do interior paulista a 160 quilômetros de São Paulo. Morei lá apenas um ano, em 1985, voltei para Brasília em 1986 e vim morar definitivamente em SP em 1987, quando voltei a freqüentar Piracicaba...
Lá minha família tinha uma casa na rua João Sampaio. Era nessa mesma rua, uns 7 ou 8 quarteirões de distância, que a estupenda banda Killing Chainsaw ensaiava. Toda vez que eu ia de SP para Piracicaba de ônibus, eu descia no início da João Sampaio e eu ia andando pra casa mais ou menos uma caminhada de uns 12 quarteirões. Diversas vezes nessa caminhada eu passava pelo ensaio do Killing Chainsaw e, claro, fazia uma longa parada por lá. Se não me engano isso era 1989/90/91.
Assim como eu, o vocalista e guitarrista do Killing Chainsaw Rodrigo Guedes também morou em Brasília, mas não nos conhecíamos lá. Em 1985, quando eu estava em Piracicaba, fui vocalista de uma banda chamada Couro Cabeludo, bastante influenciada por Joy Division e Durutti Colunm, que depois passou a se chamar Último. No Couro Cabeludo não havia baixista, eram duas guitarras, mas no Último (que durou entre 1986 e 1988) havia o baixista Gerson, que depois foi tocar no... Killing Chainsaw. São muitas coincidências e ligações entre eu e o KC. Inclusive na casa onde ensaiava, outra banda de amigos também ensaiava e eles costumavam tocar “Anti Social” do Filhos de Mengele.
Bem, virei fã do Killing Chainsaw logo no primeiro instante que ouvi a banda, mesmo no ensaio com equipamento tosco dava pra ver que o som era poderoso. E era mesmo! Assisti a milhares de shows da banda em Piracicaba, inclusive no inesquecível bar The Wall (onde Couro Cabeludo fez trocentos shows) com o Gozo literalmente destruindo a guitarra. Aliás, shows do KC eu vi praticamente todos em SP e os dois do Juntatribo.
Nessa época tudo relacionado a cultura e arte no Brasil estava na lama por conta da política fajuta de Fernando Collor. Se as famosas bandas dos 1980 se arrastavam aos trancos e barrancos, imagine então as que surgiam! Não à toa começaram a cantar em inglês, já que não havia qualquer possibilidade de futuro no mercado brasileiro.
Eu não gostava de nenhuma dessas bandas, apenas de Killing Chainsaw. Não por todas essas coincidências: Piracicaba, Brasília, João Sampaio, Razera, amigos... mas porque de fato o Killing Chainsaw era diferente de todas as bandas dessa cena (e eram zilhares), seus shows eram divertidos e imprevisíveis, Gozo era um grande guitarrista. A química perfeita. Todos eram destaques, e ao dar uma geral na rede por conta desse texto, fiquei feliz de saber que a minha opinião não é única.
Não lembro bem quando a banda acabou, mas ela deixou dois discos, um lançado em 1992 e o Slim Fast Formula de 1994. E ainda para deleite dos fãs, a Midsummer Madness, de meu amigo Rodrigo Lariú, fez o grande favor de lançar a primeira demo da banda gravada em 1989 com o título ‘Early Demo (ns)’.
Gosto de tudo, mas destaco o Slim Fast Formula, por ter sido lançado pela Roadrunner e ter chegado ao mercado internacional (lembro de ter ouvido falar que o disco tinha vendido tudo na França). É música pra escutar no volume máximo. Hoje não tenho notícias quentes, sei Rodrigo mora em Londrina e lá formou o Grenade, que é bom, mas não é o Killing Chainsaw, e li que os outros formaram uma banda chamada Plutonika, mas não sei detalhes dela, se é verdade ou quanto tempo durou, nada.
E aqui então fica a minha homenagem não só a essa banda que virou referência dessa, digamos, geração perdida do rock brasileiro, mas a toda a rapaziada do interior paulista que fazia parte da cena dessa época, a galera de Campinas, Limeira, Americana, Santa Bárbara d’Oeste e, óbvio, a maravilhosa Piracicaba.
Discografia Killing Chainsaw
Early Demos + Texto
(fui eu que editei esse material que faz parte de um especial do festival que passou na MTV):
Um comentário:
Olá,
O Pedro Rosas, baterista do killing Chainsaw, está lançando um CD solo.
Gostaria de um endereço de contato para te mandar o material de divulgação.
Obrigada,
Ana Paula (12) 99228-6786
apsuzuki@gmail.com
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