7 de janeiro de 2010

Emo Poser

Há semanas venho pensando em fazer um texto sobre essa nova geração de bandas brasileiras. É uma geração emo da pesada (?!?) que agora sim acredito ter atingido seu auge.
NxZero, Fresno, Cine, Glória, Hori, Dead Fish, Hateen, Strike, Stevens, Hevo84 são algumas que eu conheço. Cada uma tenta ser diferente em algo, menos no som. É o rock romântico atingindo de cheio o coração das pré-adolescentes de todo o país. O bom disso tudo é saber que essa cena é coisa de menininhas descobrindo o mundo e sonhando com seus ídolos, nada sério, apenas uma fase que voa como a adolescência. Essas bandas emos dos anos 2000 têm que saber aproveitar o momento e ganhar o máximo de grana possível.
Aqui faço uma comparação entre emo e poser.

O que vejo nessa nova cena do rock brasileiro é algo frágil, de barro, de areia. Melodias fracas, previsíveis, letras pobres e a completa falta de referência mostram que não há como tudo isso não ser lembrado como uma onda efêmera. Assim como hoje lembramos o poser e o tecnopop.
Esse é um nicho que as gravadoras acharam: rock para os pré-adolescentes. E foi exatamente o que aconteceu com a cena poser, com adolescentes de 12 a 15 anos ficando loucas com as calças apertadas de Bon Jovi, Motley Crue, Skid Row, Guns n’Roses e outros. Hoje percebo nessa geração (já crescida) que as garotas dão risada de lembrar e rever essas bandas e os garotos tem vergonha de dizer que um dia gostaram dessas coisas.
Nessas bandas brasileiras que citei no início do texto também há em comum com os posers o fato de todas elas terem um público muito mais feminino do que masculino. Isso demonstra uma nítida preocupação com a imagem. Os litros de laquês usados nas longas madeixas dos posers + os litros de gel usados nas franjas e nos cabelos milimetricamente bagunçados dos emos acusam o parentesco. As roupas coladas, sobrepostas, bregas e meio “esquisitas” dos posers deram lugar às roupas largas dos emos, mas tudo também milimetricamente bagunçado: a calca caída, a cuequinha aparecendo, o lenço no pescoço, o boné torto, o tênis desamarrado. Todo o visual poser e emo é resultado de horas de espelho.

Quanto ao som fico imaginando a fã em casa com os CDs de todas essas bandas, tudo jogado no chão, bagunçado, CDs e encartes misturados. Nessa hora entra a vantagem de não precisar se preocupar em achar o CD e a capa certas, pois tanto faz a capa, o encarte ou o CD.

Tudo isso é brincadeira de criança. Minha filha de 8 anos que o diga. Fico mesmo com pena de quem leva isso a sério (e esses músicos levam!!!).

2 comentários:

Carlos Eduardo disse...

Ola Paulo, cara ando escutando o cd da banda Vivendo do Ocio, vc ja escutou? se escutou oque achou? valeu um abraço.

Paulo Marchetti disse...

Falaí Carlos. Vivendo no Ócio é uma das poucas coisas boas que rola por aí, merece mais atenção.
abs