24 de fevereiro de 2025

O Calendário do Rock Brasileiro

A ideia de publicar as efemérides do rock brasileiro surgiu logo após minha entrada na MTV Brasil, em setembro de 1993. Neste período analógico, as fontes para os textos escritos para os VJs vinham de um riquíssimo arquivo físico de conteúdo variado, e nele também havia livros estrangeiros apenas com datas do rock e do pop mundiais. Neles, estavam registrados lançamentos, shows e todo tipo de curiosidades possíveis do universo rock. Era uma fonte riquíssima de informação que gerava muito conteúdo, muito texto para o que chamávamos de “cabeça de VJ”, que eram os textos que eles falavam antes de chamar um videoclipe.

No 1º semestre de 2001, já fora da MTV, e com o livro O Diário da Turma 1976-1986 sendo diagramado e preparado pela editora, resolvi investir na pesquisa das efemérides e comecei a frequentar os bancos de dados de jornais atrás de material, pois naquela época ninguém ainda tinha arquivos digitais. Foi, literalmente, um investimento. De tempo e dinheiro. Além dos bancos de dados, comprei discos, revistas, livros, frequentei diversos sebos e também bibliotecas.

Desde então, até as divulguei publicando-as em blog e, depois, no Instagram. Uma enorme decepção. Ao invés do reconhecimento pelo trabalho, apenas roubo de informações, inclusive por parte de artistas, que poderiam ajudar na divulgação de um trabalho que valoriza sua história e sua obra, mas não.

Então, por volta de 2015, quando o rock brasileiro fez 60 anos, percebi que ninguém estava nem aí, nem mesmo os protagonistas, e abandonei tudo. Desisti de publicar e de continuar a pesquisa (que já estava mesmo mais lenta).

Eis que, juntando forças novamente, em 2024, resolvi retomar o projeto para lançá-lo em 2025, ano em que o rock brasileiro completa 70 anos. Graças também à tecnologia, que hoje facilita o trabalho independente. Assim, em paralelo com o último ano do meu mestrado, juntei todo material bruto que eu tinha pesquisado e que ainda não havia mexido, com novas pesquisas, e fiz de tudo para deixar este documento o mais completo possível. São mais de 1.800 datas reunidas e vindas das mais variadas fontes, a respeito de mais de 500 artistas, entre trabalhos solos, bandas, seus integrantes, festivais, filmes, álbuns de todas as cenas musicais do rock e pop brasileiros desde seu surgimento. De 1º de janeiro a 31 de dezembro, é um registro de acontecimentos que conta a história do rock brasileiro em seus menores detalhes.

É bom saber que a maior parte das efemérides, principalmente os lançamentos de álbuns clássicos e importantes, se concentram entre 1955 e 2000 mas, mesmo assim, há muitas datas de 2001 a 2024. Isso porque a ideia inicial era lançá-lo em 2002, então, a intenção era se concentrar na era pré internet. Como a ideia não vingou, a pesquisa continuou, mas com foco não nos lançamentos, mas nos acontecimentos gerais mais importantes.

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São vários os objetivos desta publicação, o principal deles, claro, é manter a memória viva. Hoje (2025), muitos dos nomes aqui presentes já estão esquecidos pela mídia e pelo público. Todas as fases do rock brasileiro são ricas em histórias, inclusive a primeira, entre 1955 e 1963.

O calendário do rock brasileiro vai manter os lançamentos, sejam eles clássicos ou não, vivos e revividos a cada ano. Toda vez que este livro for aberto por alguém em um dos 365 dias do ano, algum acontecimento, obra ou nome será lembrado e comemorado.

O Calendário do Rock Brasileiro foi também pensado para a mídia, as rádios, os podcasts, emissoras de TV, as produtoras de conteúdo que, com ele, terão material rico para trabalhar, porque aqui, conteúdo não falta.

Não há essa tradição da efeméride no Brasil. São pouquíssimas as datas históricas que comemoramos, algumas delas inclusive com distorções. Não à toa dizem que nós brasileiros não temos memória. Pelo que notei nessas décadas de pesquisa, isso também é culpa dos próprios artistas.

Alguns poucos deles, que publicam material comemorando esse ou aquele lançamento, fazem isso sem critério. Para uns vale a data de quando a gravadora recebeu o álbum pronto; para outros, o que vale é a data do show de lançamento; já a gravadora tem outras datas e os fãs-clubes outras diferentes. Outro dos objetivos deste livro é exatamente padronizar essas datas de lançamentos seguindo critérios. Seguindo uma lógica.

Se a história de nosso país é ignorada, o que dizer então da história da cultura jovem brasileira!? Por conta desse desdém – inclusive da mídia especializada – a maior parte dos acontecimentos históricos são ignorados. Pra não dizer totalmente ignorados, há datas clichês sempre comemoradas, como o nascimento e a morte de Renato Russo, Raul Seixas, Chico Science e Cazuza. Para a mídia brasileira, isso já basta. 

Em relação aos artistas, infelizmente, é a mesma situação, o mesmo desdém. Por isso, essa bagunça acaba por gerar falta de interesse pela história. Então, como não há uma padronização em relação às efemérides que envolvem o rock e o pop brasileiro e seu universo, resolvi, eu mesmo, criá-la. Não ao meu bel prazer, claro, mas de acordo com critérios que seguem uma lógica, explicada e detalhada mais adiante.

Evidentemente não são todos os acontecimentos e lançamentos do rock brasileiro que estão registrados, mas a grande maioria. Os clássicos sim, estão todos no Calendário, de todas as décadas desde 1955.

Esta pesquisa se preocupou, primeiramente, com os principais nomes de cada cena. É uma pesquisa que buscou os nomes mais populares dentro deste universo. Porém, em todos esses períodos, desde o início dos anos 1960, existe a cena alternativa - também conhecida como underground - que pode não ter chegado ao grande estrelato, mas que foi de suma importância, não só com alguns dos lançamentos, como também com personagens que se tornaram importantes com o tempo, sendo produtores, executivos e compositores. Então, ao dizer “nomes mais populares”, isso também serve para a cena alternativa / independente / underground, seja da Jovem Guarda, dos anos 1970 e da Geração 80. 

Já a cena alternativa dos anos 1990, com o aumento no número de artistas e selos independentes, como dito, a pesquisa seguiu o critério inicial de privilegiar o que foi mais relevante, seja mainstream, seja alternativo. No caso da cena alternativa das bandas que cantavam em inglês no início da década de 1990, ela não foi pesquisada; assim como toda a cena heavy metal ou toda a cena punk / hardcore, mas que tem aqui os principais nomes, principais lançamentos e principais acontecimentos. 

Certamente não há datas de todos os lançamentos de todos os artistas do Brasil, assim como não há todas as datas de nascimento e óbito de todos os músicos de todas as bandas. Evidente, isso seria praticamente impossível

Em um país que não se importa com história e com o passado, não é fácil ir atrás dos fatos, por isso, este não é só um trabalho de pesquisa, mas também de investigação. Muitas datas exigiram apurações e busca por detalhes que levaram dias para serem confirmadas ou para ter a informação completa. Aqui há datas que são verdadeiros tesouros e que, com o passar dos dias, você as encontrará.

Importante saber que este é um trabalho solitário, em todas as suas fases (inclusive edição e impressão), e que se iniciou em 1998.

O que me fez retomar esta ideia em 2024, foi o fato de o rock brasileiro completar 70 anos em 2025. Para comemorar esta data redonda, nada melhor do que algo inédito, divertido e único.

É o Calendário do Rock Brasileiro.

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Para comprar: calendariodorockbr@gmail.com

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Livro: O Calendário do Rock Brasileiro

Autor: Paulo Marchetti

Editora: Lançamento independente

Tamanho: 16x23 com 358 Páginas

Peso: 0,515 gramas

Preço: R$ 100,00 + R$15,00 (envio)

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Caso queira pacote com O Calendário do Rock Brasileiro + O Diário da Turma 1976-1986: A História do Rock de Brasília (2ª edição):

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Preço: R$ 150,00 + R$ 20,00 (envio)

 


 

7 de janeiro de 2025

O Prêmio de Fernanda Torres

Pelo fato de Fernanda Torres fazer parte da chamada Turma da Rouanet, muita gente aproveitou pra politizar esse Globo de Ouro que ela ganhou, pelo visto, merecido. Falo assim porque não assisti ao filme, mas todo mundo só fala bem, não só do filme em si, mas da atuação do elenco. Então, se ganhou um prêmio como o Globo de Ouro, foi merecido.

Quem acompanha o Sete Doses sabe que não me simpatizo nada nada, nem com o comunismo e nem com essa Turma. Mas quando dão, de graça, munição para falar umas boas verdades, eu amo.

Não ia, mas posso começar já falando do ME-RE-CI-MEN-TO de Fernanda Torres, algo que pseudo comunistas odeiam, porém aqui vale. Pra quem acha que o mundo é cota, o merecimento certamente é algo asqueroso, mas neste caso tudo bem, né!?

Só a forma exagerada de divulgação do prêmio vinda, principalmente, dessa elite vermelha, já mostrou ser uma provocação, mas quero me atentar a um segundo ponto nisso tudo: o prêmio não interessa a ninguém, a não ser a própria Fernanda e ao filme (que ganhará mais bilheteria, mais play no streaming). É mais dinheiro para todos e também novas oportunidades profissionais.

Já de cara, na transmissão do Globo de Ouro, Fernanda mostrou que ganhou um polpudo cachê do Itaú (que o Diretor do filme é dono). MERECIDO! Fez um bom trabalho, mereceu! Viva o CA-PI-TA-LIS-MO! Ainda mais cachê vindo de uma instituição capitalista assumida e agressiva. Imagino que ela tenha pedido uma bala... uns 3 apartamentos no Leblon! Cobertura!!

A indústria do cinema é capitalista, assim como a fonográfica. Capitalismo agressivo e selvagem!

A Fernanda Torres ter ganhado o prêmio, merece sim manchetes na mídia, mas ok. O prêmio é dela, não trará nada de novo nem pra mim, nem pra você e nem para o país. É como o time de futebol que ganha o campeonato que, pro torcedor, não significa nada, porque no dia seguinte terá que acordar cedo pra pegar o trem, aguentar o chefe chato, pagar os boletos. O time ganhou, sorte dele e dos jogadores. A premiação é deles. Ponto!

Deveríamos exagerar na divulgação de boas notícias quando brasileiros conseguem ganhar destaque na ciência, na tecnologia, em projetos que possam beneficiar o país, os brasileiros, o mundo! O brasileiro que criou um sistema para recolher plástico dos oceanos; as jovens que descobriram uma nova forma de transformar água do mar em água potável; o jovem que descobriu a cura para o câncer de pele.

Esse tipo de feito, sim, deve ser divulgado com orgulho. Algo que beneficie a todos. O socialismo não idolatra o coletivo? Então!?

Fernanda Torres que aproveite ao máximo este momento para fazer um pé de meia e aceitar convites com cachês bem gordos! É igual ao universo musical que, quando o artista faz sucesso com uma música ou um disco, deve aproveitar pra fazer o máximo de shows possíveis e encher o bolso de grana!

Que os pseudo comunistas envolvidos na produção do filme ganhem o MERECIDO reconhecimento e façam proveito financeiro desse prêmio, como todo bom capitalista!

Um viva ao capitalismo, porque, graças a ele, existe essa premiação e podemos fazer esse tipo de comemoração! U-hu!