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Bizz, agosto 1986 |
Entre
fevereiro e novembro de 1986 o Brasil teve um boom de consumo
impulsionado pelo Plano Cruzado, um plano econômico doido em que
todos ganhavam com a inflação. Os supérfluos nunca foram tão
consumidos quanto nesse curto período que pareceu eterno enquanto
durou.
Muita gente saiu ganhando com isso. Para o bem ou para o mal. Aqui, no
caso, foi para o bem, já que estou falando de música, de rock.
Para
se ter uma ideia, Luis Calanca, da Baratos Afins, editou e lançou o
vinil do Akira S e As Garotas que Erraram apenas com metade da capa.
A meia capa se completava com um plástico transparente protetor, e
junto vinha um papel com a ficha técnica, etc.
Isso
porque não havia matéria-prima para a produção de vinis, capas e
tudo que ia no produto final.
Isso
aconteceu por causa do RPM que vendeu como água o Rádio Pirata ao
Vivo. Papel, máquinas, vinil, tudo para o RPM. Esse disco,
inclusive, antes de ser lançado já havia vendido 600 mil cópias
(nº de pedidos das lojas). A banda vendeu horrores em um curto
espaço de tempo, assim como o Mamonas nos anos 90.
Por
conta disso aconteceu de muitos discos de bandas e artistas,
incluindo os internacionais, serem lançados com uma qualidade
inferior ao tradicional, sem encarte, sem nada especial. As
gravadoras ganharam rios de dinheiro. O rock era a bola da vez e toda
gravadora tinha em seu casting ao menos duas bandas de rock.
Gastava-se o mínimo para produzir e lucrava de monte!
Em
se tratando de contrato entre gravadoras e artistas, cada caso é diferente. Há cláusulas que dizem
respeito a divulgação e, por isso, havia artista que tinha assessoria de imprensa e mais exposição na mídia que outros.
Entrevistas, rádios, televisão, revistas e jornais. Além disso, havia também a obrigação de se bancar propagandas em veículos
impressos.
Imagine:
os juros das aplicações financeiras eram enormes. Ganhava-se muito,
por exemplo, com poupança. Então imagine o quanto de dinheiro que
sobrava para as gravadoras! Não
à toa, nesse abastado período, havia montes de
propagandas, e a publicação que concentrava mais a atenção das
gravadoras era a revista Bizz, da Editora Abril.
Curioso,
fui dar uma olhada na minha coleção das revistas Roll e vi que,
principalmente entre 1983 e 1985, praticamente não há propaganda de
lançamentos nacionais, salvo raras exceções - há uma propaganda coletiva da Warner de 1983 em que já há nomes nacionais como Titãs, Ultraje, Lulu Santos, etc. Há, sim, muita
propaganda de artistas internacionais: Rod Stewart, Smiths, U2, Tears
For Fears, Talking Heads, Dire Straits, The Cure, David Bowie e zilhares de outras.
Infelizmente
não tenho muito material do período entre 1988 e 1990 para uma
comparação, mas pela situação que ficou o país pós Plano
Cruzado 1 e 2, e pelas poucas revistas que tenho desse período, as
propagandas diminuíram. As gravadoras até apostaram em novas
bandas, mas a economia destruía cada vez mais o futuro do país.
Gueto, Nau, De Falla, Inimigos do Rei, Conexão Japeri, Nenhum de
Nós, Kongo, Picassos Falsos, Hojerizah... Porém não houve força.
O
dinheiro do consumidor sumiu, e se a essa altura já estava difícil
comprar o básico, imagine então comprar um vinil ou ir a um show...
Anterior
a Bizz, de artistas nacionais, só vi propaganda do Paralamas
(Selvagem?) e a da Warner (que postei aqui também). Desse período
de bonança, veja só, haviam propagandas inclusive de artistas que
não eram do 1º escalão. Recentemente lendo revistas mais atuais, em algumas não havia nada, apenas propagandas de artistas internacionais. A única que vi foi do trabalho novo da Pitty, o Setevidas. Há muita propaganda de roupa, carro, operadora de celular, calçados, etc.
Em
se tratando de importância, como comparação, cada uma em seu
tempo, Roll e Bizz foram nos anos 80 o que a MTV foi nos anos 90.
Hoje nenhuma publicação especializada tem sequer 1/10 da importância
que as duas tiveram. O prêmio Bizz era tão aguardado quanto um
dia foi o VMB nos 90.
Se aparecer nessas revistas era tudo que o artista queria, imagine então o que era ter nelas uma propaganda de seu disco ou turnê!
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Bizz, março 1987 |
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Bizz, abril 1986 |
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Bizz, agosto 1987 |
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Bizz, julho 1986 |
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Bizz, dezembro 1986 |
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Bizz, fevereiro 1987 |
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Bizz, agosto 1987 |
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Bizz, novembro 1986 |
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Bizz, dezembro 1986 |
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Bizz, outubro 1986 |
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Bizz, maio 1987 |
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Bizz, março 1987 |
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Bizz, agosto 1987 |
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Bizz, julho 1986 |
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Bizz, julho 1986 |
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Bizz, maio 1987 |
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Bizz, julho 1986 |
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Bizz, novembro 1986 |
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Pipoca Moderna, janeiro 1983 |
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Roll, dezembro 1983 |
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Bizz, novembro 1986 |
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Bizz, maio 1986 |
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