10 de outubro de 2014

Quem é Amy Winehouse?

Tempos atrás, quando eu era colaborador de um blog de arte super bacana, fiz uma série chamada 'Quem é Amy Winehouse?'. Nela, eu apresentava artistas da soul music. Era uma clara provocação a quem gostava de Amy Winehouse, que tinha acabado de morrer.

Nunca consegui entender a adoração que algumas pessoas tinham por essa garota. Nunca consegui ver talento nela.

Acredito que essa adoração era muito mais por ela ser 'loucona' do que pelo seu talento musical, que venhamos e convenhamos, não era lá essas coisas. Muito marketing somado a sua vida desregrada valeu a venda de milhões de discos.

Quando ouvi “Rehab” fiquei curioso, sou amante da soul music e, pô, se aparece algo bom novo – como já disse aqui – incorporo na hora! E foi o que fiz. Baixei o disco, mas me decepcionei. Tem gente que quer me matar quando falo isso, mas a verdade é que a Amy Winehouse tem algo em comum com a Sandy (do Júnior): as duas não conseguem mudar a voz, trabalhar a dinâmica, o tom, dar um tratamento diferenciado para o que pede cada música, brincar com a interpretação. As duas cantam de uma forma só e ponto. Praticamente nem existe interpretação. Há composições em que você pode cantar sussurrando, ou gritando, ou rasgando a voz, ou no tom normal. Tanto uma quanto a outra, usam um tom e dele não saem.

Olha o que Etta James faz no vídeo que incorporei ao texto! Vejas os outros vídeos e perceba o quanto é desonroso a todas essas divas querer colocar Amy no mesmo patamar! É vergonhoso querer fazer isso!

Entre suas composições tem sim uma ou outra coisa legal, mas não é nada fora do comum. Esperei o outro disco sair, o Back to Black, mas não adiantou. Eu realmente tentei gostar de Amy, mas não rolou.

Achei legal dela compor as músicas e ser influenciada pela soul music. Falei pra mim: “Uma garota nova que compõe, gosta de soul e não tem medo de dizer sobre suas experiências pessoais, deve ser legal, assim como outras que também compõem e colocam no papel suas experiências". Mas logo vi que não era bem assim.

Mas ela tem um visual legal. A maquiagem dela é bacana, as tatuagens, o cabelo. Ela é toda estilosa. Ok, tudo bem. Mas e a música? Não dá pra confiar em um artista que se torna famoso, não pela música, mas sim pelos escândalos em sua vida pessoal.

Por que eu deveria gostar de uma cantora que ficava doidona em todos os shows a ponto de não conseguir fazê-los? Ela não tinha potência e nem energia, obviamente por conta de seus excessos. Nem ela e nem sua voz. Pra mim, um desrespeito com o público que certamente pagava caro para ver seu show. (Conheço artistas que não tomam drogas em dias de show, exatamente por respeito ao público). Ok, tinha show que ela fazia legal, bacana, mas mesmo assim sem potência e energia.

Não consigo entender essa adoração por gente doidona. Não são só os discos dela que deixam a desejar, mas todo o resto que envolve o universo de um artista musical. Não li uma boa entrevista com ela. Nunca consegui entender o que ela pensava sobre a vida e carreira. Não consegui entender seu modo de trabalho, sua preparação de repertório, sua forma de compor.

Ela separava tempo para ensaiar? Continuava compondo? Qual a relação dela com a banda de apoio? Ela tinha uma certa “disciplina” musical? Qual eram os planos dela em relação a carreira, novos lançamentos e outros projetos? Ela deixou composições novas, mesmo que em gravações caseiras só com violão? Pelo que eu via, a música ficava em 2º, 3º plano.

Amy Winehouse aparecia muito mais em notícias sobre celebridades do que em notícias sobre música. Ela estava mais pra capa da Caras do que para capa da Rolling Stone. Era muito mais objeto de desejo dos editores de fofocas do que dos editores de música. Era sempre “Amy bêbada”, Amy doidona”, “Amy caída”, “Amy com hematomas”, “Amy briga”, “Amy não consegue fazer show”, “Amy descontrolada”. Nunca era “Amy e suas influencias”, “Amy e seu novo show”, “Amy faz show histórico”, “Amy mostra novas composições”, “Amy faz parcerias”, “Amy fala sobre música”, “Amy conta sobre novas músicas”, "Amy dá show de interpretação"...

Amy Winehouse morreu nessa época em que o universo virtual e a mídia quer qualquer coisa para repercutir. A morte dela virou festa da uva (como a de Michael Jackson). Como sempre nesses casos, os sites querendo cliques, os jornais e revistas querendo vendas, a televisão querendo audiência. “U-hu, bora especular!”

Daí vieram textos de especialistas querendo endeusar Amy, querendo dar a ela uma importância que nunca teve! Coisas do tipo “Ó, o que será da música sem Amy?”. A música não mudou por causa dela. Amy Winehouse não trouxe nada de novo. Trouxe sim escândalos que alimentavam, como já disse, a mídia que vive de fofoca! Ela era jovem, limitada e, pelo visto, bastante egocêntrica. O máximo que ela fez foi mostrar a soul music a uma nova geração, e isso foi ótimo! Vender zilhões de discos e ser colocada em listas não significa que exista algo especial por trás disso. Afinal, quantas coisas ruins, insignificantes e efêmeras já não venderam milhões?

É uma afronta querer colocá-la no patamar de diva. Amy precisaria de uma carreira muito maior para pensar em ser ao menos 0,00001% comparada a uma verdadeira diva. Ela estava anos luz de ser algo assim e, por culpa unicamente dela, interrompeu a possibilidade de chegar ao amadurecimento. Não é porque ela morreu, que isso a tornará automaticamente uma diva. Perceba se Amy ou a música dela realmente fazem falta.





















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