16 de setembro de 2014

Rock Brasileiro: 4 - A Morte do Rock Brasileiro?!?

O Sete Doses de Cachaça anuncia oficialmente a morte do rock brasileiro... já que ninguém o faz!

Primeiro é preciso dizer que, na verdade, o rock nunca vai morrer porque é arte, e a arte nunca morre. É só citar Jimi Hendrix, John Lennon e Renato Russo. Posso citar grupos também: Led Zeppelin, Beatles, Ramones. Todos esses nomes realmente morreram?

O rock mudou o mundo e até hoje dita moda e comportamento, porém nunca mais terá o mesmo impacto que tinha até surgir novidades, isso até os anos 80. O grunge teve certo impacto, mas já era uma colagem de influencias. Com o Britpop a mesma coisa, longe de ter o mesmo impacto de movimentos anteriores.

De qualquer forma, o que foi feito de bom irá durar pra sempre. O tempo faz a peneira. Se surgir algo novo bom e de personalidade, será incorporado e bem vindo.

Fora do Brasil ainda surgem novidades interessantes, da pra citar Arcade Fire, Arctic Monkeys e mais zilhares de outras. O problema é aqui. O problema é com quem está fazendo o rock hoje no Brasil.

Lá fora há uma boa educação, boas escolas, boas faculdades e incentivo ao talento da pessoa, seja ele qual for. As pessoas gostam de ler e se informar. Todo esse incentivo e informação só pode dar coisa boa.

O que não é o caso no Brasil.

Aqui o rock morreu há mais de dez anos, só que ninguém teve coragem de falar. É grande a diferença do rock feito nos anos 1980, nos 1990, 2000 e 2010. Se você fizer um gráfico que mostre importância, venda e qualidade, com essas décadas, a queda a partir de 1997 seria íngreme.

Cito somente a partir do início dos 80, porque foi quando o rock começou a ganhar espaço na mídia. As principais bandas dessa geração tinham como preocupação o encaixe da língua portuguesa com as influencias americanas e inglesas. Tem Legião, Paralamas, Titãs, Barão Vermelho, Ira!, Kid Abelha e outros poucos. Se você for analisar verá que todas essas bandas são formadas por roqueiros convictos e leitores contumazes. Era importante passar uma mensagem, sendo uma música de protesto ou de amor, o texto era fundamental. Claro que tinham canções mais pop, onde prevalecia à melodia, mas num contexto geral, a mensagem era importante.

Outra coisa era o lance de ninguém saber se ia dar dinheiro. Era uma aposta de quem tocava e de quem contratava. Tem muito famoso aí que fez questão de terminar a faculdade para se garantir. Tudo era feito por amor. Nesse início se sequer tinha equipamento bom para os músicos populares, imagine então mais voltado para o rock! Ninguém tinha: nem as bandas, nem os contratantes, nem os estúdios, nem nos shows. Tinha que gostar mesmo! Era tudo aventura.

Rock na televisão, nas rádios, nos jornais e revistas, era tudo novidade. Foi a nova onda após a magnífica MPB dos anos 70. Clipe no Fantástico, o incentivo ao consumo com o Plano Cruzado, o rock era a bola da vez. Sobreviveram os bons. Eram toneladas de bandas, mas montes de lixo.

Depois veio a lambada, a crise do coxinha corrupto Fernando Collor e o ressurgimento do rock com a geração 90: Planet Hemp, Raimundos, Skank, Pato Fú, O Rappa, Chico Science e Nação Zumbi e outros poucos que ganharam destaque.

Mas o contexto era outro, já havia equipamento importado, ótimos estúdios, produtores e executivos que entendiam mais do assunto, e até mesmo empresários que sabiam o que fazer. Já não se tratava de uma aventura ou aposta. Ali já se sabia que dava para ganhar dinheiro, que podia ser bom negócio para todos. Porém nem todos os músicos dessa geração eram roqueiros convictos e leitores contumazes. O texto, apesar de diferente, é inferior ao da geração anterior. Mesmo assim coisas legais foram feitas, e ainda havia uma preocupação em encaixar a língua portuguesa nas influencias americanas e inglesas.

Depois disso a maionese desandou. Tirando Los Hermanos, praticamente o resto que veio junto ou depois já estava nessa para ganhar dinheiro, fazer fama, aparecer, deixando completamente de lado a qualidade, e pecando pela falta de criatividade. É uma geração que não lê, não se informa e mal conhece a história do rock. Tem exceção, mas olha... mesmo assim...

Aí sim vejo a tal da americanização do rock brasileiro, porque o que surgiu de rock após a geração 93/94, salvo essas exceções, não se preocupou mais em encaixar a língua portuguesa nas influencias americanas e inglesas. Agora se faz um texto mal elaborado que se encaixe em uma melodia completamente similar as feitas por artistas internacionais.

(e mais uma vez surgiram bandas cantando em inglês, desdenhando o mercado brasileiro, e que hoje cantam em português. Eu acho engraçado rsrs)

Não se pode querer fazer música sem escutar música. E quem não escuta música, pra mim, não gosta de música. Não dá pra querer escrever sem ler.

Não há mais paixão, e a preocupação com a aparência e em sair em revistas de celebridades é maior do que com a música. Até tem a história de um empresário que falou para os integrantes de uma de suas bandas, para que passassem a namorar atrizes globais se quisessem fazer sucesso.

O rock sempre foi contestação, provocação. Agora não é mais. Então morreu.

Pelo menos por enquanto...

PS: já falei aqui de um encarte que vi de um famoso artista onde estava escrito "derrepente".


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