Outubro é o mês que o rock brasileiro faz
aniversário. A data exata é 24 de outubro de 1955. Foi quando a cantora de
boleros Nora Ney entrou em estúdio para gravar “Rock Around the Clock”, aqui
batizada de “Ronda das Horas”. A música foi gravada por conta da chegada do
filme de mesmo título aqui no Brasil. “Rondas das Horas” foi lançada em
novembro de 55 em um compacto simples junto com a música “Ciuminho Grande”.
Nessa época não havia rock no Brasil, portanto não havia ninguém em especial
que pudesse ser chamado para gravar essa versão. A escolha de Nora Ney deveu-se
apenas pelo fato dela cantar muito bem em inglês e com pronúncia perfeita, já
que tinha uma carreira internacional de respeito. Uma semana após seu
lançamento, o compacto chegou ao primeiro lugar na parada da Revista do Rádio.
A partir dessa gravação a história do rock brasileiro passou a ser escrita. Ainda sem ídolos do rock, em 1956 Caubi Peixoto foi o escolhido para gravar o primeiro rock cantado em português, chamado “Rock'n'Roll em Copacabana”, mas essa é outra história. Coincidências da vida, Nora Ney morreu aos 81 anos em 28 de outubro de 2003 (48 anos e quatro dias após a histórica gravação). O fato dela ter gravado o primeiro rock no Brasil foi ignorado em todos os textos e reportagens feitas em consequência de seu falecimento.
A partir dessa gravação a história do rock brasileiro passou a ser escrita. Ainda sem ídolos do rock, em 1956 Caubi Peixoto foi o escolhido para gravar o primeiro rock cantado em português, chamado “Rock'n'Roll em Copacabana”, mas essa é outra história. Coincidências da vida, Nora Ney morreu aos 81 anos em 28 de outubro de 2003 (48 anos e quatro dias após a histórica gravação). O fato dela ter gravado o primeiro rock no Brasil foi ignorado em todos os textos e reportagens feitas em consequência de seu falecimento.
A geração dos
anos 1980 perdeu o seu grande nome. Renato Russo morreu no dia 11, e no dia 19
foi anunciado, por Marcelo Bonfá e Dado Villa Lobos, o fim da Legião Urbana –
não poderia ser diferente. Lembro que pouca gente sabia de seu estado de saúde.
Algumas poucas informações me chegavam não por Brasília, mas no trabalho, na própria
MTV. Apesar de saber sobre eu estado de saúde
delicado, sei lá por quê, eu tinha esperança de que ele melhorasse para poder
viver bem, assim como vive bem até hoje Magic Johnson. O consolo é que a Legião
Urbana já tinha deixado uma grande obra atemporal.
Foi em outubro que aconteceu a grande final do 3º
Festival da Música Popular Brasileira, na TV Record, grande data que ficou
marcada por vários acontecimentos. Sérgio Ricardo, que defendia a música “Beto
Bom de Bola”, arrebentou seu violão inteiro no palco. Caetano com “Alegria,
Alegria” e Gil com “Domingo no Parque” receberam vaias, mas Gil ficou em 2º lugar e Caetano em 4º. A música vencedora foi “Ponteio”, de Edu Lobo e Capinan.
Caetano e Gil foram acompanhados pelas bandas de rock Beat Boys (Caê) e Os
Mutantes (Gil). Nessa época era acalorada a discussão do uso da guitarra na
música brasileira. Pura bobagem.
Por falar em Os Mutantes, o programa de Ronnie Von,
chamado O Pequeno Mundo de Ronnie Von, estreou. Era um programa
que concorria com o famoso Jovem Guarda, porém com uma pegada mais alternativa.
Foi Ronnie Von que sugeriu a Rita, Arnaldo e Sérgio o nome Os Mutantes. Até
então a banda se apresentava como Os Bruxos. Ronnie Von é um dos pioneiros do rock psicodélico no Brasil, mesmo sem nunca ter tomado drogas.
Pra continuar na jovem guarda, lembro que também
foi no mês 10 que Roberto Carlos, no auge da beatlemania, chegou pela primeira
vez, ao primeiro lugar da parada do ibope com “O Calhambeque” que
desbancou nada mais nada menos que “Twist and Shout” do Beatles. “O Calhambeque” fazia parte de um
compacto simples junto com a música “Um Leão Está Solto Nas Ruas”.
O Circo Voador, depois que
saiu do Arpoador, reinaugurou nos Arcos da Lapa. O Circo foi fundamental para a
geração rock dos anos 1980 e é impossível imaginar essa cena sem ele.
Foi no final do mês que alguns
representantes do rock paulistano invadiram a redação do jornal Folha de São
Paulo para desautorizar o jornalista Pepe Escobar a escrever sobre as bandas da
capital paulista. Republiquei a matéria, que originou essa discussão e suas
consequências, aqui no Sete Doses de Cachaça. Procure por Desventuras do Rock Paulistano que está em duas partes por conta dos desdobramentos da história..
Uma coisa que percebi de
cara foi o número de bandas que surgiram em outubro. Cada uma em um ano
diferente, a maioria no início dos anos 80: Ira (ainda sem exclamação), Ratos
de Porão, Inocentes, Titãs, Cólera, Nenhum de Nós e Veludo. Dessas sete,
cinco são paulistanas; das cinco paulistanas, quatro tem influencia direta do
punk rock, sendo que três delas participaram das duas primeiras coletâneas punk
do Brasil: Grito Suburbano e SUB. Titãs também tinha influencias punks, mas não
só punks. Das sete surgidas, seis ainda estão na ativa. E lá se vão mais de trinta anos de carreira e algo em
torno de 53 discos lançados somando as cinco paulistanas (sem contar compactos, splits, coletâneas). Fico pensando
se somássemos todos os shows, qual seria o número?
Percebi quatro fatos interessantes
do Barão Vermelho, todos dentro dos anos 80. Em outubro Barão ensaiou, pela primeira
vez, com a formação original completa: Guto, Maurício, Dé, Frejat e Cazuza. E foi também em outubro que o Barão apareceu, pela
primeira vez, sem Cazuza. Isso foi no programa A Era do Halley, musical feito
pela Globo, e o Barão tocou “Torre de Babel”. Lembro bem disso, e havia uma
grande expectativa em ver a banda sem Cazuza. “Será que o Barão vai ter força
pra continuar?”... ficava essa pergunta no ar. Todos eles eram (e são) muito
legais, então havia a força dos amigos e de quem gostava da banda. O 'Declare
Guerra' tem parcerias com Júlio Barroso, Arnaldo Antunes, Humberto F, Antônio
Cícero, música de Renato Russo, enfim. Um no antes desse especial, a banda
estava em SP fazendo show de lançamento do Maior Abandonado. No hotel tomaram
flagrante da polícia e todos foram para a delegacia por porte de maconha.
Curiosamente Cazuza se safou porque não estava no hotel no momento. O Barão chegou ao fim
dos 80 muito bem na fita, lançando o Barão Ao Vivo (1º ao vivo da carreira),
gravado no Dama Xoc, e novamente no auge por conta do sucesso do Carnaval
(discaço!). “Pense e Dance” fez parte da novela Vale Tudo.
Bem, o Nenhum de Nós
surgiu em Porto Alegre. Teve seu ponto alto em 1987 com “Camila, Camila” e seu
ponto baixíssimo em 1989 com “Astronauta de Mármore”, que estragou “Starman”
de David Bowie.
O Veludo, puro rock progressivo, surgiu em 1974 e acabou 1978. Começou como
Veludo Elétrico e Lulu Santos chegou a tocar um período, mas saiu pra formar o
Vímana. O Veludo não lançou disco, no entanto, alguém tinha uma gravação da
apresentação feita no festival Banana Progressiva de 1975 e acabou fazendo 2
mil cópias em vinil dessa gravação que não tem uma super qualidade. Vale pelo
registro.
Este mês várias bandas surgiram, porém foi
em outubro de 1987 que o Camisa de Vênus anunciou seu fim. Nunca fui grande fã, mas vi alguns shows. Gosto do 1º disco e de algumas outras músicas.
Foi em 1987 que o Camisa lançou 'Duplo Sentido', o primeiro disco duplo do rock brasileiro. Depois desse fim, que separou de vez a formação
clássica, Camisa foi e voltou zilhões de vezes e isso acontece até hoje. Também foi em outubro de 1983 que a banda tocou no Circo Relâmpago,
em Salvador, para lançar seu primeiro disco. Coincidência?
Alguns lançamentos: O
Papa é Pop (Engenheiros do Hawaii), Frutificar (A Cor do Som), Plebe Rude
(Plebe Rude), Magazine (Magazine), Pedra 90 (Gang 90), Voluntários da Pátria
(Voluntários da Pátria), Sunnyside Up (Analfabitles), Supercarioca (Picassos
Falsos), Adeus Carne (Inocentes), Descanse em Paz (Ratos de Porão), Cadê as
Armas (Mercenárias), Samba Esquema Noise (mundo livre s/a), Benzina (Edgard
Scandurra), As Quatro Estações (Legião Urbana), 18 Anos Sem Sucesso (Joelho de
Porco)
Alguns nascimentos: Carlos
Coelho (Biquíni Cavadão), Lobão, Kiko Zambianchi, Luciano Garcia (CPM22), Pedro
Luís (Pedro Luís e a Parede), Baby Santiago, Loro Jones (Capital Inicial),
Leospa (Ultraje a Rigor), Flávio Lemos (Capital Inicial), Carlos Maltz
(ex-Engenheiros do Hawaii), Sérgio Magrão (14 Bis), Franklin Paulillo (ex-Tutti
Frutti), PJ (Jota Quest), Nelson Motta, Selvagem Big Abreu (João Penca)
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