24 de agosto de 2012

Ingressos e Crachás: 4 – MTV Brasil


Agora em agosto falou-se bastante na MTV. Saiu nota na Folha de SP dizendo que ela irá acabar. Esse boato de seu fim ficou mais forte nos últimos anos. O estrago que fizeram com a marca de 1999 até aqui foi grande e parece que ela não tem mais tanta força entre os jovens (não só no Brasil).

Pra mim, a MTV acabou há anos e a prova cabal foi a palhaçada que sua direção fez ignorando por completo a morte de Michael Jackson.

Assim como eu há muitos ex-MTVs que, mesmo tendo momentos de altos e baixos na emissora, têm um carinho especial por ela. São muitas histórias, principalmente em seu auge na década de 1990. Cada ex-funcionário tem certamente um livro de histórias para contar, mas infelizmente 98% delas não podem vir a público... rsrsrs.

Pelo sim, pelo não, juntei aqui alguns crachás de trabalhos exclusivos da MTV, e até onde minha memória deixa, dou um relato de cada um desses trabalhos:



1 - HOLLYWOOD ROCK 1996





A MTV transmitiu ao vivo o Hollywood Rock de 1996. Fiquei incumbido de fazer a direção dos flashes ao vivo que faríamos durante os intervalos da programação da emissora e durante os intervalos dos shows. Era a primeira vez que Chris Nicklas saia do estúdio. Ela gravava o MTV no Ar e sempre com teleprompter. De repente ela teve que fazer entradas ao vivo e recheadas de informações. Ficamos em local privilegiado, tanto em SP quanto no RJ: os flashes eram feitos do camarote.

Xeroquei zilhões de informações sobre todos os artistas participantes, sobre as outras edições do festival, e sentava com Chris para ajudá-la a estudar tudo e assim ela dava o texto com mais naturalidade (ela é ultra profissional e mandou super bem). A trabalho ia, acho, das 16h as 22h. As duas últimas atrações de cada noite eu já assistia sem precisar trabalhar.

Lembro bem dos shows de Chico Science e Pato Fú. Tocaram para praticamente ninguém, mas fizeram ótimos shows. Vi tudo duas vezes. O show do The Cure no Rio eu vi de frente para o palco e em cima de um arco muito alto que fica no sambádromo. Eu, Canisso (Raimundos) e Arci (cameraman da MTV). Esse arco ficava bem em cima do público, e era como se estivéssemos no topo de um prédio de 10 andares. Muito alto. Inesquecível.

Os shows do Black Crowes foram horríveis, assim como os do Cidade Negra.  A dupla Jimmy Page & Robert Plant foi incrivelmente magnífica.



2 - SUPER METAL FESTIVAL





No Super Metal Festival eu não trabalhei. Estava começando na direção e eu cobria férias dos diretores. Me mandaram ir para esse festival mais para observar o trabalho e aprender. O Cacá Marcondes dirigiu e era um trabalho para o Fúria Metal, programa que logo eu passaria a dirigir.

Apesar do som sofrível, os shows foram ótimos. O momento épico foi do P.U.S., ainda com a formação clássica e completamente death metal, feito com o baixista Selvagem com a perna esquerda inteira engessada. Ele tocou sentado no palco e encostado no praticável da bateria. Selvagem era um monstro no baixo, e foi incrível ver o que ele fez nesse dia. O festival aconteceu no ginásio da Portuguesa.



3 - A BARULHERA



O Festival A Barulhera rolou no Aeroanta e tinha um line up de primeira com Garage Fuzz, Pin Ups, Killing Chainsaw, Mickey Junkies e outras. Foram dois dias e os show foram bons. Nessa época eu já era diretor, tinha meus programas, mas estava ali cobrindo férias de Daniel Benevides, que dirigia o Lado B. Eu estava com Soninha, que substituía Fábio Massari, também de férias.

Fiz um especial com entrevistas e uma música ao vivo de cada banda participante, assim como fiz no Juntatribo. Com duas câmeras captei os shows. Com o material fiz um roteiro, editei, finalizei e, pronto para ir ao ar, Massari e Benevides, não quiseram usá-lo. Ou seja, é um belo material inédito e exclusivo de algumas das principais bandas do underground de São Paulo daquela época.


4 - MONSTERS OF ROCK





Por causa do Fúria Metal eu estive em todos os Monsters que aconteceram aqui. Na edição de 1994 eu e Gastão tivemos o privilégio de fazer entrevistas exclusivas com Kiss, Slayer e Black Sabbath (com o coitado do Tony Martin no vocal). Foi demais cumprimentar com aperto de mão Paul Stanley e Gene Simmons. E foi engraçado ver Jeff Hanneman jogar o cheiro de seu peido para o Kerry King cheirar. Na entrevista do Kiss Gene Simmons a certa altura pediu o encarte do Kiss My Ass (disco tributo) e, quando viu que a qualidade não era a mesma que na edição gringa e que praticamente não tinha informação nenhuma, ele deu um esculacho na gravadora, no meio da entrevista, e olhando para câmera. Falou coisas como “isso é um desrespeito com o fã do Kiss”, “isso não é certo já que a banda preza pela ótima qualidade de seus discos”, entre outras coisas. Claro que, infelizmente, não pude usar isso no programa. Sobre o Monsters de 1998 eu já escrevi aqui.

Teve a edição de 1996 também no Pacaembú, com Motorhead, Mercyful Fate, mas que eu não achei grandes coisas. Nessa a MTV não fez nada. Iríamos fazer entrevistas com os principais nomes do festival, mas Gastão ficou doente e o Fúria Metal passou em branco nessa edição.



5 - SKOL ROCK




Eu trabalhei em duas edições do Skol Rock, mas só me lembro de uma. Exatamente a que aconteceu em Curitiba, na Pedreira Paulo Leminski. Era a grande final e eu fiquei encarregado do roteiro e coordenação de transmissão. Não lembro bem, mas acredito que foram pelo menos 10 horas de transmissão ao vivo. Fazíamos flashes durante a programação, também tínhamos que mostrar as bandas concorrentes, o grande resultado final e, por fim, os shows de Helloween, Iron Maiden (com Blaze Bailey argh!) e Raimundos.




6 - ACÚSTICO MORAES MOREIRA



Acústico Moraes Moreira??? Teve isso??? Eu não trabalhei, só fui assistir e, por incrível que pareça,o show foi ruim.


7 - VIDEO MUSIC BRASIL







Nos VMBs nunca trabalhei com uma função específica. Eu costumava ficar atrás do palco batendo o roteiro com a direção e coordenando, a movimentação de entrada e saída de apresentadores e artistas. Quem ia pra onde, quando e como. Gostava disso. Era um trabalho insano, mas bastante divertido. Lembro do VMB em que o Racionais ganhou o cobiçado prêmio de escolha do público, no momento o grupo  tinha saído do palco e estava ao meu lado assistindo ao resultado em um monitor que tínhamos nos bastidores. Quando saiu para o Racionais, o grupo e seus agregados pulou, festejou, se abraçou, riu, e no momento em que a cortina se abriu para a banda voltar ao palco para receber o prêmio, todo mundo parou, se calou, e fez cara de mau... mudaram a postura no mesmo segundo. Nos bastidores era uma correria, principalmente com os artistas que ganhavam mais de um prêmio. Logística doida.

Das festas eu não gostava, ia sempre só pra marcar presença e sair o mais rápido possível. Não gosto de lugares que dão bebida de graça. O clima nunca é bom. Nem todo mundo sabe beber. Eu costumava ir, passear pelas pessoas, dar um oi na área VIP e tchau! A última festa que fui, de 1999, me marcou por ter encontrado Cássia Eller fora da área VIP, perdida entre o povo todo. Ela parou ao meu lado, nos olhamos, a cumprimentei, falei que era de Brasília, conversamos rapidamente e ela foi andar pela festa.


8 - CRACHÁS MTV





Até mais ou menos 1996, os crachás da MTV tinham poder. Eu entrava em muitos shows na base da carteirada. Isso acontecia até mesmo em alguns shows internacionais, e servia para todos os nacionais. Sei de gente que entrou até em grandes festivais. Mas não fazíamos isso de molecagem. Claro que era ótimo entrar em um bom show de graça, mas era trabalho também. No dia seguinte conversávamos sobre os shows no trabalho e tinha gente que não ia a determinada apresentação, mas que precisava e usava essas informações. De vez em quando até escrevíamos críticas para alguma revista.

O crachá dentro do prédio não tinha muita importância, só o pessoal da segurança que vivia pedindo para deixá-lo aparente, o que era raro...

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