11 de março de 2010

Pirataria

Eu compro filmes e jogos piratas. Compro também produtos oficiais. Eu compro os piratas sempre em três bancas que conheço. Em um caso a venda é feita para complementar o salário baixo e nos dois outros casos é pura falta de emprego e perspectiva. Desses dois casos um entrou nessa depois de ficar três anos desempregado, e o outro resolveu vender pirata porque agora ganha mais do que quando tinha barraca de legumes na feira. Trabalhava como um escravo, as vezes quase 20 horas por dia, pra nunca ganhar nada e sempre estar em dívida. Depois que abandonou a banca de legumes, passou a ganhar dinheiro e agora está conseguindo limpar o nome e pagar as prestações da Kombi velha e da geladeira.

É uma apelação o governo gastar dinheiro com campanhas anti pirataria dizendo que comprando esse produto estou dando dinheiro pra bandido. Bandido ganha dinheiro na política, com drogas, armas, assaltos a banco, não vendendo dvd a 2 reais, esse não é o ganho real dele. Não é fácil ter que cuidar de uma família e não ter emprego, pior, não conseguir ver futuro melhor e se aquele é o único ganho de uma mãe de família desesperada que não encontra outra saída, o que fazer? E mesmo assim o que ganha é sempre a conta certa para o amanhã, não se guarda nada. Não se faz planos.

Entro numa loja especializada e vou direto procurar os jogos que gosto e sempre me deparo com duas coisas péssimas: o preço altíssimo e a falta de dublagem ou legenda no produto. Aí fico me perguntando se vale a pena comprar um produto muito caro – estou falando de 200 a 300 reais – que chega a mim sem nenhum cuidado da empresa que o faz. Os impostos são embutidos, e nós consumidores acabamos pagando caro pelo descaso da empresa e do governo.

O mesmo acontece com uma locadora que cobra de 5 a 7 reais pelo aluguel de um lançamento em dvd. O empresário compra o filme a um custo também altíssimo e repassa a nós consumidores. Com 7 reais compro 3 filmes que ficarão comigo pra sempre e ainda posso emprestar para a família e amigos. Quem tem filho sabe o quanto é difícil disciplinar nesse mundo de publicidade e consumo que vivemos. Você vai à loja e o lançamento da moda e mais caro que o produto de preço altíssimo! E o pior é que a criança assiste 15 vezes seguidas e deixa lá. Passa um ou dois anos, ela cresce e naturalmente acaba perdendo o interesse pelo filme que foi pago uma fortuna.

Olha, eu não tenho culpa de não ter dinheiro para consumir o que gostaria. Trabalho duro, me dedico a família e é sempre um sofrimento para juntar um dinheirinho. E mesmo assim chega algum momento em que você se vê obrigado a abrir mão do dinheiro guardado. Aí acontecem coisas como o mensalão, os sanguessugas, os aloprados e agora a história do Bancoop.
E eu? E minha honestidade? E o meu trabalho? E os impostos que pago? Vou sim continuar a comprar jogos e dvds piratas e a baixar as músicas e filmes que quiser.

Tá todo mundo errado, inclusive eu, mas me desculpe, não sou otário.

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