Como desdobramento do texto anterior (link no fim palavra "bolha"), faço esse tema e
pergunto: festival alternativo serve pra quê? Pra mim isso é uma grande
bobagem, e interessa apenas a quem ganha com isso: quem organiza, quem aluga a
aparelhagem de som e luz, o local do evento, quem faz o bar... É um negócio que
até gira uma grana e gera empregos temporários diretos e indiretos. Ok.
Mas fazer um festival alternativo deveria também
comtemplar as grandes estrelas que são os artistas. No entanto, o que sobra à
eles? Um cachêzinho meia boca e em certos casos nem isso.
É nítido que róla uma panela dos organizadores desses
festivais, cada um em sua região. Há interesses por trás, muita política, etc.
Exatamente igual ao que acontece nas grandes gravadoras, nos rádios, TVs,
festivais mainstream (como o RiR). No fim, os bastidores são podres iguais, cada um dentro do seu
universo.
O que adianta um festival alternativo colocar 50 bandas
pra tocar? O que ele quer com isso? Qual o objetivo? Não consigo entender. Se
os organizadores quisessem de fato ajudar aos artistas, o modelo de negócio
seria outro.
Nos anos 90, 3 festivais cumpriram seu papel. Juntatribo,
Superdemo e Abril Pro Rock praticamente apresentaram o que viria a ser a nova
cena daquele período: Skank, O Rappa, Planet Hemp, Pato Fu, Raimundos, Chico
Sciense & Nação Zumbi, mundo livre s/a, Acabou La
Tequila... e outras bandas poderiam ter se dado bem caso não cantassem em inglês.
É sempre bom lembrar que o contexto era outro. Até por isso
sou contra esses festivais de hoje terem zilhares
de bandas tocando. Hoje, em tempos onde há quantidade sem qualidade, seria bem
melhor concentrar a atenção em poucos e bons artistas. Assim, acredito, seria
bem mais fácil o festival cumprir ao menos parte de seu papel.
É só pensar: quantos festivais alternativos há no Brasil
hoje? Grosso modo ao menos uns cinco, e isso já há anos! Pois bem, pensemos nos
últimos 10 anos desses festivais. Quantos artistas passaram por esses palcos? E
quantos deles chegaram ao grande público ou ao menos conseguiram certo destaque
na cena alternativa a ponto de conseguir viver de sua música? Nos últimos 20 anos alguma cena
surgiu ou se destacou com a ajuda desses festivais?
Dos pouquíssimos nomes que se destacaram nesses últimos
anos, nenhum surgiu de festivais.
Agora, se a ideia é apenas montar palco e botar gente pra
tocar lá e divertir todo mundo, então ok. Mas até onde sei esse tipo de festival é não só pra se divertir, mas pra dar
espaço a novos nomes, ajudar na divulgação do trabalho e chamar a atenção da mídia. Porém, não vejo a
grande mídia cobrindo esses festivais. E nem adianta falar pra mim que isso é
culpa da própria mídia! Não. A iniciativa e interesse da cobertura deve partir principalmente da organização. Trabalhei anos na MTV e em outras produções que envolvem música, e sei que quando há esforço, há bons frutos.
Pra quem organiza, é trabalhoso, eu sei. E pode ser divertido pra quem participa (e bem cansativo também), todos se encontram, trocam ideia, divulgam o material, vendem
merchandising e tals, e pronto. Acabou.
Ok. Os artistas saem com contatos novos, armam shows em outras
cidades, mas fica nisso, dentro de uma bolha. Pra mim, a organização tem a
obrigação de ligar para as rádios, tvs, jornais, sites. E não só isso, mas
também entrar em contato com gravadoras e selos maiores pra falar sobre algumas
bandas que podem se destacar. Usar seus contatos. Levar esses profissionais até lá. Criar um bom
material de divulgação e enviar para as principais mídias. Há como fazer tudo
isso.
A organização desses festivais alternativos tem que fazer algo menor, com menos nomes, pra se ter mais controle da qualidade, da organização e da logística. É preciso trabalhar melhor o pré e o pós. Com menos nomes e todos se ajudando é capaz até de surgir uma nova cena.
A organização desses festivais alternativos tem que fazer algo menor, com menos nomes, pra se ter mais controle da qualidade, da organização e da logística. É preciso trabalhar melhor o pré e o pós. Com menos nomes e todos se ajudando é capaz até de surgir uma nova cena.
Aí sim é fazer a diferença! Aí sim é chutar a porta de
saída do gueto!
Resumindo: festivais alternativos existem para ajudar a
divulgar novos nomes e a criar uma cena. Mas eles, há tempos, não fazem isso.
Então....
PS: Até o Rock in Rio 1985 fez seu papel nesse contexto que escrevo. Veja o que aconteceu com o rock brasileiro depois dele!
PS: Até o Rock in Rio 1985 fez seu papel nesse contexto que escrevo. Veja o que aconteceu com o rock brasileiro depois dele!
Nenhum comentário:
Postar um comentário