3 de março de 2015

Novidade? Mesmo?? Tem Certeza???

Não entendo essas pessoas que são ávidas por novidades na música. Em pleno século 21, já correndo 2015, tem gente que ainda acha que irá encontrar algo que seja de fato uma novidade.

Não é pessimismo, mas isso não vai mais acontecer. O que acontece e irá continuar acontecendo, é de aparecer algumas coisas que podem chamar um pouco mais a atenção, mas jamais algo revolucionário. Até os anos 80 isso acontecia, mas depois rareou. O próprio grunge já não era uma novidade: algumas bandas tocavam um punk de raiz, outras punk com metal e também tinha as que faziam punk com hard rock. Nem mesmo a cena Madchester tinha algo de realmente novo.

Em relação ao país, aqui no Brasil já é osso. Quem acompanha o Sete Doses sabe que não sou nenhum pouco otimista quanto a uma nova cena rock, ou alternativa, ou da MPB ou qualquer outra coisa.

Eu sempre vejo os programas de videoclipes que passam em alguns canais musicais (portanto, não estou falando de MTV). E tem muitos programas que dão espaço para os novos nomes da música, também porque há mais canais. Ótimo!

Porém você ouve tudo que é novo, e tudo parece velho. Sim, porque muitos da nova geração gostam do lance retrô. Marcelo Camelo e Los Hermanos inauguraram uma era de cantores que cantam choramingando. São vários que cantam da mesma forma como canta Marcelo. Já ouvi bandas de Brasília, São Paulo, Rio, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza, de todos os lugares, mas que seus vocalistas cantam igual a Marcelo Camelo, e todas soam iguais, ou muito parecidas. E Los Hermanos já tinha uma sonoridade retrô, mesmo trazendo de forma ímpar a mistura de rock com bossa e mpb.

Os artistas que fazem a fusão rock – mpb são os que mais tem a sonoridade parecida, porque todos vão atrás da Bossa Nova e Chico Buarque. Até as letras ficam parecidas... e são sofríveis! Eu fico me perguntando se sou só eu que percebo essa absurda semelhança entre todas elas. Não é possível! OS clipes em sépia, Super 8, PB, figurinos dos anos 50, 60. O pior de tudo é que tanto o rock como a mpb, os dois gêneros são muito ricos!

Uma pena essa urgência em querer fazer sucesso e aparecer. Tem que deixar maturar, experimentar antes de dar a cara à tapa. Ter domínio no que está fazendo, e certeza do que está fazendo. E, acima de tudo, por mais absurdo que seja, é bom dizer, tem que gostar do que faz.

Aí se vê duzentos fazendo poses iguais, com influencias iguais, letras iguais, linguagem visual iguais, melodias iguais. Afff! Nivelando por baixo, sorte daquele que tiver vontade de escutar um pouco mais de música, digo conhecer mais que 10 artistas, e ler ao menos 2 livros por ano. Certamente essa pessoa terá destaque. Que o digam as bandecas de rock atuais. Depois do CPM22 surgiram mais 458 CPMs iguais. Tão iguais que até a divisão silábica que fazem nas musicas são idênticas. E as paradinhas? hahaha

Todas querem soar como Offspring ou Bad Religion. Credo! Percebe-se também que as influencias não passam de meia dúzia. A consequência é que todas soam como as bandas dos 90: Pennywise, No Fun at All, NOFX, Sick of It All e outras. Até a performance e o jeito de segurar o instrumento são iguais, seja guitarra, baixo, bateria, teclado ou microfone. Trejeitos iguais!!!!! Socooooorro!!!!! rsrs

Das alternativas, ou querem voltar aos anos 60 ou querem soar como Foo Fighters. Dia desses vi o clipe brasileiro de um cara no piano que se achava John Lennon, e crente que estava fazendo algo de novo. Gritando como John Lennon. Idêntico a John Lennon e querendo ser novo. Esses alternativos estão sempre com a mesma postura de cara séria, olhando pra baixo, igual aos alternativos dos anos 80 ou 90. Vi também uma garota que se achava a PJ Harvey. Deu pena.

Com outros gêneros acontece à mesma coisa. Faz tempo que ando afastado da cena metal, mas pelo que ouço não percebo nada que chame a atenção. Todas elas soam como as bandas de trash e black dos anos 80 e 90. Com o pop é a mesma coisa. Passam os anos e tem sempre uma cantora pop ou pop/r&b acontecendo, principalmente pós Madonna, Paula Abdul e Whitney Houston: Spice Girls, Britney Spears, Christina Aguilera, Shakira, Rihanna, Jennifer Lopez, Pink, Beyonce, Katty Perry, Mariah Carrey... Tem mais um monte, mas acho que já é suficiente para bater o olho e ver que realmente todas soam iguais ou parecidas, tenham feito sucesso em 1990 ou 2015. O marketing é igual e os shows com luzes e coreografias também.

Mais uma vez digo: adoro novidades, mas quando elas são de fato novidade, o que é cada vez mais raro. Assim como gosto de gente de personalidade, também gosto de artistas de personalidade, que buscam fazer com suas influências (necessariamente antigas), algo realmente novo, e não igual aos ídolos. E pra fazer algo novo é preciso conhecimento e personalidade.

Ah! E se é para escutar o novo que soa como antigo, prefiro ficar com o antigo, que, além de ser original, é muito melhor! 

(Ilustro esse texto com alguns artistas que mudaram o rumo da música pop por terem sido de fato novidade)

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