30 de julho de 2013

Em agosto...

Agosto é mês de fatos interessantes. Muita coisa aconteceu com Secos e Molhados. Foi em agosto que a banda lançou o primeiro disco. Um ano depois, no mesmo mês, lançaria o segundo, porém o esperado super lançamento  foi substituído pelo anúncio inesperado da saída de Ney Matogrosso e Gerson Conrad. Saíram juntos porque se recusaram a se tornar funcionários da marca Secos e Molhados. A banda chegou a gravar um clipe para o programa Fantástico da Rede Globo com a música “Flores Astrais”. O disco chegou a ir para as lojas, porém não havia mais banda. João Ricardo ainda tentou ressuscitar o Secos e Molhados algumas vezes, mas nunca mais alcançou sucesso. Ah! 1º de agosto é aniversário de Ney Matogrosso.

Outras coisas legais aconteceram nesse mês do cachorro louco. Renato Russo criou Legião Urbana que, no início, era pra ser um coletivo. Um ano antes, em São Paulo, começou uma série de shows intitulados de Grito Suburbano que se tornou a primeira coletânea de punk rock brasileiro. Um clássico!

Outro grande fenômeno aconteceu, mas no cinema. Estreou o filme Bete Balanço, que lotou todas as salas onde foi exibido. Eu tive que sentar no chão da sala de cinema. O filme estreou já na expectativa do Rock in Rio, porque todo mundo lembra a histórica 1ª edição do festival em jan/85, mas é bom lembrar também do ano anterior, que foi cheio de expectativas em relação aos artistas escalados. Tudo era literalmente inacreditável porque a cada nome confirmado, todos falavam “só acredito vendo”. A revista Roll fez toda cobertura e, mesmo vendo os artistas chegarem para os shows, a ficha só caia quando os víamos nas janelas e sacadas do Copacabana Palace. Jornais, revistas, rádios e televisão, todo mundo queria dar as novidades sobre o Rock in Rio. Era algo de fato inacreditável ver o AC/DC caminhando na calçada de Copacabana.

Então, por tudo que o país estava vivendo, pela aguardada abertura política, pelo Rock in Rio, pelo número crescente de bandas que surgiam e pelo sucesso de Barão Vermelho, o filme Bete Balanço foi um enorme fenômeno de bilheteria e que transformou a cabeça de muita gente. Não é só o filme pelo filme.

Neste mês foi também quando Eduardo Dusek entrou no palco do festival MPB/Shell, da Rede Globo para cantar “Waldirene, a Paranormal”, mas tocou “Barrados no Baile” junto com João Penca & Seus Miquinhos Amestrados. Foi desclassificado, claro. Essa parceria entre cantor e banda infelizmente não deu certo, porque não era João Penca acompanhando Dusek e sim os dois juntos, mas ajudou e muito na divulgação do rock brasileiro.

Ainda dos anos 1980 é bom lembrar que agosto faz bem a memória do Ultraje à Rigor porque foi quando lançou o ótimo 2º compacto, com “Eu Me Amo” e “Rebelde Sem Causa”. Os dois compactos lançados pela banda serviram muito bem de aperitivo, porque quando o 1º disco saiu, em 1985, muita gente já conhecia o repertório, ou boa parte dele. Não à toa que neste mês ganharam disco de ouro por Nós Vamos Invadir Sua Praia. Na época ganhava Disco de Ouro quem vendia 100 mil cópias. Foi a primeira banda paulista a ganhar Disco de Ouro (em dez/1985 foi platina – 250 mil discos vendidos).

Não acredito que alguém irá comemorar isso, mas o blog faz menção honrosa para o festival Juntatribo que em 1993 fez sua 1ª edição. Esse foi o grande acontecimento do underground brasileiro dos anos 1990, e dessa edição participaram 17 grupos, entre eles Raimundos, Mickey Junkies, Pin Ups, Killing Chainsaw, Muzzarelas, Okotô e Second Come. Fui às duas edições. Ótima balada. Saí das duas cheio de poeira e com cheiro de fumaça, por conta das fogueiras que todo mundo fazia para espantar o frio da UNICAMP. Em 1990 minha namorada na época e amigos estudavam na UNICAMP. Era comum irmos ao observatório beber vinho e passar a noite em volta de uma fogueira, então, pra mim, o Juntatribo foi um flashback dessa época. Difícil dizer a melhor das duas edições. A MTV Brasil fez a cobertura dos dois anos, e fui eu quem roteirizei e finalizei o material de 1994.

Outro disco que merece atenção é o Panela do Diabo, de Raul Seixas e Marcelo Nova. A gravadora antecipou seu lançamento por causa da saúde frágil de Raul. Adiantou pouco, porque dias depois de seu lançamento Raulzito morreu. Tinha apenas 44 anos. É inacreditável a pouca idade. 

Alguns dos aniversariantes: Ney Matogrosso, Sérgio Murilo, Juba (bt Blitz), Max Cavalera, João Barone, Fred (ex-Raimundos). No mesmo dia dois bateristas: Guto Goffi (Barão Vermelho) e Aldo Machado (ex-Camisa de Vênus). Dadi (Novos Baianos e A Cor do Som), Andreas Kisser, Oswaldo Vecchione (Made in Brazil) e Luiz Sérgio Carlini (Tutti Frutti).

Alguns lançamentos: Roberto Carlos (2º disco), The Jet Blacks (1º), Renato e Seus Blue Caps (2º disco sendo esse com Erasmo Carlos no vocal), Garotos Podres (Mais Podres do que Nunca), Joelho de Porco (São Paulo – 1554/Hoje), Capital Inicial (Rua 47), Camisa de Vênus (Batalhões de Estranhos), Cazuza (Burguesia, no mesmo dia da morte de Raul Seixas), A Cor do Som (Transe Total), Ira! (Vivendo e Não Aprendendo) e Meire Pavão (A Rainha da Juventude).








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