25 de novembro de 2010

Série Coisa Fina 4: J.J. Burnel (The Stranglers)

No punk rock os protagonistas são a guitarra e os berros vocais. O baixo fica em segundo plano. Na cena novaiorquina e londrina do punk rock de 1974 a 1978 há alguns baixistas que se destacaram e ajudaram a dar sequência ao instrumento. Pra mim, o melhor e mais importante deles (Dee Dee não conta, está acima de tudo), é Jean-Jaques Burnel, o JJ Burnel, baixista do The Stranglers, banda que era uma espécie de patinho feio do punk rock, mas não no mau sentido.

Filho de pais franceses, JJ nasceu em Londres, mas anualmente ia para a França. Fora o baixo ele tem outras duas paixões: o Karatê e motocicletas. Mesmo antes de entrar para o Stranglers JJ já treinava a arte marcial preferida do senhor Miyagi, indo inclusive ao Japão para tal. Ele é faixa preta 6º dan, e dono da respeitada academia Shidokan onde também dá aulas. Tem uma coleção de motos Triumph (inclusive em seu 1º álbum solo há uma música chamada “Triunph (of the Good City)” com marcação de baixo e um motor roncando o tempo todo).

Não vou me ater ao lado técnico, mas a sonoridade de seu baixo esta ligada, claro, ao equipamento que usa (Fender) e a forma como dá suas palhetadas mais perto da ponte, mas fato é que suas frases, riffs e marcações graves fizeram escola e deram um novo status para o baixo, principalmente, pela forma como ele foi mixado e nos timbres que JJ usa como distorções, wah wahs e outros efeitos, assim dividindo a mesma atenção com os outros instrumentos - o uso da palheta ajuda e muito a dar a forte característica na sonoridade do baixo de JJ. Na cena punk o que ele fazia nos anos 1970 era único. A sonoridade que ele criou foi muito importante para as cenas que surgiram após o punk rock.

Ele gravou dois álbuns solos: ‘Euroman Cometh” (1979) e “Un Vour Parfait” (1988, inteiramente cantado em francês). Em ‘Euroman Cometh’ Burnel fez agradáveis experiências com bateria eletrônica, teclados, baixo, e com efeitos vocais cantado em inglês, francês e até alemão. Alguns momentos do álbum me lembram Tones on Tail.


Apesar de ser experimental e obscuro, ele também foi importante para o pós-punk. Foi feito em 1978 nos intervalos das gravações de ‘Black and White’ do Stranglers. Nessa época JJ não tinha onde ficar e passou a dormir no estúdio. Quando todos iam embora ele gravava suas experiencias. Em 1992 o álbum foi relançado em CD. É um trabalho atual.

JJ Burnel também fez parte do grupo Purple Helmets, junto com Dave Greenfield também do Stranglers. Era um projeto paralelo formado no final dos anos 1980 onde só tocava covers e chegou a gravar Clash, Doors, Roy Orbison e outros.

Não sei o motivo pelo qual o Stranglers não é conhecido no Brasil, mas isso não diminui em nada a importância de JJ Burnel, porque hoje quem é baixista e gosta de rock alternativo e punk rock, pode não saber ou conhecer, mas tem grande influência de JJ.

Essa é minha sugestão de álbuns do Stranglers para conhecer bem o estilo de Jean-Jaques Burnel: ‘Rattus Norvegicus’ (1977), ‘No More Heroes’ (1977), ‘Black and White’ (1978), ‘The Raven’ (1979) e ‘La Folie’ (1981).











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