23 de outubro de 2009

Iggy Pop e o Beijo de Língua (Projeto SP - 1988)




Assim como o Ramones, o Iggy Pop era outro artista que pra mim era impensável vê-lo ao vivo no Brasil. Eis que pra minha surpresa ele veio.

Dizem que quando o artista não está bem, em baixa nas vendas e na agenda, ele acaba explorando outros lugares. Então.... me dei bem! 

Era 1988, e o show fazia parte da turnê do fantástico disco Instintc. Disco pesado, com participação de Steve Jones (ex-Sex Pistols) nas guitarras. Lá estávamos eu e um velho amigo. Era um domingo e chegamos ao Projeto SP umas três da tarde. O local nem estava aberto e nós ficamos lá com o segurança escutando pelo rádio um jogo decisivo do Corinthians (em que ganhou o campeonato com gol de Viola).

Pouco mais tarde chegou a banda para a passagem de som. Ela era incrível e entre os integrantes estavam o ex-baterista do Psicodelic Furs e ex-baixista do UK Subs. O show prometia! Ouvimos a passagem, que foi de poucas músicas, entre elas “No Fun” e uma interminável “I Wanna Be Your Dog”. No final corri para a parte de trás do Projeto SP para tentar conseguir um autógrafo de Iggy, mas foi em vão, pois ele já havia saído.

No resto da tarde ficamos por lá, tomando cerveja e comendo cachorro quente.

Queríamos ser os primeiros a entrar e conseguimos. Assim que abriu corremos para frente do palco – coisa que nunca gostei, sempre assisti aos shows no fundo, longe da aglomeração. Entre o palco e o público foram colocadas grades de ferro que batiam na altura da cintura e nos deixavam uns dois metros do palco.

Lá ficamos sem arredar o pé. Antes do show rolava uma fitinha com bandas punks e pós-punks. Ficamos entre Iggy e o guitarrista da banda, perto do P.A. O show foi um desbunde, fantástico. Junto com o 1º do Ramones em 1987, o melhor que vi.

Durante o show inteiro Iggy Pop ficava ameaçando fazer um streap tease, coisa que não rolou. Num dado instante, ele pegou o pedestal de microfone e ficou rodopiando-o, mas ele escapou de sua mão e voou para o público atingindo a cabeça de uma garota. Sem a música parar Iggy perguntou se estava tudo bem com ela e deu seqüência, pois só foi um susto.

O Projeto SP não estava lotado e, como na 1ª passagem de Ramones por aqui, percebi que nem todo mundo conhecia Iggy Pop. O show foi uma porrada só, até pensei que a bateria iria desmoronar de tanta pancada que ela tomava. Iggy tocou todos os sucessos imagináveis e aquele era um período que ele estava absolutamente rock’n’roll, depois de discos mais pops, ele voltou as raízes com muita raiva. Sorte de quem foi ao show!

Ao meu lado tinha um gay cabeludo que não parava de gritar e num certo momento Iggy tirou o tênis e as meias. Jogou-as para o público e uma delas veio direto pra mim, bateu na grade em que eu estava encostado, mas como não sou bobo, não quis pegar aquele chulé hahaha. O gay ao meu lado pegou e passou o resto do show cheirando, lambendo e mordendo a meia. Credo! Eu não consegui entender o cara, pois ele amava Iggy, mas não sabia cantar uma música sequer.

Bom, o fato é que Iggy Pop, num momento de improviso da banda – acho eu que em “No Fun”, resolveu se aventurar perto do público. Ele desceu do palco e começou a andar em cima das grades que separavam o palco do público. Eis que para minha surpresa ele veio em minha direção, ficou de frente pra mim e eu até dei um tapinha em suas costas. Mas o incrível ainda estava por vir, pois não é que Iggy e o gay ao meu lado tascaram um beijo de língua! Sim, daqueles pornográficos em que se vê as línguas entrelaçadas para fora da boca. Eu fiquei ali meio pasmado vendo tudo e colado nos dois. Inesqucível. Eu olhei pro meu amigo e não acreditávamos naquela cena. Terminado o show Iggy Pop deu um longo bis, de pelo menos uns vinte minutos.

Sai de lá quase surdo e meu ouvido ficou apitando por vários dias. Foi bom demais! Quem viu, viu.





2 comentários:

Edu Collaço disse...

amigo paulo,
essas ocasiões são inesquecíveis mesmo.
estar perto dos nossos ídolos nos marca a memória para sempre.
eu também tive essa sorte - por duas vezes - e jamais esquecerei: a primeira (faz tempo pra caramba)foi com peter frampton no camarim do saudoso olympia e mais recentemente numa festa privê com os scorpions...
em ambos rolaram estórias divertidas...hilárias, até...
em breve eu espero dividir com aqui no 7 doses com vc.
abraço fraterno do seu parceiro prá lá de inconstante,
edu collaço

Ernesto Ribeiro disse...

Iggy Pop sempre foi um poser de merda absolutamente imprestável, mas desde que David Bowie decidiu patrocinar a carreira falida dele respirando por aparelhos, ele é babado por todos os rockers descolados. Nada é mais ridículo do que um coroa de 40 anos de idade com a cara de maracujá toda enrugada cantando que "Eu recém-fugi da escola / Eu sou uma verdadeira criança selvagem."