Mas em Brasília eu estava no show do Teatro Galpão em 1984: a estreia de Escola de Escândalo (grupo antigo, mas nome novo), Finis Africae em um dos primeiros shows, e Nº 2 também em um de seus primeiros shows. O Nº 2 nem durou muito. Com seu fim surgiu o Akira S...
O grupo era realmente diferente do que acontecia na época, um pós-punk experimental que jamais chegaria ao grande sucesso, e isso era sabido por todos.
Como Luiz Calanca, da Baratos Afins, é um cara inteligente e esperto, topou gravar e lançar o grupo. Não sei se ainda tenho, mas ao menos eu tinha uma cópia do disco. Não São Paulo consegui gravar de um amigo de SP, e quando cheguei em Brasília, muita gente fez uma cópia da gravação (eu tinha dois tapes).
Essa reportagem da Bizz saiu na edição de outubro de 1986 por ocasião do lançamento do disco. Acredito até que ele tenha demorado pra sair um pouco além dessa matéria, e ele tem uma curiosidade legal.
Então a solução para lançá-lo logo foi fazer meia capa.
Você comprava o disco, tinha a capa da frente, o vinil e o encarte. Não há contra capa. Tudo
vinha em um plástico protetor. Não dava mais pra esperar! Um ano é muito tempo,
e o grupo já tinha novas músicas, nova formação etc.
O grupo não durou muito e também não foi muito longe em relação a divulgação, mas ao menos conseguiu registrar seu experimentalismo.
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Akira S & As Garotas Que Erraram
Samba e Futebol
... Mais funk & educação sexual, baixos suingantes & rádios de ondas curtas, mais... Luiza de Oliveira puxa o fio da meada.
“Acho que quem repudia o samba está atrasado”, explica o vocalista e letrista Pedreira Antunes: “É até justificável que em um certo momento, para ir contra as nacionalices, se pregasse uma cultura internacionalizada. Mas agora isso virou o modelo vigente”> Akira S, baixista e autor de quase todas as músicas da banda, emenda: “O samba é um negócio forte. Qual é o problema de dar uma incorporada? É claro que sem virar o oposto, uma Tropicália. A gente não força a barra, só faz um aproveitamento”.
É, e não ó com o samba. Trabalham com mil outros elementos musicais. A própria “O Futebol” tem, além do samba introdutório, o ritmo discoteca quebrado em 5x4, rock’n’roll, bossa nova e o vocal guinchado de Pedreira, cuspindo uma letra nada convencional para o tema: “O futebol me disse o que eu quero / o futebol me disse o que eu não / o futebol me disse um a zero...”
Eis a marca de banda: sair a procura da renovação, do estranho, a partir de um novo tratamento dos elementos musicais e das letras. Há dois anos, Pedreira tinha acabado de sair da banda Nº 2 e vinha tentando criar um novo discurso para as letras de música. A ideia era usar palavras pouco convencionais em construções coloquiais – por isso seu vocal é quase sempre falado: “Com essas letras, eu sou obrigado a falar”, explica.
Akira, um apaixonado pelo rock do King Crimson, tinha tocado disc delao em bailes e samba no Beco, no Oba-Oba e na Catedral do Samba. Na época andava fazendo experiências com música eletroacústica. Decidiram experimentar a fusão dela com ritmos dançáveis, em especial o funk. Resultado: o casamento perfeito de duas pessoas que queriam trabalhar, com grande fluência, elementos que até podem parecer absurdos.
A ideia inicial do grupo era trabalhar apenas com baixo, bateria e tapes. “Eu estava cansado dos vícios guitarrísticos”, lembra Akira. Mas, gradualmente, os planos foram mudando.
Logo após a entrada de Edson, uma segunda baixista, Anna Ruth (ex-Nº 2 e atual Cabine C), também vinha para a banda. Em seguida foi a vez da tecladista Corina. O teclado abriu espaço para uma guitarra e, este ano, logo após a saída de Anna Ruth, a banda apareceu com o ex-Voluntários da Pátria Giuseppe Frippi, “a guitarra que faltava”.
No ano passado a banda participou da coletânea Não São Paulo, já pela Baratos Afins. Este ano voltam a carga com um mini-LP que traz desde músicas compostas no estúdio, como “Swing Basses Série 2: Eu Não Vivo Sem Meu Baixo” até as primeiras, “Atropelamento & Fuga” e “O Grito em Hora Redonda”, esta com a participação de João, dos Ratos de Porão. Alias, convidados é o que não falta ao disco: André Jung, do Ira!; Branco Mello, dos Titãs; Ciro Pessoa, do Cabine C; o percussionista Armando Tibério. Também não faltam efeitos: há gravações de rádios de ondas curtas, colagens de um disco sobre educação sexual e uma música com cinco compassos diferentes.
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