13 de julho de 2012

Sonhos


Até os 25 anos eu me lembrava de muitos sonhos e escrevia todos eles. Depois, os sonhos lembrados ficaram cada vez mais raros. Sonhos bons e ruins. Infelizmente perdi o caderno que tinha a maioria deles anotados, mas achei alguns em outros velhos cadernos.

Quando eu tinha oito anos meu avô paterno morreu. Eu morava em Brasília e ele em São Paulo. Me lembro de meu pai chorando na sala de casa. No dia seguinte foi pra SP no primeiro voo. Pouco tempo depois sonhei que vi meu avô no meu quarto a noite, quando eu estava dormindo. Era noite, eu estava deitado em minha cama e ele em pé no meio do quarto. Até hoje tenho dúvida se eu acordei e o vi lá ou se sonhei. Sei que foi legal. Também sonhei com meu pai pouco depois que ele morreu, mas aí é muito pessoal pra falar aqui.

Durante um período de um ou dois anos, quando eu tinha sete ou oito anos tive um sonho recorrente. Era, na verdade, um pesadelo que, com o tempo, fui sabendo lidar. Ele começou depois que fui a uma festa dada pelo meu vizinho, mas que minhas irmãs não queriam que eu fosse. Era apartamento, só abrir a porta, dar cinco passos e entrar na casa dele. Claro que fui à festa. Não bastasse eu ter ido, ainda quebrei um copo e passei vergonha.

Depois disso comecei a ter o pesadelo, que se passava em um labirinto de paredes brancas altas, que ficava no meio da sala onde aconteceu a festa. Dentro do labirinto tinham objetos relacionados com a festa ou não. Certamente tinha um copo de vidro grande, e lembro também de uma grande bola vermelha. Era tudo muito maior que eu. Nesse labirinto também estava Virgínia, amiga de infância que estava na festa ao meu lado quando quebrei o copo. Apesar de estar no labirinto, ela estava tranquila. Não estava lá por obrigação como eu. Essa era a minha sensação. Não lembro se eu conseguia sair do labirinto, mas acho que não.

Tive um sonho maravilhoso em 1990, depois da primeira (e incrível) noite que passei com uma namorada que era uma paixão de infância, platônica. Eu estava no alto de um penhasco, em um vale com muito verde e céu azul sem nuvens. Era um campo gramado e, firme do que estava fazendo, saí correndo em direção ao penhasco e pulei, caí reto pra baixo como em um salto de bungee jump, mas depois de alguns segundos fui pra cima e comecei voar desordenadamente como Peter Pan. O lance é que eu acordei com forte sensação de ter voado de fato, tão forte que ainda hoje, em 2012, quando me lembro desse sonho, me vem parte da sensação, e me sinto muito bem.

Aconteceu um mais recente, acredito que em 2010, talvez 2009. Sonhei com um primo que faleceu em 1997, de forma ruim e repentina. Eu estava em uma casa que ficava literalmente na areia da praia, bem em frente ao mar. A casa era minha, mas não sei se morava lá. Casa de madeira com varanda. Eu estava na varanda quando chegou um carro, mais precisamente uma Caravan abarrotada de coisas que até deixava a traseira do carro rebaixada: malas, sacolas, caixas. Estava chegando de uma longa viagem e estacionou ao lado de casa. Do carro saiu meu primo, com uma energia que transmitia paz. Ele estava calmo, de calça branca e camisa azul clara de gola, botões e manga longa dobrada até o cotovelo. Roupa bem passada, simples, mas muito bem cuidada. Nos cumprimentamos, nos abraçamos e ele me disse que estava tudo bem. Acho que o convidei para entrar e acabou aí. Curto mas suficiente para mexer comigo. Acordei me sentindo muito bem.
(PS: De 1976 a 1984 tivemos uma Caravan bege e com ela fazíamos a anual viagem Brasília-São Paulo-Brasília)
Aí vão os sonhos anotados que achei:


30 de agosto de 2000
Dormi 2h
Acordei 9h

Sonhei intensamente, a noite inteira. Mas é aquela coisa: quando acordei só me lembrava dos instantes finais.
Eu estava com uma galera na minha casa em Piracicaba, mas não sei quem era. Estávamos de saída, mas por algum motivo que não lembro, tive que voltar, enquanto todos já estavam na garagem. A casa estava com poucas luzes acesas e fui do hall de entrada até a sala de TV para ir até os quartos. Mas quando cheguei à sala de TV me deparei com uma bruxa em pé no meio da sala. Era um vulto, não via o rosto, mas sabia que era uma bruxa por causa das características, do chapéu. Nesse momento tomei um susto, pois não esperava encontrar ninguém no caminho. Ela começou a se aproximar de mim e eu indo pra trás, com medo. Era como se ela estivesse saindo de uma sombra, só que, antes de eu ver o rosto dela, fui acordado pela pessoa que estava comigo e que ficou assustava com meus gemidos.


25 de janeiro de 2001

De repente me vi com meu pai (ele morreu em 23-jan-1989) em um terreno gramado, com um casinha branca, cercado por um muro baixo de menos de um metro de altura.
Estávamos sentados na grama olhando o céu quando apareceram discos voadores triangulares que ficavam fazendo desenhos geométricos no céu. Logo depois saímos correndo porque um deles começou a nos atacar, e entramos para dentro da casa. Lá ficamos atrás da porta fazendo contrapeso para caso o ET quisesse entrar. O ET era enorme, gigante, e sua cara parecia com a de um leão. Ficamos desesperados, pois sabíamos que ele queria nos comer vivos.


02 de abril de 1993
Dormi 03h15
Acordei 13h

Nessa noite lembro de dois sonhos: o 1º lembro pouco. Tinha uma ladeira asfaltada, casinhas modestas (tipo interior). O 2º sonho era uma refeição (almoço ou jantar) e, das pessoas que estavam lembro, estavam na mesa meu pai, Alja (grande amigo e ex-baterista Rip Monsters), Fernanda (minha irmã), e talvez João (Johnny Monster).
Nos pratos comidas exóticas, tipo cérebro de macaco (cortado na vertical) e melão em forma de mamão papaia e com sementes de Kiwi com um molho preto meio transparente que não sei explicar. Depois da refeição haveria uma luta de boxe na TV e Alja queria assistir, mas ele queria mesmo era fumar, e durante o almoço ele ficava me lembrando disso através de códigos verbais, indiretas. Eu ficava sem jeito porque estava ao lado do meu pai. Eu ficava desesperado com o Alja querendo que ele parasse com as indiretas com medo de meu pai sacar e essa situação durou até eu acordar.


09-fev-1994 (sábado para domingo)

Rolava uma festa embaixo de um bloco em Brasília (lá os edifícios residenciais são chamados de blocos). Tinha muita gente.
Andando de ponta a ponta do bloco me deparei com a garota que estava comigo beijando outro cara na boca. Fiquei muito triste, mas me controlei.
Corta para eu dentro de um galpão sujo de luz baixa, com algumas coisas empilhadas. Do nada surgiu um homem-formiga de uns 2 metros de altura e nós começamos uma batalha de vida ou morte. Foi uma luta interminável e cinematográfica. No fim, não sei como, consegui vencê-lo. Não tenho certeza se ele morreu, mas o venci.
Depois da luta apareci em um restaurante de hotel luxuoso que pertencia a minha mãe. Eu andava por entre as mesas, mas não sabia para onde estava indo. Apenas pensava em minha mãe. Eu estava todo sujo, com as roupas rasgadas, mancando, e as pessoas nem davam bola. Mesmo assim me sentia um herói. Muitas pessoas estavam de branco, acho que inclusive eu.

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