Até os 25 anos eu me lembrava de muitos
sonhos e escrevia todos eles. Depois, os sonhos lembrados ficaram cada vez mais
raros. Sonhos bons e ruins. Infelizmente perdi o caderno que tinha a maioria
deles anotados, mas achei alguns em outros velhos cadernos.
Quando
eu tinha oito anos meu avô paterno morreu. Eu morava em Brasília e ele em São
Paulo. Me lembro de meu pai chorando na sala de casa. No dia seguinte foi pra
SP no primeiro voo. Pouco tempo depois sonhei que vi meu avô no meu quarto a
noite, quando eu estava dormindo. Era noite, eu estava deitado em minha cama e
ele em pé no meio do quarto. Até hoje tenho dúvida se eu acordei e o vi lá ou
se sonhei. Sei que foi legal. Também sonhei com meu pai pouco depois que ele
morreu, mas aí é muito pessoal pra falar aqui.
Durante
um período de um ou dois anos, quando eu tinha sete ou oito anos tive um sonho
recorrente. Era, na verdade, um pesadelo que, com o tempo, fui sabendo lidar.
Ele começou depois que fui a uma festa dada pelo meu vizinho, mas que minhas
irmãs não queriam que eu fosse. Era apartamento, só abrir a porta, dar cinco
passos e entrar na casa dele. Claro que fui à festa. Não bastasse eu ter ido,
ainda quebrei um copo e passei vergonha.
Depois
disso comecei a ter o pesadelo, que se passava em um labirinto de paredes
brancas altas, que ficava no meio da sala onde aconteceu a festa. Dentro do
labirinto tinham objetos relacionados com a festa ou não. Certamente tinha um
copo de vidro grande, e lembro também de uma grande bola vermelha. Era tudo
muito maior que eu. Nesse labirinto também estava Virgínia, amiga de infância
que estava na festa ao meu lado quando quebrei o copo. Apesar de estar no
labirinto, ela estava tranquila. Não estava lá por obrigação como eu. Essa era
a minha sensação. Não lembro se eu conseguia sair do labirinto, mas acho que
não.
Tive
um sonho maravilhoso em 1990, depois da primeira (e incrível) noite que passei
com uma namorada que era uma paixão de infância, platônica. Eu estava no alto
de um penhasco, em um vale com muito verde e céu azul sem nuvens. Era um campo
gramado e, firme do que estava fazendo, saí correndo em direção ao penhasco e
pulei, caí reto pra baixo como em um salto de bungee jump, mas depois de alguns
segundos fui pra cima e comecei voar desordenadamente como Peter Pan. O lance é
que eu acordei com forte sensação de ter voado de fato, tão forte que ainda
hoje, em 2012, quando me lembro desse sonho, me vem parte da sensação, e me sinto
muito bem.
Aconteceu
um mais recente, acredito que em 2010, talvez 2009. Sonhei com um primo que faleceu
em 1997, de forma ruim e repentina. Eu estava em uma casa que ficava
literalmente na areia da praia, bem em frente ao mar. A casa era minha, mas não
sei se morava lá. Casa de madeira com varanda. Eu estava na varanda quando
chegou um carro, mais precisamente uma Caravan abarrotada de coisas que até
deixava a traseira do carro rebaixada: malas, sacolas, caixas. Estava chegando
de uma longa viagem e estacionou ao lado de casa. Do carro saiu meu primo, com
uma energia que transmitia paz. Ele estava calmo, de calça branca e camisa azul
clara de gola, botões e manga longa dobrada até o cotovelo. Roupa bem passada,
simples, mas muito bem cuidada. Nos cumprimentamos, nos abraçamos e ele me
disse que estava tudo bem. Acho que o convidei para entrar e acabou aí. Curto
mas suficiente para mexer comigo. Acordei me sentindo muito bem.
(PS: De 1976 a 1984 tivemos uma Caravan bege e com ela fazíamos a anual viagem Brasília-São Paulo-Brasília)
Aí
vão os sonhos anotados que achei:
30 de agosto de 2000
Dormi
2h
Acordei
9h
Sonhei
intensamente, a noite inteira. Mas é aquela coisa: quando acordei só me
lembrava dos instantes finais.
Eu
estava com uma galera na minha casa em Piracicaba, mas não sei quem era.
Estávamos de saída, mas por algum motivo que não lembro, tive que voltar,
enquanto todos já estavam na garagem. A casa estava com poucas luzes acesas e
fui do hall de entrada até a sala de TV para ir até os quartos. Mas quando
cheguei à sala de TV me deparei com uma bruxa em pé no meio da sala. Era um
vulto, não via o rosto, mas sabia que era uma bruxa por causa das
características, do chapéu. Nesse momento tomei um susto, pois não esperava
encontrar ninguém no caminho. Ela começou a se aproximar de mim e eu indo pra
trás, com medo. Era como se ela estivesse saindo de uma sombra, só que, antes
de eu ver o rosto dela, fui acordado pela pessoa que estava comigo e que ficou
assustava com meus gemidos.
25 de janeiro de 2001
De
repente me vi com meu pai (ele morreu em 23-jan-1989) em um terreno gramado,
com um casinha branca, cercado por um muro baixo de menos de um metro de
altura.
Estávamos
sentados na grama olhando o céu quando apareceram discos voadores triangulares
que ficavam fazendo desenhos geométricos no céu. Logo depois saímos correndo
porque um deles começou a nos atacar, e entramos para dentro da casa. Lá
ficamos atrás da porta fazendo contrapeso para caso o ET quisesse entrar. O ET
era enorme, gigante, e sua cara parecia com a de um leão. Ficamos desesperados,
pois sabíamos que ele queria nos comer vivos.
02 de abril de 1993
Dormi
03h15
Acordei
13h
Nessa
noite lembro de dois sonhos: o 1º lembro pouco. Tinha uma ladeira asfaltada,
casinhas modestas (tipo interior). O 2º sonho era uma refeição (almoço ou
jantar) e, das pessoas que estavam lembro, estavam na mesa meu pai, Alja
(grande amigo e ex-baterista Rip Monsters), Fernanda (minha irmã), e talvez
João (Johnny Monster).
Nos
pratos comidas exóticas, tipo cérebro de macaco (cortado na vertical) e melão
em forma de mamão papaia e com sementes de Kiwi com um molho preto meio
transparente que não sei explicar. Depois da refeição haveria uma luta de boxe
na TV e Alja queria assistir, mas ele queria mesmo era fumar, e durante o
almoço ele ficava me lembrando disso através de códigos verbais, indiretas. Eu
ficava sem jeito porque estava ao lado do meu pai. Eu ficava desesperado com o
Alja querendo que ele parasse com as indiretas com medo de meu pai sacar e essa
situação durou até eu acordar.
09-fev-1994 (sábado para domingo)
Rolava
uma festa embaixo de um bloco em Brasília (lá os edifícios residenciais são
chamados de blocos). Tinha muita
gente.
Andando
de ponta a ponta do bloco me deparei com a garota que estava comigo beijando
outro cara na boca. Fiquei muito triste, mas me controlei.
Corta
para eu dentro de um galpão sujo de luz baixa, com algumas coisas empilhadas.
Do nada surgiu um homem-formiga de uns 2 metros de altura e nós começamos uma
batalha de vida ou morte. Foi uma luta interminável e cinematográfica. No fim,
não sei como, consegui vencê-lo. Não tenho certeza se ele morreu, mas o venci.
Depois
da luta apareci em um restaurante de hotel luxuoso que pertencia a minha mãe.
Eu andava por entre as mesas, mas não sabia para onde estava indo. Apenas
pensava em minha mãe. Eu estava todo sujo, com as roupas rasgadas, mancando, e
as pessoas nem davam bola. Mesmo assim me sentia um herói. Muitas pessoas
estavam de branco, acho que inclusive eu.
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