15 de março de 2012

Metal! Metal! Metal!

Minha paixão é o punk e pós-punk, como fica claro aqui no blog. Porém o metal faz parte da minha vida e é, também, muito importante na minha história. Nele sou mais seleto, não é de tudo que eu gosto. Escutei AC/DC, Van Halen e Iron Maiden na mesma época que conheci Ramones, Sex Pistols, Clash e Jam. Os três acordes, a tosqueira, os cabelos despenteados e as roupas rasgadas do punk me conquistaram mais que o couro preto, os solos de guitarra e os longos cabelos do metal. Sempre tive amigos headbangers. Em Brasília era normal punks e bangers estarem juntos, serem amigos.

O fabuloso e genial guitarrista Fejão (Escola de Escândalo e Dungeon) vivia de brincadeira com os punks carecas Jander (Plebe Rude) e Fred (Mantenha Distância). Eles costumavam brincar em disputas de comparação para saber quem tocava mais rápido, se era Dead Kennedys ou Metallica e Slayer. Dessa forma, na brincadera, além dessas duas bandas, conheci também Venom e outras bandas de metal que surgiram nesse período.

Em 1983, quando Kiss veio ao Brasil, acompanhei tudo de Brasília. Nessa época eu estudava com Biu, ex-guitarrista do Rumbora, e tínhamos outro amigo metal que era o Parente, depois guitarrista do Fallen Angel e Dungeon. Lembro de uma apresentação que tínhamos que fazer na aula de ciências e não sei qual o motivo, o professor nos deixou falar de outros assuntos. Biu fez uma apresentação sobre o Kiss e eu fiz uma sobre o Sex Pistols. Isso foi engraçado, até porque era colégio de padre...

Em 1982 minha irmã Fernanda fez intercâmbio fora do Brasil e quando voltou no final do ano trouxe uma penca de discos. Entre eles estava ‘For Those About To Rock’ e ‘Back in Black’ do AC/DC, e ‘Piece of Mind’ do Iron Maiden. Nessa mesma época em casa já tinha o ‘Van Halen 1’. Esses 4 discos foram automaticamente incorporados ao meu gosto e até hoje estão na minha lista de preferidos. Só que naquela época não era de bom grado misturar as coisas. Isso era traição da maior gravidade e, por conta disso, o gosto por esses 4 discos era segredo absoluto. Não me arrependo, mas, também por conta dessa imbecilidade, deixei de ir ao show do Van Halen em São Paulo. Tinha ingresso e não quis ir. Era a turnê do ‘Diver Down’, também um de meus preferidos. Do Motorhead não tem jeito, e eu gostava mesmo era de ver o clipe de “Ace of Spades” no Som Pop. É coisa de deixar qualquer um maluco.

Venom foi tocar em Brasília na turnê que fez aqui em 1986, mas não quis nem chegar perto. Disso eu já não gosto. O tal metal melódico eu também não gosto, tirando Iron. Não gosto, por exemplo, de Judas Priest. Prefiro um bom thrash metal.

Em 1986, também em Brasília, era comum ter shows de metal e punk misturados. Estava tudo entre amigos. Nessa época, em São Paulo, essa discussão estava no auge, inclusive o RDP começou a ser chamado de traidor por incorporar influência thrash no som, enfim...

Durante meus aos de MTV Brasil, fiz a direção do Fúria Metal, que era apresentado pelo Gastão (Mogs!). Tudo de bom! Conheci Ozzy, Angus, Alice Cooper, Kiss, Slayer, Black Sabbath, Dio, Saxon, Pantera (argh!), Iron... a lista é longa, vai longe. Tirando isso havia a cena local com Dorsal, Sepultura, Korzus (minha preferida), Angra, Overdose, Krisiun, Volkana, Viper, e vai...

Anos depois fui diretor do Stay Heavy por alguns meses, quando pude reviver um pouco dos bastidores do metal.

Aprendi muita coisa, inclusive com o pessoal fiel, que enviava carta e ligava. Não há, dentro do rock, fãs tão fieis e dedicados. Não há, no rock, gênero que mais ramificações têm. E outra: é o único estilo que não sucumbiu como moda, pelo contrário. Surgiu nos anos 1970 e até os anos 2000 se renovou. Hoje sim, vejo uma estagnação, mas isso depois de 40 anos!!! Não foi como o progressivo, o punk, a new wave, o grunge, o acid rock, o gótico, o electric rock e outros que evoluíram por, no máximo, 5 anos e mais nada... independente da importância de cada um desses gêneros.

Você pode ver a adoração nas bancas com tantas revistas, e na internet com os sites e blogs. Os headbangers gostam de todos os detalhes que envolvem um disco, como foi gravado, quem produziu, quais instrumentos foram usados. Tudo é importante. Nada escapa.

Pra muitos, o metal é um estilo de vida, e é muito legal ver o amor do banger por sua banda preferida. Admiro a dedicação do fã e dos artistas. É muito forte essa relação e é isso que faz a diferença. O respeito vem das duas partes. Vi muito de perto esse respeito que os grandes nomes do metal tem pelos fãs. É incrível. Eles realmente se importam com quem compra o disco, vai ao show, e procura saber de tudo da carreira. Artista de metal que esnoba o público não dura nada.

Passe quantos anos for, com modas indo e vindo, na chuva ou no sol, com todas as dificuldades imagináveis e inimagináveis, gostando ou não, o metal sempre estará de pé.








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