Lobão dias atrás publicou um vídeo onde fala de sua negativa em tocar no Lollapalooza e deu suas razões. Tem coisas que concordei, outras não. Fiquei pensando se, assim como agora há uma lei audiovisual que obriga canais de TV abrir espaço para produção independente brasileira, deveria também haver alguma lei sobre esses festivais de música, que posam de mocinhos, mas o que querem mesmo é sugar o máximo de dinheiro possível, nem que seja vendendo mentira. Fico pensando se não deveria ter uma obrigação de espaço para artistas brasileiros tocarem no dito horário nobre entre as atrações internacionais. Mas isso funcionaria? É certo? Tenho minhas dúvidas... Talvez ao menos obrigar a usar a mesma potência, sei lá.
Por outro lado, se gasta uma fortuna e se tem uma enorme dor de cabeça com os artistas gringos. Imagine o que é trazer um Guns N’Roses, quantas exigências se pede e o tamanho da equipe. Tem artista que inclusive impõe o horário. É barra! Festival é grana mesmo, uma logística doida, e quando você tem uma escalação de peso internacional, a mídia é mundial e se tem mais retorno. Aí penso que o cara trouxe o artista por milhões de dólares, teve uma trabalheira danada e, óbvio, por isso vai querer valorizá-lo e colocá-lo entre as principais atrações. Absolutamente normal. Mas da mesma forma é sacanagem tratar artista brasileiro com indiferença. Tem que haver um equilíbrio.
Agora o que não acho certo é Lobão querer convocar os artistas a desistirem de participar do festival. Aí já é delírio. Para os artistas pequenos isso é um sonho, sendo do jeito que for. Não dá para falar isso no alto de uma carreira bem sucedida, cheia de hits radiofônicos, agenda cheia, fama na mídia, com estabilidade financeira e profissional. Isso não pode. Não quer participar, não participe, mas podia ter feito o contrário, e não só ter dado força a quem for participar, mas dito o nome de ao menos alguns deles (com todo respeito ao que Lobão já fez pela cena independente).
Mas a questão aqui não é essa. Certo e errado, Lobão falou e foi legal. Mas depois de ver o vídeo comecei a pensar sobre a importância desses festivais internacionais para os artistas brasileiros pequenos e médios. Tirando o Rock in Rio 1, nenhum outro revelou ou deu força para nomes nacionais. Nem nas outras edições do próprio Rock in Rio, Hollywood Rock e agora o SWU. Até parece meio forçada a entrada desses artistas menores, porque são colocados em palcos menores, com som de menor potência, tempo curto de apresentação e tratados com desdém nos bastidores. Se eles não se importam, ok.
Não existe, ao menos não consigo lembrar, nessa curta história de festivais internacionais no Brasil, de algum nome que tenha despontado a partir deles. Só Paralamas no RiR de 1985. No RiR 2, em 1991, teve toda aquela história de espaço para novos artistas que seriam escolhidos através de eliminatórias, mas que no final o que pareceu foi um jogo de cartas marcadas. De qualquer forma pergunto: o que aconteceu com os artistas que ganharam o direito de tocar no RiR 2? Cri...cri....cri....
O Hollywood Rock nunca deu espaço para novos nomes. E mesmo em festivais como o Skol Rock, criado exatamente para achar novos talentos, com os vencedores nada aconteceu. Ninguém estourou depois de ter tocado nesses festivais. Quantos shows desses nacionais foram transmitidos na TV? Quantos desses artistas conseguiram ao menos um minuto de entrevista em um grande veículo de comunicação? Cri.....cri.....cri...
No line up nacional há nomes consagrados, médios e pequenos. Cada um tem que se virar para fazer o marketing desde já, e não pensar que só o fato de tocar já vai mudar a vida. Nada disso.
Tenho amigos que vão tocar no Lollapalooza e estão dando pulos de alegria, mas falei pra eles "capitalizar" em cima desse fato fazendo o máximo de shows nos meses que antecedem o festival. Quem sabe uma casa noturna não abraça a causa e faz um festival com alguns desses nomes. Uma espécie de esquenta. Quem sabe isso talvez não chame mais mídia que no dia do show no festival? E põe Lobão de headline!
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