Acho que era 1982 quando quis uma calça vermelha. Minha mãe ficou maluca e disse que não queria ver um filho vestido de palhaço na rua. Se não me engano queria a calça por causa de uma foto de Paul Simonon, ex-baixista do Clash. Não existiam calças vermelhas para vender. O que fiz foi tingir uma calça jeans normal com tinta vermelha.
Quando surgiu o movimento punk nos anos 1970, o mundo torceu o nariz. Dele nasceram o pós-punk e a new wave. O som mudou, mas a forma de se vestir não. O negócio era ser o mais louco possível. Usar muitas cores e sobreposições. Roupas rasgadas, buttons, alfinetes e todo tipo de apetrecho diferente. Chapéus de vários modelos, enfim.
Isso numa época em que bastava usar uma camiseta do Clash, Police ou AC/DC para já ser notado como diferente.
Mesmo já nos 1980 o punk continuou sendo mal visto por quem não gostava de cultura pop.
Lembro-me de um dia em 1985, Alex Podrão, grande amigo e vocalista do Detrito Federal, dizer: o símbolo da anarquia está se banalizando. De lá pra cá, tudo o que o punk inventou se banalizou, infelizmente.
No decorrer desses anos todos vimos duplas sertanejas usar calças jeans rasgadas, dançarinas do Tchan! usando piercing, pessoas pintando cabelo. Inclusive teve uma época em que você comprava uma calça e pedia para ser rasgada em lugares estratégicos. Isso até encarecia o produto. Veja só!
Pagodeiros passaram a também usar calças rasgadas e roupas coloridas. Buttons e acessórios nem se fale. Cheguei a ver Zezé Di Camargo com uma calça jeans toda rasgada e cheia de alfinetes.
Nos anos 1990, graças a maldição chamada Backstreet Boys, veio a moda da franjinha com gel e posta pra cima – coisa que até hoje usam e até hoje eu acho ridículo... hehe.
Logo depois “descobriram” que o cabelo poderia ser todo desarrumado, como era o cabelo de Johnny Rotten em 1977. Pegou e hoje o que mais se vê é motoboy com cabelo de Johnny Rotten. Não só motoboy, mas pagodeiro, sertanejo, clubber, mauricinho, jogador de futebol...
Agora a banalização chegou ao moicano. Você muda de canal e vê, na novela, no programa de auditório, na mesa redonda de futebol, noticiários... um monte de marmanjos usando moicano. Claro que de uma forma mais pop, mas não deixa de ser moicano. Wattie Buchan do Exploited hoje perde para Fábio, goleiro do Cruzeiro.
Ah! E tinha até poucos dias atrás uma propaganda de televisão que usava de trilha o refrão de “Should I Stay or Should I Go” do Clash. Até isso conseguiram banalizar.
A estética punk é infinitamente mais criativa que qualquer outra, e tudo isso mostra que até hoje, por mais que falem mal, o punk dita as regras. Seja na música ou no comportamento.
Viva o punk rock!
PS1: todas essas fotos hoje parecem normais, mas até o final dos 1980 esses visuais deixavam as pessoas horrorizadas.
PS2: a foto de estúdio do modelo posando é de um editorial de moda de 2008.
Quando surgiu o movimento punk nos anos 1970, o mundo torceu o nariz. Dele nasceram o pós-punk e a new wave. O som mudou, mas a forma de se vestir não. O negócio era ser o mais louco possível. Usar muitas cores e sobreposições. Roupas rasgadas, buttons, alfinetes e todo tipo de apetrecho diferente. Chapéus de vários modelos, enfim.
Isso numa época em que bastava usar uma camiseta do Clash, Police ou AC/DC para já ser notado como diferente.
Mesmo já nos 1980 o punk continuou sendo mal visto por quem não gostava de cultura pop.
Lembro-me de um dia em 1985, Alex Podrão, grande amigo e vocalista do Detrito Federal, dizer: o símbolo da anarquia está se banalizando. De lá pra cá, tudo o que o punk inventou se banalizou, infelizmente.
No decorrer desses anos todos vimos duplas sertanejas usar calças jeans rasgadas, dançarinas do Tchan! usando piercing, pessoas pintando cabelo. Inclusive teve uma época em que você comprava uma calça e pedia para ser rasgada em lugares estratégicos. Isso até encarecia o produto. Veja só!
Pagodeiros passaram a também usar calças rasgadas e roupas coloridas. Buttons e acessórios nem se fale. Cheguei a ver Zezé Di Camargo com uma calça jeans toda rasgada e cheia de alfinetes.
Nos anos 1990, graças a maldição chamada Backstreet Boys, veio a moda da franjinha com gel e posta pra cima – coisa que até hoje usam e até hoje eu acho ridículo... hehe.
Logo depois “descobriram” que o cabelo poderia ser todo desarrumado, como era o cabelo de Johnny Rotten em 1977. Pegou e hoje o que mais se vê é motoboy com cabelo de Johnny Rotten. Não só motoboy, mas pagodeiro, sertanejo, clubber, mauricinho, jogador de futebol...
Agora a banalização chegou ao moicano. Você muda de canal e vê, na novela, no programa de auditório, na mesa redonda de futebol, noticiários... um monte de marmanjos usando moicano. Claro que de uma forma mais pop, mas não deixa de ser moicano. Wattie Buchan do Exploited hoje perde para Fábio, goleiro do Cruzeiro.
Ah! E tinha até poucos dias atrás uma propaganda de televisão que usava de trilha o refrão de “Should I Stay or Should I Go” do Clash. Até isso conseguiram banalizar.
A estética punk é infinitamente mais criativa que qualquer outra, e tudo isso mostra que até hoje, por mais que falem mal, o punk dita as regras. Seja na música ou no comportamento.
Viva o punk rock!
PS1: todas essas fotos hoje parecem normais, mas até o final dos 1980 esses visuais deixavam as pessoas horrorizadas.
PS2: a foto de estúdio do modelo posando é de um editorial de moda de 2008.
Um comentário:
Só pra constar. Eu me lembro de um disco d'Os Abelhudos em que o moleque maior usava uma calça mais rasgada que a do Seabra, hehehehe.
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