1 de julho de 2015

Aos Motoristas, Motociclistas e Ciclistas


É festa na geral! A ciclovia da Av. Paulista, em São Paulo, foi inaugurada! Todo mundo feliz! Ciclistas tendo orgasmos! U-hu!

Mas pergunto: onde está o pedestre nessa história toda?

Não gosto de ciclistas, de motoristas e motociclistas. Tenho meus motivos e vou dizê-los. Você que é ciclista, e montes de amigos meus são, antes de ter raiva de mim, me jurar de morte e me chamar de ignorante, leia o que tenho a dizer, e prometa que depois não irá se esconder na velha máxima “não se pode generalizar”.

A começar do princípio, que são dois: 1) não tenho carro, moto e nem bicicleta; 2) todo mundo no mundo é pedestre (incluindo motoristas, motoqueiros e ciclistas).

Tudo farinha do mesmo saco: Ciclistas, motociclistas e motoristas. Todos são egoístas, se sentem deus dentro de seu universo-veículo, não respeitam leis de trânsito, não respeitam leis naturais (respeito é uma delas), andam em cima da calçada, atravessam o farol vermelho, não respeitam pedestres, desafiam carros/ônibus/caminhões, andam na contramão, entre outras idiotices. Só pensam em si. Todos exigem, exigem, exigem, mas não dão nada em troca.

O ciclista ainda consegue se fazer de coitado, e também é omisso quanto as leis. "Ah, eu não sou moto e não sou carro, não poluo, então estou acima das leis e do bem e do mal". Porém não é bem assim. Ciclista não é santo e ser ciclista não faz de você um anjo.

Eu que sou pedestre sei bem do que falo. Perdi as contas dos sustos que tomei andando na calçada, com bicicletas vindo de trás, do nada, e passando rentes ao corpo. Perdi as contas de ver quantas bicicletas atravessam faróis vermelhos, e sequer respeitam o tempo dos pedestres.

Que tal, antes de exigirmos ciclovias, exigirmos calçadas em condições normais, padronizadas e preparadas para o transito de nós pedestres cidadãos, normais ou especiais. Uma calçada descente significa inclusão social. Com as calçadas de São Paulo, impossível até mesmo de um jovem cheio de saúde circular. São buracos, concretos rachados, degraus e pisos irregulares, postes, árvores, calhas irregulares, entradas de garagens irregulares, desnivelamento, raízes de árvores... Os problemas vão longe.

Daí não se vê cadeirantes nas ruas, não se vê deficientes visuais, não se vê gente da terceira idade que precisa sair de casa para caminhar um pouco, tomar um sol, a caminhada da mãe com o filho no carrinho fica limitada, dificulta a já comprometida ida de senhoras e seus carrinhos na feira. Daí vejo motoqueiros exigindo seus direitos, ciclistas fazendo festa com as ciclovias inauguradas, carros querendo mais espaço... e o pedestre foda-se. Complicado.

Há comunidades que pedem há mais de 15 anos, a construção de passarelas para atravessar avenidas ou rodovias movimentadas. MAIS DE 15 ANOS E NADA!!!! E enquanto nada é feito, moradores dessas comunidades vão se tornando estatística de morte. Isso porque o cidadão só quer atravessar a rua com segurança.

Diz pra mim: o egoísmo e a maldade não imperam nesse planeta que há tempos está um verdadeiro cocô?!?

Em 2014 a média de mortes de pedestres por dia foi de 43. De janeiro a junho de 2014 foram 8 mil pedestres mortos.

Olha esses dados que tirei do site Instituto Avante Brasil
“Das 5394 mortes no trânsito registradas em todo o Estado de São Paulo, em 2011, 39% eram referentes a pedestres, 32% eram motociclistas, 23% passageiros de veículos automobilísticos e 6% ciclistas (286 mortes).”

Das listas de categoria no transito, a que mais sofre com acidentes e mortes é a do pedestre.

Olha isso: entre 2006 e 2011 foram 242.167 mortes de pedestres (mesmo com a queda nos números anuais). Automóvel foram 147.740 mortes, moto 113.880 e ciclista 25.430.

Diante desses números pergunto: quem de fato merece atenção no espaço urbano?

Mesmo sendo de resposta óbvia, faço a pergunta: qual é o meio de locomoção mais antigo?

Sim, nós pedestres também erramos, há quem se distraia com o smartphone atravessando a rua ou desafia carros e motos em alta velocidade em avenidas ou rodovias tentando atravessar de forma displicente.

Nós pedestres somos os mais fracos, os mais lentos, os mais acuados e desrespeitados. É o forte covardemente batendo no mais fraco.

Que tal se parte desse espaço destinado às ciclovias e vias para automotores fosse transformado em calçadas padronizadas para pessoas especiais?

Que tal se fizermos manifestações pedindo calçadas padronizadas?! Dê uma olhada nas fotos que ilustram essa postagem...

E se ciclistas e motociclistas se mobilizassem para pedir espaço justo para o pedestre? Que tal o slogan “Por menos obstáculos e buracos!” (por obstáculos leia-se também motos e bicicletas estacionadas nas calçadas).

O pedestre precisa pensar e olhar por todos. Motoristas, motociclistas e ciclistas pensam em si.

Na inauguração da ciclovia da Av. Paulista uma conhecida ciclista disse “quanto sangue teve que ser derramado nessa avenida pra essa conquista, meu? Muita emoção!” Eu pergunto: E quanto sangue de pedestres continuará sendo derramado por falta de respeito?

Eu ando a pé todos os dias. Ando de ônibus, de trem, de metrô. Vejo desrespeito com o pedestre todos os dias. O pedestre é ignorado, é chutado e literalmente espremido por todos esses veículos privados.

A minha sugestão é: tirar uma faixa de automóvel de todas as vias em que há, no mínimo, faixa dupla para mesma mão. Vamos diminuir o espaço para os automotores. Outra sugestão óbvia é a liberação de estacionamentos verticais, seguida da proibição absoluta de se estacionar carros, motos e até mesmo bicicletas na rua.

Claro, todo esse espaço ganho será 100% destinado aos pedestres. Danem-se os carros, as motos e as bicicletas. Já que todos os egoístas agora têm seu espaço, chegou a vez do pedestre pensar em si hahaha.

 Tirem os carros das ruas e eduquem os motociclistas e ciclistas!!!

E motorista de caminhão, motorista de carro, motorista de jamanta, motorista de trator, motoqueiro, piloto de avião, pescador, ciclista, e qualquer um que possa ter qualquer outro tipo de veículo, não se esqueça jamais: somos todos pedestres.

OBS: Nessa última foto, o trânsito do dia a dia da Av. 23 de Maio. São 10 faixas ao todo. Ou seja, aproximadamente 40 metros de largura de espaço público destinados aos veículos automotores. Observe no pedaço de calçada ao lado esquerdo da foto: árvores plantadas no meio.

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