Por que será que não existe essa urgência em relação ao rock brasileiro? Muito doido isso!
Som Três, Revista Roll, Revista Bizz, MTV Brasil , 89 FM e Revista 89, Brasil 2000, Rock Press, Kiss FM e mais um monte de mídias segmentadas nunca fizeram nada em relação aos fatos marcantes do rock brasileiro, mas quando chega a hora de comemorar algo que foi elaborado por ingleses e americanos (o Live Aid) e que, em algum momento desse evento alguém comentou muito por cima que aquele dia 13 de julho poderia ser o dia mundial do rock, essa mídia nacional baba e não vê a hora de publicar algo a respeito.
Essa mídia – que me recuso a dizer “especializada” – nunca fala, mostra ou escreve nada sobre os primeiros anos do rock brasileiro, as primeiras décadas, os discos lançados, os primeiros nomes importantes (Bob Bolão, Betinho, Ronnie Cord etc.), as primeiras gravações, as cenas dos anos 1950, 1960, 1970, os principais lançamentos dessas cenas, os principais nomes.
Mas sabe o motivo disso? Eu sei: ninguém tem a mínima noção dos acontecimentos do rock brasileiro. Por isso que me recuso a escrever “imprensa especializada”, exatamente porque ela não sabe nada. Sabe apenas o básico, sabe apenas o que está na mão. Por isso que só comemora efemérides clichês como o nascimento e morte de Raul Seixas, Renato Russo, Chico Science, Chorão...
Isso acontece, também, com os próprios artistas que não tem ideia de nada. Eles só sabem o valor do cachê deles e dos discos que lançaram na carreira, mas sem saber o dia e sequer o mês de lançamento.
É um desprezo gigantesco pela nossa história. Quem faz rock – seja artistas, mídia ou gravadoras – não sabe sequer de 1/5 da história. Nem sabem a data que se comemora o início do rock brasileiro e nem o motivo de existir essa data.
Por volta de 2003 ou 2004, eu cheguei a ser contratado por um empresário para fazer a curadoria de um grande festival que iria acontecer em 2005 exatamente para comemorar os 50 anos de rock brasileiro e que só teria artistas nacionais. O festival iria ter o porte do Rock in Rio e o empresário me procurou por leu uma reportagem sobre o rock brasileiro que eu havia feito para uma dessas revistas que se achavam especializadas e que nela eu falava sobre a importância do dia 24 de outubro de 1955.
Até hoje, ele foi a única pessoa que vi ter essa visão. Ele investiu mesmo! Me pagou um bom cachê, fez reuniões com empresários de artistas, fez brindes para os possíveis parceiros comerciais para levá-los nas reuniões e investiu firme na ideia até, infelizmente, perceber que ninguém estava nem aí com a ideia dele.
Seria um festival 100% nacional e que foi completamente menosprezado por quem poderia ter ajudado a concretizar essa ótima ideia. Tinha até local, planta baixa, desenho e maquete do palco (seria um só) e todos os detalhes necessários. Só faltava o apoio das gravadoras (que ajudariam no contato com os artistas) e do apoio financeiro.
O rock brasileiro já passou pelos seus 10, 20, 30, 40, 50 e 60 anos e nunca ninguém comemorou nada em relação a essas datas. Sequer um showzinho na esquina.
Aqui no Brasil se comemora efemérides relacionadas a Beatles, Stones, U2, Nirvana ou qualquer outro artista gringo, mas não se comemora nada a respeito de Celly Campello, Renato e Seus Blue Caps, Módulo 1000, Ave Sangria, Gang 90 & Absurdettes, Paralamas...
Lancei O Calendário do Rock Brasileiro em março deste ano exatamente por causa dessa data redonda. Trata-se do único livro que traz praticamente toda a história desses 70 anos e o livro, até agora, foi menosprezado não só pelos artistas, mas por essa mídia preguiçosa, perdida e sem conhecimento que temos.
Trata-se do primeiro e único livro desse gênero na literatura brasileira e quem deveria tê-lo, não quer saber dele. Agora, ir na minha conta do Instagram roubar as informações que eu publicava em relação as datas, todo mundo ia. Porém, publicavam sem os devidos créditos – inclusive artistas que são meus amigos. Foi por esse motivo que parei de publicar datas.
Muito estranho esse desprezo pela nossa história. Por outro lado, esse desprezo é natural, já que desprezamos tudo o que tem relação com nossa história, independente da área.
Em 2025 comemoramos 70 anos de rock brasileiro em 24 de outubro e até agora, nenhuma dessas mídias segmentadas falou sobre isso e, pelo jeito, nem vai falar.
Brasileiro é um povo preguiçoso e acomodado.
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Tenho apenas mais 10 exemplares da pequena tiragem que fiz do O Calendário do Rock Brasileiro. Quem tiver interesse em adquiri-lo, deve enviar e-mail para:
calendariodorockbr@gmail.com
O valor é R$100,00 + R$15,00 (envio)
Faço pacote com O Calendário do Rock Brasileiro + O Diário da Turma 1976-1986 que sai por:
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