Volta e meia leio textos se referindo ao programa de TV Big
Brother Brasil. O mais recente dos textos foi do fabuloso Luis Fernando
Veríssimo. Assim como o que ele escreveu, também discordo de coisas iguais
escritas por outras pessoas. Amigo / amiga, deixe o BBB em paz. É programa de
tv, e pra começar ninguém é obrigado a sequer ter tv em casa, quanto mais estar
na frente dela todos os dias as 22h assistindo a Globo e justamente a um
programa que não gosta. É querer muito ser chato, não?
O Big Brother não é pra formar caráter, é apenas
entretenimento, diversão. Quem falou que nele haveria cultura, educação,
filosofia e moral? Pelamordedeus!!!! O que faz alguém pensar isso!?!?! Se
espera isso então está no canal errado, no programa errado!
Não dá pra entrar no McDonalds, exigir o melhor da culinária
francesa, e ainda reclamar alto por não ter essa opção. Aí já é passar
vergonha, não?
Quando Pedro Bial ou outro repórter do programa se referem
aos participantes como heróis que têm um caminho árduo pela frente, eles querem
dizer dentro daquele contexto, dentro do jogo/programa Big Brother. Ninguém
se refere a heróis da vida, ou caminho árduo ao longo da vida. São heróis para o programa, e só para o programa; caminho árduo dentro do
programa porque não é nada fácil ficar confinado em uma casa, sem privacidade,
com pessoas que nunca viu, passando certas privações, etc. É o contexto do programa, é a brincadeira, oras!
Essa é a 15ª edição do BBB e desde a 1ª, realizada em 2001, todo
mundo soube de cara o que viria. Inclusive, antes dela, Silvio Santos fez a
incrível Casa dos Artistas. Então já é mais do que sabido, até por quem nunca
viu o programa, que o lance ali é pegar a baixaria, a briga, a pegação, a
bebedeira. Sem isso não existe programa. Produzir um Big Brother sem esses
elementos é como fazer churrasco sem carne. E mesmo assim o programa sofre certa
censura da própria emissora.
Isso é televisão e a brincadeira é essa: jogar 15 pessoas em
uma casa com dois quartos, um banheiro e esperar que disso saia confusão. E se
estiver tudo muito tedioso, a produção inventa algo para mexer com os brios.
Olhar tudo, inclusive safadeza, se tiver...
Agora, pô, na boa, como já disse, ninguém precisa assistir a
isso. Eu assistia O Homem do Sapato Branco, as pornochanchadas da Sala Especial, a vida real com Goulart de Andrade, e tudo de podre que tinha na época. Também comprei Status, Ele Ela, Playboy sem ter idade
pra isso, e até mesmo as foto novelas pornográficas! E estou aqui vivo, cidadão
comum, normal, pagador de imposto, pai, leitor contumaz, trabalhador, etc.
Se o mundo está uma bosta e o Brasil no fundo do poço, a
culpa não é do Big Brother. Se nesses bailes funk a menina tem que levantar a
saia pra provar que está sem calcinha, porque assim é permitida a entrada, a
culpa não é do Big Brother e nem da novela.
Antes disso tudo tem a educação, e para aplicá-la o ideal
seria uma ação conjunta entre família e Governo, para assim tornar o Brasil um
país de primeiro mundo. Mas se o Governo é corrupto e não dá educação nem para
os pais, como é que a família e o Governo vão ajudar a nova geração? A culpa
disso tudo definitivamente não é do Big Brother.
Como já disse aqui milhões de vezes, sou usuário do
transporte coletivo com orgulho, mesmo que ainda seja um lixo, e me deparo todos os
dias com os heróis da vida, esses que mesmo pra quem não assiste e odeia o Big
Brother são esquecidos. São pessoas especiais humildes que moram longe, que sofrem
tudo o que um humilde com saúde sofre no dia a dia, só que com o agravante
de ser especial, de andar em cadeira de rodas, não ter visão, pernas
atrofiadas, braços amputados. Mas também tem as mães que saem muito
cedo, ainda amanhecendo, junto com três filhos, para ir ao hospital mais próximo,
que fica a 18 quilômetros do seu barraco, para TENTAR marcar uma consulta que
será agendada só para daqui 8 meses. Ela que mal tem dinheiro para o transporte
público, ida e volta, como então vai alimentar os filhos fora de casa?
Ah, e tem também as vítimas de doenças graves, que sofrem
privações por praticamente morarem em hospitais, sejam elas crianças, jovens,
adultos ou idosos. Não podem ver o sol, dar uma volta na praça ou ir à padaria
comprar um sorvete. E quem se lembra dessas pessoas?
Esses são alguns poucos exemplos de heróis da vida, mas que nada tem a ver com os heróis do programa de televisão Big Brother. Será que quem reclama de coisas pequenas como Big Brother
faz algo para ajudar esses heróis da vida, para ao menos
aliviar um pouquinho o árduo caminho deles?
E pode botar na conta da internet a culpa pela banalização
do sexo e de outras tantas coisas! É ali que tudo cai praticamente no colo. Hoje, a televisão
não é mais a vilã para o mau comportamento do jovem ou das pessoas de uma forma geral. A internet
é tão pior que televisão, que nem dá pra comparar!
O que você quer? Zoofilia? Escatologia? Aprender a fazer uma
arma caseira? Saber como se suicidar de forma eficaz? Como matar sem deixar
rastros? Como humilhar seu colega de classe? Pinto grande? Xoxota loira? Na internet você tem tudo isso. E é
exatamente por ter tudo isso e muito mais, que todas as coisas da vida se banalizaram. Todas!
Inclusive, e principalmente, o sexo. A própria tecnologia está banalizada.
Mas o que não entendo é que o as pessoas que fazem esse tipo
de reclamação gostariam de ver no Big Brother? Discussão filosófica? Conversas
sobre como o Brasil poderia se tornar um país melhor? Ou talvez quem sabe ver
uma aula de português ao vivo no programa (tem algum professor no elenco
atual?).
Pô, a televisão (aberta e por assinatura) está cheia de bons
programas que discutem a política nacional e internacional, com entrevistas e
debates edificantes, fala-se de comportamento, futuro da humanidade, saúde,
ecologia e mais um monte de coisas legais. Porra, porque então pegar no pé do
Big Brother??? Por que não reclamar do Sexy Night (???) do Multishow?
E outra coisa: como profissional da área e com experiência em direção de reality shows, digo que programas como o BBB, A Fazenda, O Aprendiz,
etc, geram dezenas de empregos diretos e indiretos, seja na emissora, na
produtora ou das marcas patrocinadoras envolvidas. Há muita gente humilde que garante trabalho durante ao menos uns 5 meses. Além dos empregados em regime CLT há muitos profissionais autônomos, freelas, que garantem trabalho que pode durar de 4 a 6 meses, dependendo do tipo de reality.
A produção é imensa, a logística é complicada. São centenas de pessoas envolvidas. São equipes
trabalhando 24 horas por dia, tanto na captação, quanto na pós produção. Transporte,
alimentação, limpeza, produção, pós produção, manutenção de equipamento. A tia
do café recebe carta branca para contratar uma assistente, que futuramente pode ser registrada. Tudo isso é muito positivo, porque a pessoa que mora na favela
consegue trabalho e a pessoa de classe média ou até mesmo alta, também
consegue. E hoje em dia, emprego em televisão está ultra mega master blaster difícil. 2014 foi um péssimo ano para os profissionais da área, e todos estão atualmente torcendo por uma melhora em 2015.
Programas complexos assim também geram grande movimento no
mercado publicitário, com produtoras fazendo filmes publicitários direcionados ao programa,
promoções são realizadas, marketing, merchandising, e tudo isso também gera movimento
financeiro, empregos diretos e indiretos. Por exemplo, é formada uma equipe
especial só para cuidar das festas ou merchandising que acontecem nos reality shows e, se
for o caso, essa equipe pode ser 100% free lancer. E dependendo do caso pode até ter duas equipes. Só essas equipes podem gerar, apenas diretamente, no mínimo 20 empregos temporários.
Ao assistir a qualquer programa de TV, seja qual for, você
está gerando renda para a emissora. Se a Globo ganha milhões, ok. Se eu faço um
brigadeiro gostoso, posso oferecer pra quem quiser, e se fizer sucesso, também
poderei ganhar milhões. Se a pessoa quer participar do jogo votando e está disposta a dar 30 centavos do seu bolso, ninguém tem nada com isso. Carai! O dinheiro não é da pessoa??? Ela
não quer dar para a Globo para participar do programa/jogo? Então que diabos alguém tem a ver com isso??? Caceta! Onde fica a liberdade? Isso sim é ser Big Brother!!!
E tem outra: Pra quem não se ligou ainda, não é a Globo quem deve construir escolas ou casas
populares, e sim o Governo!!!
Que fique claro que não estou aqui defendendo a Globo. Só estou mostrando o outro lado. Mostrando que existe muita gente
chata que fala sem pensar ou sem conhecimento, que não consegue ter uma visão ampla da
coisa. O que escrevo aqui serve para qualquer outro programa de televisão, não
só para o BBB. Você tem o direito de odiar o BBB, e você tem o direito de assistir o BBB. Você é livre!
Até parei pra pensar se postaria esse texto. Mas aí veio o princípio básico do Sete Doses: falar de cultura pop de uma forma divertida. Televisão e BBB tem tudo a ver com cultura pop!
Da minha parte, faço tudo para o mundo ser um lugar melhor,
independente de ter Big Brother na Globo ou não, porque pra mim tanto faz.
Pelamor, isso é só um programa de TV. Diversão. Entretenimento. Chiclete. Banana Split. Pode sim assistir ao reality, mas sem esperar nada além de besteirol sem compromisso, ok? Caso contrário vá ao cinema, visite os amigos, leia um livro, converse com a família, faça um esporte (incluindo
sexo), escute música, arrume o armário, assista a outro canal ou escreva sobre cultura, educação e filosofia.
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